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O movimento "Tratoraço – O Alerta do Campo", realizado no mês passado em Brasília e que reuniu mais de 20 mil produtores rurais na capital do país, recebeu o apoio de grande parte da sociedade brasileira, mas também provocou a indignação de setores menos esclarecidos a respeito da classe agropecuária.

Sabemos que o setor agropecuário tem conseguido importantes resultados para a economia nacional, como por exemplo, a geração no ano passado de mais de 400 mil postos de trabalho com carteira assinada e que há anos sustenta a balança comercial brasileira, garantindo vultosos superávits para os cofres do país. Entretanto, também é sabido que, na última safra, as regiões Sul e Sudeste foram assoladas por uma grave seca, que dizimou boa parte da produção e endividou pequenos, médios e grandes produtores rurais. É lamentável que algumas pessoas não entendam que a atividade agropecuária depende muito do clima.

Sem falar que, quando as lavouras foram plantadas, os custos de produção eram mensurados em dólar equivalente a R$ 3,10 e que na hora da comercialização da colheita esse valor estava abaixo de R$ 2,40.

A agropecuária não é um péssimo negócio – principalmente porque temos orgulho de alimentar nossos irmãos que vivem nas cidades; e o produtor rural também não é um péssimo empresário – porque ele está refém, juntamente com outros empreendedores, de uma política econômica perversa, que privilegia juros altos (no patamar de 19,75% ao ano), carga tributária elevada e se esquece de aplicar, em contrapartida, recursos em importantes áreas, tais como, saúde, transportes, habitação, segurança, entre outras.

Em 2004, apenas 20% dos recursos disponíveis para o custeio da produção foram oferecidos pelos bancos oficiais. O restante teve que ser solicitado em instituições financeiras do setor privado ou junto aos fornecedores de máquinas, equipamentos e insumos. Além disso, pesquisa divulgada recentemente pela Confederação Nacional da Agricultura aponta que de 49,2% dos produtores rurais que solicitaram financiamentos de custeio de lavouras na última safra, apenas 8% dos contratantes obtiveram 100% dos recursos a taxa de juros de 8,75% ao ano. O restante teve que optar por outras linhas de crédito, arcando com taxas elevadas e se submetendo aos juros praticados no mercado.

Se o produtor rural fosse mais valorizado, como bem tem mencionado a maioria dos veículos de comunicação do país, certamente os centros urbanos estariam livres de contingentes de miseráveis que a cada dia se dirigem para as cidades em busca de ilusões, aumentando os bolsões de favelados.

Para finalizar, é preciso entender que, em nenhum momento, o setor está reivindicando o "calote" de suas dívidas. Pelo contrário, luta por uma prorrogação de seus vencimentos, para que na próxima safra tenha pelo menos condições de investir o montante aplicado este ano, e para produzir alimentos suficientes que mantenham os seus críticos bem satisfeitos. O produtor rural é honesto e, como boa parte da população brasileira, faz questão de honrar seus compromissos.

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