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 | Felipe Lima
| Foto: Felipe Lima

O ser humano tem uma dignidade intrínseca. Cada pessoa é merecedora de um grande respeito apenas pelo fato de ser humana; mas em quantos lugares essa verdade é efetivamente colocada em prática? Não muitos, a julgar pela observação cotidiana. Mas existe, sim, um ambiente em que cada um é querido pelo que ele é, independentemente de sua utilidade ou de seus atributos. Esse ambiente é a família.

O homem é um ser em formação; não vem pronto. E, ao mesmo tempo, é um ser social. Seu desenvolvimento exige a contribuição dos demais, e a principal estrutura básica de apoio é a unidade familiar, na qual cada um encontra o espaço adequado para seu aprimoramento. Se acreditamos que a finalidade do ser humano é a excelência na prática da virtude, a família é o primeiro ambiente em que as crianças terão a possibilidade de aprender as qualidades necessárias para uma vida ética. A família é o locus ideal para o exercício da generosidade: os adultos a colocarão em prática por meio da entrega mútua exigida pelo casamento e pelo desprendimento exigido com a chegada dos filhos; as crianças poderão se espelhar nos pais, dar sua colaboração para que o lar seja sempre um ambiente saudável e, se tiverem irmãos, aprenderão desde a mais tenra idade a importância de dividir o que têm. Por meio dessa dedicação integral, o ser humano desenvolve a si mesmo e aos que convivem com ele. Este é um empurrão poderoso na direção da construção de pessoas completas.

A família é o primeiro ambiente em que as crianças terão a possibilidade de aprender as qualidades necessárias para uma vida ética

Compreendendo as dimensões da dignidade humana e do chamado à excelência, pode-se entender o papel primordial da família. Ela é o ambiente mais propício ao desenvolvimento pessoal de seus membros com vistas à construção do bem comum, e justamente por isso ela precisa contar com a proteção ativa da sociedade e do Estado. Isso significa reconhecer o dom que as famílias oferecem quando estão abertas à vida e, por meio dos filhos que geram, buscam dar à sociedade novos membros conscientes do valor de cada ser humano e da necessidade de uma vida virtuosa para atingir a realização pessoal e a felicidade própria e dos demais. Infelizmente, difundiu-se uma mentalidade antinatalista que vê os filhos principalmente como fonte de gasto financeiro e de desgaste físico e emocional. É preciso resgatar urgentemente a convicção de que os filhos são valiosos pelo que são.

O poder da família é tão grande que as mazelas que a afligem têm um impacto enorme e profundo. Pensemos, por exemplo, na violência doméstica, no abandono dos filhos, nas infidelidades. Se esse tipo de atitude já fere quando cometida entre pessoas que nem se conhecem, ou entre amigos, ela é ainda mais grave quando dirigida à pessoa escolhida para se construir uma vida toda em comum, ou àqueles a quem se deu o dom da vida, que são sangue do seu sangue. Os laços que se constroem numa família não são laços quaisquer. As agressões à família e as cometidas dentro dela são males que precisam ser combatidos sem descanso.

Famílias fortes levam a sociedades fortes

Além disso, é perfeitamente razoável que a sociedade se ocupe da tarefa de proteger a família e sua prole com iniciativas que facilitem a convivência entre pais e filhos, no âmbito comunitário e também institucional – é louvável uma legislação que reconheça a importância da família como célula básica da sociedade e dê condições para que pais e mães possam estar sempre presentes ao longo da vida dos filhos, como licenças e regras trabalhistas que permitam uma flexibilização de horários acertada entre patrão e empregado, de acordo com situações particulares.

Uma sociedade que aposta na família, que se esforça para evitar a desagregação e a fragilização dos lares, que valoriza os filhos como uma verdadeira riqueza e que, na medida do possível, se inspira nessas características positivas da família ao formular suas políticas públicas tem tudo para ser uma sociedade saudável. Famílias fortes levam a sociedades fortes.

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