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Produção industrial de alimentos no Paraná caiu 7,3% em janeiro de 2021, em comparação com o mesmo mês do ano passado.
Produção industrial de alimentos no Paraná caiu 7,3% em janeiro de 2021, em comparação com o mesmo mês do ano passado.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo/Arquivo

O balanço mais recente sobre a produção industrial no Paraná, divulgado pelo IBGE no começo de março, mostra que o estado está em franca recuperação no setor. No geral, as indústrias do Paraná tiveram uma produção 11,5% maior em janeiro de 2021 do que no mesmo mês do ano anterior. E se de um lado máquinas e equipamentos puxaram a alta, com 31% de aumento, de outro a produção de alimentos caiu 7,3%.

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Em entrevista para a Gazeta do Povo, o economista Evânio Felippe, da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), ressaltou que o setor foi o único entre os 13 pesquisados pelo IBGE que não registrou crescimento no período. De modo geral, analisou Felippe, os indicadores podem ser vistos como bons, “ainda mais em um início de ano, quando geralmente é uma época mais fraca na atividade industrial”, apontou.

O setor de alimentos, segundo os levantamentos feitos pelo IBGE, registrou dois anos seguidos de crescimento na produção industrial paranaense. E o que explica essa queda repentina no índice? Segundo o economista da FIEP, um dos fatores seria o “baixo dinamismo” nesse segmento no mercado externo em janeiro. “Só a título de comparação, metade do que é vendido da economia paranaense para fora do estado e para fora do país é originado da agroindústria”, lembrou.

Os números da balança comercial do Paraná em janeiro deste ano vão ao encontro das palavras do economista. A queda nas exportações foi de 11% em comparação com o mesmo mês de 2020, quando a pandemia de Covid-19 ainda não havia sido declarada. O saldo do primeiro mês de 2021 da balança comercial, diferença entre o que é exportado e o que é importado no estado, registrou déficit, assim como em janeiro do ano passado. Mas os valores são bem diferentes: US$ 86 milhões em 2020 contra US$ 286 milhões em 2021.

A pandemia, assim, é outro fator apontado por Felippe como corresponsável pelos impactos negativos na produção industrial de alimentos no Paraná. “Em janeiro de 2020 não estávamos experimentando esse aumento nos casos de Covid-19. Agora estamos fortemente inseridos nesse cenário. E parece que esse setor sentiu esse efeito”, avaliou.

A visão é compartilhada por José Roberto Ricken, presidente do Sistema de Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar). Segundo ele, é importante destacar que a indústria do Paraná está crescendo como um todo, e que a diminuição de um determinado índice que vinha em seguidos meses de crescimento é diferente de uma queda que gera perdas acumuladas.

“O poder aquisitivo diminui numa crise. Durante boa parte do ano passado houve um auxílio do governo, e isso foi gasto em boa parte na compra de alimentos. Sem isso, o consumo cai. Derivados de leite tiveram uma queda significativa. As pessoas que estão com pouco dinheiro em casa provavelmente não vão comprar iogurtes e requeijão, por exemplo. O custo de produção do frango também subiu, ainda mais com os valores do milho e da soja mais altos. Então pode ter havido uma queda, mas foi uma diminuição em um índice que vinha em crescimento. Não está na mesma proporção de outros setores, que cresceram em cima de índices baixos de produção”, ponderou.

[...] pode ter havido uma queda, mas foi uma diminuição em um índice que vinha em crescimento. Não está na mesma proporção de outros setores, que cresceram em cima de índices baixos de produção

José Roberto Ricken, presidente do Sistema de Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar)

Expectativa de futuro

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) medido pela FIEP no Paraná registrou duas quedas consecutivas, em janeiro e fevereiro de 2021. Nesses meses, o índice foi de 65,1 e 62,9, respectivamente, contra 67,6 de dezembro. Apesar de os índices ainda estarem em patamares acima dos 50 pontos, o que é considerado bom pelo economista, o descontrole da pandemia pode estar deixando os empresários assustados.

“Com aumento de novos casos e novas mortes no Brasil e em especial no Paraná, vêm as medidas de isolamento social. Isso impacta na atividade de comércio, serviços e, consequentemente, na atividade industrial. O cenário geral é de um pouco de pessimismo com esse aumento no número de casos de Covid-19. Tão logo aumentem as exportações para China e Europa, isso certamente vai trazer um impacto positivo. Temos uma previsão de superssafra no cenário nacional, isso pode contribuir de forma positiva na produção industrial do Brasil como um todo”, analisou Felippe.

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