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A segunda edição da Semana Nacional Pela Cidadania 2005 realizou-se entre os dias 8 e 14 de agosto, período em que as atenções dos brasileiros estavam voltadas para Brasília. Em meio aos escândalos revelados e difundidos diariamente por todos os meios de comunicação, uma parcela significativa dos cidadãos brasileiros organizou e participou, junto com o Movimento Nacional Pela Cidadania e Solidariedade, de eventos em todo o país para discutir e mostrar os resultados alcançados em relação às metas do milênio. Num momento em que as nossas instituições representativas passam por séria crise de credibilidade, a sociedade mobilizada mostra que tem formas democráticas de resolver nossas carências, resumidas nos oito ODMs: acabar com a fome e a miséria; educação básica de qualidade para todos; igualdade entre sexos e valorização da mulher; reduzir a mortalidade infantil; melhorar a saúde das gestantes; combater a aids, a malária e outras doenças; qualidade de vida e respeito ao meio ambiente; e todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento. A Semana Nacional 2005 apresentou pelo menos dois marcos relevantes. O primeiro deles foi o lançamento, pelo presidente Lula e pelo Movimento Nacional Pela Cidadania e Solidariedade, durante a solenidade de abertura da Semana, em Belo Horizonte (MG), do Prêmio ODM Brasil. Ele será entregue em Brasília, em 15 de dezembro, às melhores ações voltadas aos ODMs nas categorias Governos Municipais, Organizações (incluindo empresas) e Destaque (individual ou coletivo). O segundo fato a sublinhar foi o aprofundamento do debate. Nos eventos que integraram a Semana Nacional, foi possível discutir temas que vão além dos "8 jeitos de mudar o mundo" (slogan da campanha de 2004 que se manteve neste ano). Os participantes entraram nos detalhes das 18 metas em que se desdobram os ODMs no Brasil. Podemos, com isso, afirmar que a crise política pela qual passamos não enfraqueceu as mobilizações sociais por um Brasil mais justo. O vigor dessas mobilizações e das iniciativas empresariais, voltadas para o cumprimento dos ODMs, tornou-se o Brasil referência internacional, tanto para a ONU como para o movimento de responsabilidade corporativa.

A campanha brasileira "8 jeitos de mudar o mundo", criada em 2004 voluntariamente pela agência McCann Brasil, foi reconhecida pelo Pnud – Programa das Nações Unidas pelo Desenvol-vimento como uma das cinco mais bem-sucedidas do mundo na divulgação dos ODMs. Os oito ícones que representam cada um dos objetivos já foram adotados em vários países, como Albânia e Itália, no site da juventude da ONU e em ONGs internacionais. No que diz respeito às empresas, o engajamento tem sido maciço e um dos motivos é que o Instituto Ethos, a partir de 2004, fez uma correlação entre os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social e as metas do milênio, estabelecendo, assim, marcos estratégicos, compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade. Isto tem sido possível porque as empresas são poderosos agentes de transformação social e, na sua busca por eficiência e sucesso nos negócios, são capazes de influenciar políticas públicas, atuando em conjunto com a sociedade civil e o Estado.

O 10th International Business Fórum 2005, que vai se realizar de 11 a 13 de setembro em Nova Iorque, será um importante momento para nossas empresas verificarem a efetividade de suas ações no tocante à responsabilidade social e às metas do milênio. Esse encontro vai reunir líderes empresariais de todo o mundo para troca de experiências e terá foco nas boas práticas e ferramentas para as empresas contribuírem com o alcance dos objetivos do Milênio. Pela primeira vez, uma entidade brasileira – o Instituto Ethos – é convidada a co-organizar, junto com o governo alemão e o Banco Mundial, um evento internacional deste porte, e esse fato, por si só, demonstra a relevância que o movimento de RSE no país adquiriu no cenário internacional. Não é hora de recuar, mas de afirmar nossa cidadania, unindo esforços para fazer germinar uma sociedade livre da corrupção, mais justa e sustentável.

Oded Grajew é presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, presidente do Comitê Brasileiro do Pacto Global; idealizador do Fórum SocialMundial; idealizador e ex-presidente da Fundação Abrinq (período 1990–1998); membro do Conselho de Desenvolvimento Social e Econômico; ex-assessor do Presidente da República.

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