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Na data em que se celebra o Natal de Jesus Cristo, havia nos primeiros séculos da era cristã uma festa pagã: a do deus Mitra, o sol invencível, comemorada no solstício de inverno do Hemisfério Norte (verão no Hemisfério Sul). Porém, com a conversão do Império Romano ao Cristianismo, no século 4.º, aos poucos essa festa foi sendo cristianizada. Jesus passou a ser confirmado por todos como o verdadeiro Sol Invencível. Convencionou-se, então, celebrar seu nascimento em 25 de dezembro, até porque não há nenhum indício na Bíblia sobre a data exata. A partir de então, os símbolos pagãos foram dando lugar aos símbolos cristãos.

Hoje vemos o contrário: é o sentido cristão do Natal que está sendo neopaganizado. Onde estão os símbolos cristãos na publicidade de Natal na mídia e, especialmente, nos shoppings e no comércio em geral? A sociedade moderna neopagã e secularizada, que minimiza os valores religiosos cristãos, tem somente dado importância ao sentido mercantil do Natal. Onde está o presépio? Onde está Jesus? Onde estão os pastores? Onde estão Maria e José? Onde estão os anjos? Onde está a gruta? Onde está a estrela de Belém? Faz-se mister resgatar o verdadeiro sentido do Natal. O Deus da Manjedoura foi substituído pelo deus-consumo, pelo deus-marketing, pelo deus-dinheiro e pelo deus-Papai Noel.

Embora a figura do Papai Noel, que entrega presentes, tenha origem cristã, hoje sua imagem é quase totalmente dissociada de sua origem. Conta a tradição que o costume de presentear familiares e amigos no Natal surgiu com são Nicolau, bispo de Mira (Lícia), no século 4.º. Ele costumava presentear crianças pobres. Com o passar dos anos e séculos, o hábito ganhou o mundo. É bom lembrar que este costume vem também dos magos do Oriente que ofereceram presentes para Jesus na noite de Natal, segundo o relato de são Mateus.

É Deus – e não o Papai Noel – quem é generoso, nos oferece a natureza, a vida e até seu próprio Filho como presentes. É Deus – e não o Papai Noel – quem nos passa a virtude do altruísmo, que é própria da vida cristã como estímulo ao amor e à generosidade. Se a figura do Papai Noel for apenas uma estratégia de marketing natalino para engrossar o consumo por vezes desnecessário e desenfreado, não é mais uma ideia saudável.

É certo que o crescimento das vendas é bom para a economia, gerando renda e oportunidades para muitos, o que tem um positivo caráter social. Mas é certo também por outro lado, que nesta época aumenta o estresse por causa do excesso de trabalho e as pessoas já não associam automaticamente o Natal ao nascimento de Jesus. Há um desvirtuamento e esvaziamento do sentido do Natal.

Quando veremos de novo Jesus, Maria, José, os anjos, os pastores, o presépio na simbologia do Natal espalhada por todos os cantos? Quem dera na noite de Natal, quando for feita a troca de presentes, os pais e amigos o façam em torno do presépio ou da manjedoura do Menino Jesus, preparados em casa, e lembrem às pessoas, principalmente às crianças, o porquê deste gesto: Jesus é o presente de Deus para nós, e nós queremos ser presente na vida do outro. Mesmo onde não for possível haver um presente, que haja um abraço, um gesto de carinho, de perdão, de afeto e acolhimento.

Padre James Dalalasta, mestre em Teologia, é referencial da Arquidiocese de Curitiba para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso.

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