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Foz do Iguaçu foi o destaque nacional no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2011, divulgado no mês passado, emplacando três entre as dez melhores escolas do Brasil, incluindo o primeiro lugar, conquistado pela Escola Municipal Santa Rita de Cássia. No âmbito estadual, o desempenho foi ainda mais expressivo, ficando com o município os cinco primeiros lugares.

No entanto, o que mais impressiona é o fato de Foz ter conseguido um Ideb médio de 7,0 para todas as 51 escolas da sua rede, e a menor nota foi de 6,2 – acima das médias do Paraná e do Brasil para o primeiro ciclo do ensino fundamental, de 5,6 e 5,0 respectivamente. Qual é a fórmula utilizada pelo município para alcançar resultados tão expressivos? Algumas lições podem ser aprendidas. É preciso que o poder público esteja determinado a fazer da educação uma prioridade, o que se reflete, entre outros itens, em boas instalações, com investimentos para ampliação e melhoria da rede municipal.

Também é necessária a valorização e a profissionalização da gestão educacional e escolar. Nos últimos anos, a rede municipal vem experimentando uma nova cultura de gestão escolar, baseada no estabelecimento de metas de desempenho para cada escola. As escolas ganharam autonomia para implementar estratégias e métodos próprios de ensino. Esta ação valorizou a liderança das diretoras das escolas e incentivou o envolvimento dos professores no planejamento escolar. Todas as diretoras das 51 escolas municipais são eleitas pela comunidade escolar.

O magistério foi valorizado. A principal inovação de Foz foi a instituição, por lei municipal, do 14.º e 15.º salários como prêmio pelo resultado no Ideb. A premiação é dada por escola, um incentivo ao esforço coletivo. Mas também é essencial a participação dos pais, que faz toda a diferença, a julgar pelo desempenho das escolas de Foz. Os próprios alunos passaram a reconhecer o empenho da escola em atender as suas necessidades e as expectativas dos pais, formando um círculo virtuoso.

Trabalho de equipe é outra chave para o sucesso das escolas da cidade. Os professores são estimulados a desenvolver soluções coletivas e criativas. Uma das estratégias adotadas pela Escola Santa Rita de Cássia, por exemplo, foi colocar duas professoras para ensinar os alunos do 5.º ano. A oferta de reforço escolar também é uma medida eficaz para prevenir atraso na aprendizagem e praticamente zerar a taxa de reprovação.

Uma boa educação começa pela base. Foz investiu na expansão da rede de centros municipais de educação infantil, que hoje atende cerca de 12 mil crianças de zero a 6 anos. E a lição final mostra que o aluno deve ser o centro do processo de ensino-aprendizagem. As escolas municipais de Foz, com apoio de uma equipe multidisciplinar, oferecem atendimento individualizado aos estudantes.

Outras lições podem ser extraídas dos avanços alcançados por Foz do Iguaçu, entre as quais a vantagem de um ensino estruturado. Não resta dúvida de que a mudança do panorama educacional do município se deu graças à mobilização de todas as escolas e seus agentes (diretoras, professoras, servidores, estudantes e pais). Foz se tornou um exemplo para o Paraná e para o Brasil.

Paulino Motter é doutor em Educação pela Universidade de Wisconsin-Madison.

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