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O sistema de transporte de Curitiba e região metropolitana está em evidência na imprensa já há algum tempo. E as questões relacionadas a esse assunto são as mais variadas: repasses do poder público para as empresas, paralisações, Rede Integrada de Transporte (RIT), valor da tarifa, dissídio coletivo. Diante de tantos problemas em tantas frentes, todas as partes envolvidas nesse processo chegaram a uma conclusão: o sistema está entrando em colapso e precisa mudar.

É normal que uma operação conduzida por tantas mãos tenha alguns desentendimentos; afinal, cada um defende o seu interesse. No entanto, não é normal que todos os envolvidos sejam lesados o tempo todo. A mudança precisa ser feita para beneficiar os passageiros, dar mais segurança aos colaboradores, aliviar o caixa do poder público para novos investimentos e tirar as empresas do prejuízo.

Embora todos concordem com o diagnóstico, poucos se interessam em achar uma solução. Embora todos se disponham a dialogar, poucos buscam ouvir. Por exemplo, quantas vezes o leitor já ouviu falar do "lucro milionário" das empresas? É uma mentira que já foi repetida mil vezes e, infelizmente, continua sendo alardeada em reportagens e nas colunas de alguns jornalistas.

Mas quantas vezes o leitor já ouviu falar que as empresas colocam sua contabilidade à disposição dos órgãos públicos e são favoráveis a uma auditoria independente sobre o sistema de transporte? Quantas vezes já ouviu falar que as empresas pedem a mediação do Ministério Público para o cálculo do valor das tarifas de ônibus? Quantas vezes já ouviu falar que as empresas ganharam uma liminar que as desobriga de realizar investimentos porque não se verifica lucro em suas operações? Não são apenas as empresas dizendo que não têm lucro: a Justiça também reconhece isso.

Poucos também ouviram o nosso repetido apelo, desde agosto do ano passado, de que o atraso nos repasses fragiliza o já delicado caixa das empresas. A situação se agravou em novembro, mês do pagamento da primeira parcela do 13.º salário, e chegou ao limite em 20 de dezembro, data do pagamento do adiantamento salarial e da segunda parcela do 13.º. As empresas, sem recursos diante de atraso nos repasses que chegou a ultrapassar R$ 15 milhões e sem nenhuma sinalização do poder público quanto à quitação da dívida, recorreram a instituições financeiras para honrar o compromisso com seus colaboradores.

Já no início de janeiro, a prefeitura de Curitiba teve de aportar R$ 3,8 milhões para evitar uma greve e cobrou que a Comec, do governo do estado, repassasse R$ 16 milhões que até então devia à Urbs. Entre o fim do mês passado, após a paralisação dos colaboradores, e o início de fevereiro, a Comec já aportou mais de R$ 10 milhões no sistema, após audiências no TRT.

Cabe lembrar ainda que, desde 1.º de janeiro, quando se encerrou o convênio entre Urbs e Comec, as empresas metropolitanas não recebem regularmente pelo serviço já prestado. Todo esse cenário mostra que as empresas de ônibus estão sendo prejudicadas duas vezes: ao não receber pelo serviço e ao ter sua imagem desgastada entre a população por um problema alheio à sua vontade.

Diante de tantos desafios, o sistema de transporte de Curitiba e região metropolitana, exemplo para o mundo e o mais bem avaliado entre as capitais brasileiras, segundo recente pesquisa da Proteste, precisa mudar. E as empresas estão comprometidas com uma mudança que trará benefícios a todos, principalmente aos passageiros.

Maurício Gulin é presidente do Setransp, que representa empresas de ônibus de Curitiba e região metropolitana.

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