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BR-376 na altura de Mauá da Serra.
BR-376 na altura de Mauá da Serra.| Foto: Divulgação/Rodonorte

Principal ligação rodoviária entre o Norte do Paraná e Curitiba, a Rodovia do Café (BR-376) vem sendo duplicada em marcha lenta. O trecho entre Apucarana e Ponta Grossa começa a sair do papel - a pista dupla ganha forma na região de Mauá da Serra e no Contorno Sul de Apucarana -, mas essas obras representam apenas metade do trajeto entre Apucarana e os Campos Gerais. A demanda pela duplicação traz consigo as bandeiras da segurança e da economia.

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Para quem a duplicação já chegou, a sensação é de alívio. Edson Gerber, 51 anos, cresceu em frente à Rodovia do Café. Seus avós abriram, em 1962, um comércio em Mauá da Serra. Em 1969 seus pais inauguraram o restaurante, lanchonete e hotel Holandesa. Nessa época, a Rodovia do Café já havia sido aberta. A família que administra a Holandesa lidou durante décadas com os efeitos da falta de segurança na Serra do Cadeado, que só foi duplicada no início dos anos 2000.

“Perdemos muitos clientes em acidentes, gente de quem éramos amigos. Uma história me marcou muito: uma moça vinha à Holandesa desde criança, e um dia ela falou que não ia almoçar conosco porque os pais estavam esperando para comer com ela em Curitiba. Poucos minutos depois, na serra, ela sofreu um acidente e morreu”, recorda Gerber. Com as dificuldades de acesso na época de pista simples, a família muitas vezes teve que ajudar a Polícia Rodoviária a atender feridos em acidentes.

“Certa vez, houve um acidente tão grave que tive que levar corpos para a funerária na minha [caminhonete] D20. Para quem reclama do pedágio, eu sempre digo: ‘Você nunca viu um acidente. Quando você sofrer um e chegar uma equipe com ambulância para ajudar, você vai achar até barato o pedágio’”, diz o empresário.

Gerber, que administra a Holandesa com a esposa há 14 anos, destaca que o movimento aumenta conforme a Rodovia do Café é duplicada: “Hoje vem gente desde o Norte e Centro-Oeste do Brasil, a tendência é crescer esse movimento para o Sul”.

Comemoram-se as vidas que são salvas, mas nem todos os comerciantes da região foram beneficiados pela duplicação da Rodovia do Café. Patrícia Menegatti, gerente do restaurante e lanchonete Imbaú, localizado às margens da rodovia no município de mesmo nome, diz que desde que o trecho perto do seu estabelecimento passou a ter duas pistas, há dois anos, o movimento caiu muito. O restaurante fica no lado do sentido Curitiba-Norte do Paraná da estrada, com fluxo menor.

“Perdemos [movimento] dos dois lados com duas pistas, o pessoal não faz retorno. E com o viaduto, ficamos escondidos. Quem não conhece Imbaú passa direto. O comércio em geral do município perdeu muito”, diz Patrícia, que relata que teve que demitir metade dos funcionários. “No segundo ano, o movimento melhorou um pouco. O pessoal aprendeu a ‘entrar’. Mas não vai ser como antes. Estamos focando mais na clientela da região. O movimento da rodovia já não nos sustenta mais.”

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