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 | Felipe Lima
| Foto: Felipe Lima

O fenômeno da comunicação social é tema de muitas discussões no ambiente acadêmico. “Emissor”, “receptor”, “meio”, “mensagem” são termos que tentam descrever a atividade da imprensa, em quaisquer de suas modalidades – escrita, televisiva, radiofônica –, mas frequentemente acabam enxergando a árvore e ignorando a floresta. Uma outra maneira de entender a comunicação é recorrendo à semântica: “comunicar” é “colocar em comum”, algo que fazemos desde os primórdios da humanidade e que, com o advento da imprensa e, mais recentemente, das mídias sociais, ganhou dimensões que o homem de séculos atrás jamais imaginaria.

A comunicação permite ao homem romper a barreira do individualismo. Graças a ela, encontramos aqueles que têm as mesmas preocupações e os mesmos interesses; conhecemos pontos de vista contrários aos nossos e nos enriquecemos com o debate de ideias; compartilhamos o que o engenho humano é capaz de criar nos âmbitos mais diversos; fomentamos a solidariedade diante de situações que exigem nossa ação em benefício dos mais desfavorecidos. Não é à toa que “comunicação” e “comunidade” têm a mesma raiz: a comunicação fortalece laços, em um círculo virtuoso: uma sociedade em que seus membros estão dispostos a sair de si mesmos terá ainda mais a colocar em comum. Quando aquelas pessoas guiadas pelo afã da excelência se encontram e se comunicam, têm seus ideais reforçados e ganham impulso para trabalhar pelo bem comum.

A comunicação permite ao homem romper a barreira do individualismo

Todo esse potencial da comunicação humana é amplificado pela atividade dos veículos de comunicação social e pelas mídias sociais. Mas, diante da miríade de fatos, opiniões e histórias à disposição, coloca-se a pergunta: o que devemos comunicar? Antes de responder a essa pergunta, é preciso, em primeiro lugar, definir o que desejamos: satisfazer os interesses imediatos do leitor/ouvinte/telespectador, ou contribuir para o fortalecimento da sociedade? As duas alternativas não são mutuamente excludentes, mas o peso que se dá a cada uma dessas finalidades ajuda a entender as escolhas que um veículo de comunicação generalista precisa fazer a cada momento.

No nível pessoal, pensemos na alegria de alguém que comunica uma boa notícia – o nascimento de um filho, a aprovação em um processo seletivo – e nos efeitos que ela provoca nas pessoas próximas; ou imaginemos uma má notícia, que pode se espalhar de maneira construtiva, por exemplo estimulando a compaixão ou a solidariedade, ou de forma destrutiva, como no caso da fofoca. Nós estamos convencidos de que fortalecer laços tem de ser a prioridade da comunicação social. Para isso, é preciso comunicar o que é mais nobre, o que nos une. E isso se faz de diversas maneiras.

Os veículos de comunicação têm um papel fundamental na construção de uma sociedade livre, democrática e saudável. Na grande maioria das vezes, não seremos nós os protagonistas – não serão os jornais a resolver as mazelas sociais, a colocar os bandidos na cadeia, a aprovar e assinar as leis que criarão o clima de liberdade para que as pessoas possam realizar seu potencial –; somos um ator a mais, que tem um papel relevante quando acorda uma sociedade anestesiada e sugere caminhos, mas trilhá-los continua a ser uma opção de cada um. Por isso, antes de tudo, as empresas de comunicação têm a responsabilidade de difundir uma visão humanística renovada, baseada em verdades às vezes esquecidas, como a dignidade da pessoa humana, para que aqueles que consomem a informação possam fazer melhores escolhas.

Os veículos de comunicação têm um papel fundamental na construção de uma sociedade livre, democrática e saudável

Os veículos de comunicação também devem assumir a tarefa de mapear as necessidades da sociedade – especialmente em temas como família, comportamento, educação, saúde e emprego, aqueles que mais afetam a vida das pessoas – e informá-la sobre as soluções possíveis, quando existem. Em alguns casos, essas necessidades serão tratadas no âmbito institucional, especialmente nos poderes Executivo e Legislativo, e também cabe à imprensa acompanhar de perto as decisões políticas que tenham impacto sobre a população. Esse acompanhamento é uma das vertentes de outra tarefa fundamental dos veículos de comunicação: a fiscalização do poder público.

Como dissemos, nada disso inviabiliza o jornalismo de serviços e utilidade pública, nem a divulgação de histórias pessoais dos mais diversos tipos – as divertidas, as tristes, as inspiradoras. Muito pelo contrário: esse tipo de informação serve perfeitamente ao propósito de comunicar aquilo de mais nobre de que o ser humano é capaz, seja nos atos do personagem de uma matéria, seja na reação provocada pela divulgação de uma situação de dificuldade. Essa visão otimista – mas não ingênua – da realidade e do homem, guiada pelo bem comum e pela paixão pela verdade, é a comunicação que desejamos.

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