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As datas comemorativas entram para o calendário de várias formas. Mas, na maioria das vezes, sem um tema. O Dia do Comerciante foi criado na época do Império, em homenagem ao Visconde de Cayru, um dos grandes responsáveis pela abertura dos portos brasileiros.

Na realidade, já se comemorava o valor de homens e mulheres que lutam diariamente atrás de um balcão para assegurar o futuro de seus filhos e tornar, sem dúvida, nosso país melhor para se viver.

Neste mês, em que comemoramos os 150 anos da Associação Comercial do Paraná, elegemos o "valor" para comemorar o Dia do Comerciante. Os comerciantes são gigantes em atitudes, apesar de, em sua maioria, serem micros e pequenos. Entre nossos associados, por exemplo, 80% são micro e pequenos empresários. Quem escreve a história, na maioria das vezes, não entra para a história. Poucos se lembram dos companheiros de Pelé nos times maravilhosos onde ele jogou. Ou poucos citam nomes de outros inconfidentes na luta digna contra a "derrama" que tiveram junto ao mártir mais conhecido, Tiradentes. Quem escreve a história, além desses heróis, é o cidadão comum e a sua necessidade de sobrevivência. E ele é fundamental nesta escrita.

Nossa história não é e não será escrita por uma minoria, paga com o dinheiro dos contribuintes, que, distante da sociedade e da dedicação ao bem público, apropria-se do país como um bem privado, fazendo dos cargos e recursos públicos objetos de pilhagem. Pode ser até que eles entrem para a história, mas como a sua banda podre.

Nossa história vai ser escrita pelos empreendedores, que acordam planejando como não crescer! Ou mostram medo de crescer. Porque se porventura crescerem, vão ser tragados pela tormenta tributária. Já nos limites de suas forças, cansados de esperar a desburocratização, o tratamento diferenciado na legislação trabalhista e tributária, os pequenos empreendedores, na hora de crescer, têm que se desdobrar em duas ou três empresas. Caso contrário, restará a mortalidade de suas empresas ou a informalidade.

Os empreendedores idealistas, que optam pelo caminho da lei, merecem nossa homenagem, apesar de sabermos que muitas vezes os que procuram o caminho da informalidade o fazem por absoluta falta de condições para sobreviver. Rendo minhas homenagens, num país que maltrata o idealismo, aos que têm como bandeira "ter o nome limpo na praça".

Enfrentando uma carga tributária nominal de 53%, eles competem com 40% da economia que vivem na informalidade, que muitas vezes é um termo benevolente, que alivia nossas consciências e facilita à sociedade e ao Estado a tolerância à ilegalidade.

Os empreendedores sobreviventes, que continuam optando pela lei, merecem respeito. Os elogios vazios e os prêmios fáceis são imprescindíveis para os apegados aos prazeres e às facilidades em uma realidade distorcida, mas não o são para os comerciantes que decidiram submeter-se ao instável contrato que lhes propõe o Estado brasileiro. Trabalham silenciosamente porque amam seu trabalho, independentemente do mundo lhes dar ou não medalhas ou honrarias.

Mas não trabalham em vão e, por certo, não estão mais dispostos a tolerar que erros essenciais sejam transformados em responsabilidade empresarial. E, por certo, também querem realizados os sonhos que lhes foram prometidos, da retomada do desenvolvimento, do investimento e da liberdade para empreender.

Há um ditado que diz que a cabeça pensa onde os pés pisam. Os pés de nossos comerciantes não pisam o chão de palácios, pisam o chão de suas empresas e suas cabeças pensam as palavras do inesquecível Paulo Leminski: "Isso de querer ser exatamente o que a gente é ainda vai nos levar além".

É preciso reconhecer o valor deste brasileiro, o comerciante, que diariamente se vê frente a desafios que muitos sequer imaginam. Os comerciantes, sem paralisar braços e coração, vão além. E confirmam as palavras do poeta Leminski. Os comerciantes sabem o que querem e, tenho certeza, estarão juntos para este desejo: um país melhor não só para seus filhos, mas para toda a comunidade brasileira.

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