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A recente campanha eleitoral para a disputa da Presidência da República suscitou um acalorado debate entre os presidenciáveis e suas assessorias econômicas. De um lado tínhamos a presidente Dilma Rousseff e seus assessores que defendiam a política econômica do primeiro mandato, propagandeando que tínhamos conseguido atravessar a crise econômica internacional de forma bastante satisfatória. Tudo isso, aliado à propalada inclusão social, os milhões de brasileiros que teriam conseguido ascender socialmente durante os governos do PT. Era a chamada "Nova Matriz Econômica", que teria tido a virtude de conciliar desenvolvimento econômico e social. E tal diretriz deveria ser mantida no segundo mandato de forma a aprofundar as conquistas.

Do outro lado, os candidatos Aécio Neves e Marina Silva e seus assessores vislumbravam a necessidade de fortes ajustes diante de realidade de crise iminente na economia brasileira. Sinais para tanto não faltavam. O descontrole nas contas públicas, a elevação persistente da inflação, o problema das tarifas públicas represadas, o aumento do endividamento dos consumidores, o pífio crescimento da economia, a desindustrialização, enfim, diversos eram os aspectos da economia brasileira que retratariam um quadro bastante negativo e difícil para o cenário pós-eleitoral. Para combater tal realidade seria necessária uma profunda mudança na política econômica com alterações na política de concessão de crédito subsidiado; contenção de gastos públicos; reformas na previdência social, reajuste nas tarifas de energia e gasolina, autonomia do Banco Central, entre outras iniciativas.

Tais propostas apresentadas pelos candidatos Aécio Neves e Marina Silva foram duramente criticadas pela então candidata Dilma. Segundo a então candidata à reeleição, tais medidas levariam o país à recessão e ao atraso. Segundo ela e o grupo que a apoiava, tais medidas teriam levado o Brasil a "quebrar três vezes" durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Quantas vezes esse bordão foi repetido nas propagandas eleitorais e nos debates?

Passada a eleição, o que temos visto até agora é uma guinada total na condução da política econômica. A começar pela escolha da equipe responsável pela área. Os banqueiros, demonizados durante a campanha pela candidata petista, se transformaram em timoneiros e fiadores da política econômica neste segundo mandato. Sem nenhuma cerimônia, o atual governo Dilma está colocando em prática tudo o que foi proposto pelos candidatos oposicionistas. Tudo o que foi duramente criticado pelo PT e pela candidata Dilma, exceto pelo componente pernicioso de agora penalizar ainda mais os trabalhadores, como as anunciadas altas de combustíveis, dos juros e do aumento da sanha arrecadatória do governo por meio do veto ao reajuste da tabela de imposto de renda e a manutenção da taxa de remuneração do FGTS abaixo da inflação.

Será que a necessidade de adotarmos essas medidas só se configurou após as eleições? Será que o cenário interno ou externo deteriorou-se tanto no curto período de dois meses? Claro que não. O que temos é um governo que só tem um objetivo: manter o atual grupo político no poder. Para tanto, não há limites de qualquer natureza. Enfim, não há nenhum compromisso com a verdade nem com os milhões de brasileiros que acreditaram em suas proposições.

É por isso que continuamos na oposição. O Brasil, hoje, precisa mais do que nunca de uma oposição forte e bem articulada. Para denunciar esse verdadeiro estelionato eleitoral, para mencionarmos aqui apenas esse aspecto, sem nos esquecer do estado de megacorrupção que testemunhamos a partir do governo. Nossa oposição, enfim, é contra esse governo que não respeita a independência dos poderes, que mente a todos por puro oportunismo político, que administra a coisa pública com total incapacidade e irresponsabilidade, que coloca em risco conquistas que gerações de brasileiros se empenharam em edificar e que agride aos mais elementares pilares da democracia representativa.

Nós, do PPS, não mudamos nossas convicções por conveniências políticas ou eleitorais. Nosso compromisso não é com um grupo ou um partido político. Por isso, não nos furtaremos a apoiar as medidas que consideramos adequadas e que sirvam ao interesse de nossa população. Tem sido assim nos últimos 12 anos. No Congresso Nacional, por exemplo, votamos com o governo em todas as matérias que acreditávamos ser esta posição a melhor para o povo brasileiro. Continuaremos onde sempre estivemos, ao lado do povo brasileiro.

Rubens Bueno é deputado federal pelo Paraná.

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