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No Paraná, a quebra de safra em fevereiro é de 3,4 milhões de toneladas, dos quais 2,8 milhões de toneladas correspondem apenas à soja.
No Paraná, a quebra de safra em fevereiro é de 3,4 milhões de toneladas, dos quais 2,8 milhões de toneladas correspondem apenas à soja.| Foto: Jose Fernando Ogura/Arquivo/Agência Estadual de Notícias

As condições climáticas adversas impactaram negativamente a produção de grãos no Paraná para a safra 2023/2024. No estado, a quebra alcança 3,4 milhões de toneladas, dos quais 2,8 milhões de toneladas correspondem apenas à soja. Dados do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento mostram uma redução de 14% em relação à safra passada, e do Ministério da Agricultura dos EUA alertam para mais perdas por conta da seca nas regiões produtoras.

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Sem perspectivas reais de apoio do governo federal aos produtores, mesmo diante de uma “condição perversa” – a conjunção de quebra de safra e queda de preços – muitos agricultores estão buscando alternativas para tentar manter a produção. Uma das saídas encontradas é o uso de insumos próprios para o plantio em períodos de estresse climático.

Foi o que fez o produtor de soja Edgar Yuji Motoyama ao sair de Ubiratã (PR) para participar da edição mais recente do evento AgroTec, promovido pela Cooperativa Integrada em Londrina, a 300 quilômetros de distância. O objetivo dele era encontrar soluções para poder lidar com a seca e minimizar as perdas nas lavouras de soja e milho.

“A gente vê que por mais que se tenha experiência ou vivência na lavoura, todo ano tem coisa nova para se aprender. O que a gente fez no ano passado já não serve, então é preciso se adaptar e seguir aprendendo”, disse.

Edição 2024 da AgroTec inaugurou a Unidade de Difusão Tecnológica  da Cooperativa Integrada, em Londrina.
Edição 2024 da AgroTec inaugurou a Unidade de Difusão Tecnológica da Cooperativa Integrada, em Londrina.| Divulgação / Cooperativa Integrada

Circuitos técnicos trouxeram novidades aos agricultores

Parte desse aprendizado sobre o uso de tecnologia no campo foi desenvolvido nos circuitos conduzidos pelos técnicos da cooperativa. Motoyama falou com a reportagem da Gazeta do Povo logo após passar pelo circuito onde era demonstrada uma variedade de soja pronta para encarar períodos de seca. A adição de dois fatores na semente, um elemento químico e uma bactéria, promete ganhos acima da média, afirma Romildo Birelo, gerente de insumos e sementes da cooperativa.

Segundo ele, parte do segredo está no aumento da concentração de molibdênio nas sementes. Este elemento químico ajuda na formação de proteína, o principal componente dos grãos de soja. Mas precisa entrar em ação na hora certa para obter o efeito.

“Numa semente normal do mercado a concentração desse elemento é de 0,6 mg por quilo. Esta variedade conta com 10 mg por quilo de semente. E a semente é tratada de forma a garantir que ele comece a fazer efeito tardiamente. Quando é aplicado muito cedo, o molibdênio vai para o caule e as folhas. Mas no tempo certo, ele é carreado direto para as vagens e ajuda a formar grãos maiores e melhores”, explicou.

Por outro lado, sozinho, o molibdênio não dá tanto resultado como quando é combinado com um tipo especial de bactérias, os rizóbios. Na variedade demonstrada por Birelo ambos, bactéria e elemento químico, são combinados e otimizados ainda na semente.

“Os rizóbios ajudam a capturar o nitrogênio, que é essencial na produtividade. E como já vem tudo do jeito certo, na quantidade certa, tudo o que o produtor precisa fazer é abrir o pacote, abastecer a plantadeira e plantar. Não precisa correr a lavoura com caminhão de apoio, nada mesmo, mesmo com essas altas temperaturas e secas prolongadas”, completou.

Tecnologia contribui com a agricultura de precisão

Na área de tecnologia voltada à produção no campo, a AgroTec 2024 trouxe demonstrações de equipamentos e máquinas voltados à chamada agricultura de precisão. Cooperados e parceiros puderam ver na prática a possibilidade de aplicação de insumos e defensivos agrícolas feitos por meio de drones.

Wesley Brugio, gerente agrônomo de agricultura de precisão da Integrada, explicou o funcionamento do sistema. Assim que o agricultor contrata o serviço, um drone sobrevoa a área que irá receber a aplicação. Câmeras capturam uma série de imagens, que posteriormente são tratadas e permitem a identificação de áreas com a presença de ervas daninhas.

Os dados resultantes desse processamento são então carregados em um drone de aplicação ou mesmo em pulverizadores – os modelos mais modernos, explicou Brugio, contam com esse tipo de função. Com o mapa digital da lavoura, o equipamento só aplica o defensivo, por exemplo, sobre as áreas em que o sistema digital identificou as plantas daninhas.

Sistema cria mapa digital da propriedade, e drone aplica defensivo somente nas áreas onde há presença de ervas daninhas.
Sistema cria mapa digital da propriedade, e drone aplica defensivo somente nas áreas onde há presença de ervas daninhas.| Divulgação / Cooperativa Integrada

“A tecnologia no campo vem para agregar e dar rentabilidade ao produtor. São serviços que permitem otimizar a aplicação de insumos com drones e sensores. Isso nos permite dar recomendações mais assertivas para aumentar a produtividade. O solo é o maior patrimônio de um agricultor, e nós estamos aqui para ajudar esse produtor a superar as adversidades”, pontuou.

Edição 2024 da AgroTec inaugurou Unidade de Difusão Tecnológica da Integrada

Realizado anteriormente na cidade de Assaí, no Norte Pioneiro do Paraná, a AgroTec inaugurou, em sua sétima edição, a Unidade de Difusão Tecnológica da Integrada. O espaço tem uma área total de 36 hectares onde são preparados lotes para testes e estudos sobre novas técnicas e tecnologias aplicadas à agricultura.

A expectativa de Wellington Furlaneti, gerente técnico da Integrada, é que o evento cresça sem perder a essência da troca de informações entre produtores rurais e técnicos da cooperativa. “Todas as recomendações feitas pelos mais de 140 agrônomos que temos no nosso time de campo são embasadas em conhecimento científico. Temos uma base de pesquisa que suporta e dá apoio para que a gente possa extrair o máximo de produtividade e rentabilidade para o produtor, o que acaba sendo muito interessante também para a cooperativa. Os nossos técnicos conseguem fazer recomendações de acordo com a realidade de cada produtor. Quem ganha com isso é o cooperado, com uma assistência técnica de qualidade”, avalia.

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