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Não há razões para descrer que o setor produtivo terá dificuldades a transpor ao longo do exercício recém-iniciado, aliás, prenunciadas na baixa produção industrial e redução de vendas do comércio em 2014, o que levou o setor a promover liquidações na virada do ano para desovar estoques de mercadorias de verão.

Os prejuízos no resultado final ocasionados pelos descontos tornaram-se evidentes, além da descapitalização do negócio pelo impacto negativo sobre o lucro realizado no ano passado.

A análise superficial do cenário econômico mostra que um preço amargo será cobrado de todos os segmentos da sociedade, tanto de empresários quanto dos menos favorecidos pelo emprego e renda, impondo perdas generalizadas na qualidade de vida. As primeiras medidas anunciadas pela equipe econômica indicam que os sacrifícios serão pesados.

Buscar culpados e jogar sobre eles o desalento da política econômica que se configurou desastrada e, pior, ruinosa para o país, é uma atitude desnecessária, sobretudo porque águas passadas não movem moinhos. Contudo, é necessário ter em mente que as dificuldades econômicas foram construídas pelos atuais detentores do poder.

A história do período reserva lugar cativo para o fracasso dos encarregados de cimentar as bases da política econômica para fomentar o desenvolvimento.

Repito não ser de proveito para as lideranças limitar-se a chorar o leite derramado, porquanto os desafios imediatos requerem uma estratégia corajosa e cuidadosamente delineada para vencer gradativamente os inúmeros obstáculos.

Deve-se esperar das lideranças – isto sim – o acompanhamento vigilante da atuação da equipe econômica e suas intervenções nos pontos críticos do extenso arco da sintomatologia da crise brasileira.

Voltando ao tema recorrente entre empresários, é impensável a criação de novos impostos e tributos, cujo efeito seria devastador para a sobrevivência de pequenas e médias empresas.

É necessário cobrar do governo e do Congresso o esgotamento da pauta das reformas, assim como o combate sem tréguas à corrupção que, conforme demonstra a leitura diária dos jornais. se tornou crônica e letal para a credibilidade das instituições.

Para amenizar o problema, o governo cortou R$ 22,7 bilhões (R$ 1,88 bilhão por mês) nas despesas não obrigatórias dos ministérios, até a aprovação da lei orçamentária, quando o corte efetivo subirá para R$ 65 bilhões.

Enquanto o ministro da Fazenda anuncia aumentos pontuais da carga tributária, o governo – que não pode fugir da obrigação moral de gastar apenas no essencial –, não se pronunciou sobre a diminuição da gigantesca máquina que suga recursos da população, sem fornecer a devida contrapartida. O exemplo a ser seguido pelos governantes são as próprias empresas, que se adaptam às circunstâncias, economizando para manter o equilíbrio entre receita e despesa – o que o governo não faz.

Assim fazendo, o Planalto diria à sociedade que está apto a trabalhar para ordenar as contas públicas, sem demagogia e populismo que nos últimos anos minaram a solidez da economia interna. Quem deseja transformar o Brasil em pátria educadora deve aprender, definitivamente, a tratar com mais respeito os recursos que arrecada.

Antonio Miguel Espolador Neto, empresário, é presidente da Associação Comercial do Paraná

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