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Pela relevância que têm na vida das pessoas, no público e no privado, as cooperativas não são mais uma alternativa, como eram 40 anos atrás, mas uma autêntica condição ao desenvolvimento econômico e social

Faturar bilhões de reais, com um crescimento anual de 10%, não é nenhuma novidade para as cooperativas do Paraná. O que chama a atenção é a relação proporcional da cifra com outros indicadores econômicos no estado e no país. Os R$ 35 bilhões de faturamento previstos pelas cooperativas paranaenses em 2012 são mais de seis vezes o crescimento porcentual do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. O valor também está R$ 8 bilhões acima do orçamento previsto pelo governo estadual para aplicação em todas as áreas, como segurança, saúde, esporte, infraestrutura e educação, entre outras de responsabilidade e competência do poder público.

Em movimentação financeira, quando olhamos para os números das cooperativas, enxergamos quase que um estado paralelo. Sem o mando político-administrativo, exclusividade dos poderes constituídos, mas com a força de mobilização e integração de um verdadeiro exército. Direta ou indiretamente, elas congregam mais de 2 milhões de pessoas, o equivalente a 20% da população. Eles são dirigentes, cooperados, filhos de cooperados e funcionários de cooperados e de cooperativas. Eles são cooperativistas, que por necessidade ou escolha fizeram do modelo uma opção de vida.

E, por conta desse envolvimento, bem como devido à capilaridade do sistema, em vários momentos, ambientes e situações ele se soma ou se confunde com o dever do Estado. Tudo isso sem conflitos. Na promoção do desenvolvimento econômico e social, as cooperativas praticam, de certa forma, o princípio da subsidiariedade. A explicação – ou melhor, a motivação – está na essência, na sua razão de ser, que está na promoção humana e social dos seus, com acesso à educação, emprego, renda e cidadania, sem distinção. Pelo menos em tese, na cooperativa não existe o "grande" ou o "pequeno" cooperado; há simplesmente o cooperado.

Nas cooperativas também vamos encontrar a história e a cultura de inúmeras etnias que se estabeleceram no Paraná, como holandeses, alemães, italianos e poloneses. São correntes migratórias que definiram a identidade e diversidade cultural de comunidades e regiões, de Norte a Sul do estado. Imigrantes que trouxeram trabalho e tecnologia e que hoje perpetuam gerações, multiplicam riquezas e constroem o Paraná do amanhã. A inspiração está implícita no modelo, que, baseado na ajuda mútua e na associação, prioriza as pessoas, o capital humano e o componente social.

Neste ano, a Organização das Nações Unidas (ONU) brindou o Brasil e o planeta com a chancela do Ano Internacional das Cooperativas, uma forma de destacar a contribuição do setor para um mundo melhor. Pouca gente sabe disso, como poucas pessoas conhecem o cooperativismo, seus princípios e objetivos, apesar de sua relevância em estados como o Paraná. Então, a oportunidade é mais que propícia para lembrar o estado, o país e principalmente as cooperativas da oportunidade única e singular que às vezes é desperdiçada: destacar e expor o modelo a um número ainda maior de pessoas além daquelas que já vivem do sistema.

O Brasil é um dos países mais cooperativistas do mundo e o Paraná, um dos estados mais cooperativistas do país. A maior cooperativa da América Latina, e que também é uma das maiores do mundo, está aqui, no estado. Ela tem sede em Campo Mourão e atende pelo nome de Coamo. É necessário que a sociedade reconheça a participação e a potência do cooperativismo. E também que ele está inserido no dia a dia da população, seja ela urbana ou rural, do interior ou da capital, ligada ou não ao sistema. Os números mostram que o status das cooperativas mudou. Pela relevância que têm na vida das pessoas, no público e no privado, elas não são mais uma alternativa, como eram 40 anos atrás, mas uma autêntica condição ao desenvolvimento econômico e social. Cooperativas hoje são questão não apenas de interesse, mas também de utilidade pública.

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