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Minha esposa liga para o consultório. Pediu ajuda: "O carro parou aqui, numa rua do Abranches, venha logo". Cheguei e constatei que o carro estava sem gasolina – junto a ele estavam um menino e duas meninas, que moravam em modesta casa em frente. Resolvido o problema, agradecemos às crianças e fomos embora. Passados alguns dias, o Natal chegando, fomos a um shopping adiantar a compra de presentes. Um carro de bombeiros, lindo, nos chamou a atenção, a mim especialmente: "Olha só que caminhãozinho mais bonito! Vamos comprar este carro de bombeiros e duas bonecas e levamos para aquelas crianças que tentaram ajudar quando teu carro parou". Pusemos as compras no porta-bagagem e... esquecemos. Mais uns dias e chegou a véspera de Natal – nela repito anualmente minha performance teatral: sou Papai Noel, com barriga, roupa, barba, cabeleira, bota, tudo. Planejando o roteiro habitual dos presenteados da noite, lembrei-me das crianças do Abranches. Os presentes ainda estavam no porta-bagagem. Como minha irmã mora por aqueles lados, deixo sua casa para o fim da jornada e depois dela levaria os brinquedos às três crianças. Dito e feito. Noite de 24 de dezembro, meu filho dirigindo o carro, lá vai o alegre Papai Noel entregando os presente. Ho! ho! ho! Rua quieta, escura, já era tarde. Paramos em frente à casa. Tudo escuro e em silêncio. Desço do carro, pego as bonecas e o caminhãozinho e paro em frente ao portão. Meu filho percebe uma luzinha na casa e diz "vou dar uma buzinada". A porta logo se abre, o garotinho olha para o Papai Noel e grita: "Mãe, é ele!". Repete, falando para dentro da casa: "E você disse que este ano ele não vinha". Vem até o portão, pára na minha frente e grita: "Mãe, é ele e trouxe o ‘meu’ caminhão de bombeiro!" Olha para mim, pega o caminhão e pede "a bênção, Papai Noel". E o Papai Noel, que passa a noite de véspera de Natal rindo muito, naquela hora chorou.

Luiz Fernando Grokoske, médicoCuritiba, PR

Não fique só

O Natal e as festas de fim de ano estão chegando. Está chegando também para muitos a fase de depressões. Muitas vezes esse sentimento de desamparo e desânimo é provocado por datas que nos trazem lembranças tristes, ou por perdas, como a de entes queridos, separações, desempregos, doenças e solidão. Natal e Ano Novo, por sua natureza, trazem consigo emoções muito fortes, especialmente se estamos sozinhos. O que pode parecer a época mais feliz do ano, para muita gente é bem o contrário. Na falta de alguém, o Natal só vem agravar uma sensação de desânimo e falta de auto-estima. A solidão e o fechamento em nós mesmos é a tendência que quase sempre acompanha o depressivo. Sem a referência dos outros, sempre vamos achar que estamos sós e que a nossa situação é a pior de todos. A solidão é a doença da cidade grande e do novo milênio. Estamos sempre em contato com os outros, mas nos comunicamos cada vez menos. Assim estamos indo contra a essência de serem humanos. Somos imagem e semelhança de Deus. Deus não é um ser solitário, é comunhão de Amor entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Natal é a presença de Deus no meio de nós, para não nos sentirmos mais sozinhos. Neste Natal e Ano Novo não se sinta só. Venha celebrar conosco. Se você não tem alguém para partilhar esses momentos intensos de afetividade, junte-se a nós. Na Paróquia das Mercês, após as missas das 20 horas, dos dias 24 e 31, celebraremos nossa Ceia de Natal e o mais animado réveillon.

Alvadi Pedro Marmentini, frei Capuchinho Curitiba, PR

Nossos Natais

Hoje ninguém imagina a expectativa que antecedia nossos Natais. O pinheirinho coberto com flocos de algodão imitando neve e as velas coloridas acesas. Ovos vazios e pintados imitavam as "bolinhas" de enfeite. Carpíamos e varríamos o quintal, pintávamos a cerca, o muro. Tudo para acolher o Menino que não víamos, mas que em sonho nos visitava. Ganhávamos apenas roupa nova, sapatos, toscos caminhões puxados a barbante, pião, gaitinha-de-boca, nossa orquestra sinfônica. Para as meninas, uma boneca de pano, enchida com crina ou serragem. Ganhavam também o berço para a "filhinha" e jogos de panelas. À mesa, pais, irmãos, tios e avós – após a Missa do Galo que podíamos ir, sem receio de assaltos e bandidos. A saudação de boas-festas era calorosa. O ponto alto da celebração era o coral entoando canções natalinas, especialmente Noite Feliz. No Natal as crianças alegram-se, riem e gargalham. Nós, rimos para não chorar. Onde estão os que nos rodeavam e nos acarinhavam? Resta-nos esse pequeno mas bonito pinheirinho, ornado de queridas lembranças, com luzes multicoloridas pelas nossas lágrimas, hoje camufladas. Alegremo-nos para não entristecer os que nos cercam. É tudo o que temos: as riquezas que geramos para nos perpetuar aqui.

Gabriel Kalinovski FilhoCuritiba, PR

Presente de Natal

Um menino foi questionado pelo seu professor na época do Natal: "O que você mais gostaria de ganhar no Natal?" O menino pensou no quadro emoldurado com a foto do seu falecido pai, pensou no pai que ele amava muito. Então ele disse baixinho: "Eu gostaria que meu pai saísse da moldura e estivesse conosco outra vez."Foi justamente isto que nosso Pai celestial fez no Natal. Ele rompeu as barreiras e veio até nós. Da eternidade inatingível, Ele veio e se tornou nosso Pai em Jesus Cristo. Que este Natal, além de todos os votos de felicidades, seja realmente um momento de renovação, de renascimento e de inspiração para o nosso caminho de desafios e superações em 2006!

Diretoria de Operações da RPC – Gazeta do Povo

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