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Ratinho Junior (PSD), governador do Paraná
O governador do Paraná Carlos Massa Ratinho Junior não descarta concorrer à Presidência da República, em 2026.| Foto: Roberto Dziura Jr/Agência de Notícias do Paraná

A inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL) até 2030, ratificada pela maioria dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tem como efeito colateral a abertura de uma vaga importante na corrida presidencial em 2026. Enquanto a esquerda ainda gravita em torno do nome de Lula (PT), como vem fazendo desde a ascensão do ex-metalúrgico na política, no século passado, eleitores de centro-direita terão um cenário mais incerto pela frente, caso os recursos de Bolsonaro sejam recusados na Justiça Eleitoral.

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Ainda que o primeiro nome para a sucessão de Bolsonaro seja o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), outros personagens estão querendo cavar espaço para aparecer na disputa. Um dos nomes que, com cautela, tem demonstrado esse interesse é Ratinho Junior (PSD), governador do Paraná, que recentemente recebeu a aprovação mais alta - 70% - em levantamento feito nas capitais brasileiras.

O percentual da pesquisa é muito próximo do índice atingido por Ratinho Junior no primeiro turno das eleições 2022, quando foi reeleito: 69,64% dos votos válidos. Para o líder do PSD na Assembleia Legislativa do Paraná, deputado Luiz Claudio Romanelli, os números são reflexo do bom capital político angariado por Ratinho Junior desde o início da carreira política dele.

"Brasília nos vê como uma província"

À Gazeta do Povo, Romanelli preferiu não cravar a popularidade do governador como suficiente para chegar ao fim da “maratona que é uma candidatura a presidente”. Ele admitiu, porém, que a “densidade política” de Ratinho Junior tem potencial para fazer com que o país passe a olhar o Paraná com uma outra visão.

“Brasília ainda nos vê como uma província. Mas o Ratinho Junior é o governador da 4ª economia do País. Uma das grandes características dele é construir soluções na base do diálogo, o que é fundamental. Ele tem adotado soluções inovadoras para deixar a gestão do estado do Paraná mais moderna. É uma candidatura muito importante para todos nós paranaenses, sem dúvidas”, avaliou.

A aprovação de Ratinho Junior dentro dos quadros nacionais do partido também é bastante conhecida. O nome do governador do Paraná, não raro, é tido como um dos mais qualificados dentro do PSD, muitas vezes citado como alguém “inegavelmente qualificado para pleitear o cargo de presidente” pelo presidente nacional da legenda, Gilberto Kassab.

Ratinho Junior tem tentado impulsionar sua evidência com o eleitorado pela bandeira privatista e com a marca de grandes obras de infraestrutura. Entre elas, as novas concessões de rodovias no Paraná, apontadas como modelo para outros pedágios Brasil afora.

"É natural que meu nome possa estar no tabuleiro"

O próprio Ratinho Junior deixou clara essa intenção em uma entrevista à Veja, publicada em 16 de junho. Quando questionado sobre a intenção de disputar a presidência em 2026, o governador respondeu que o foco está inteiramente no Paraná, mas reconheceu que é uma questão em construção.

“Antes de 2026 temos outros três anos. Obviamente, se for o momento adequado, se eu tiver condições e se eu for a pessoa escolhida dentro de um projeto de grupo, partidário, posso ser uma opção. Mesmo se não for o protagonista desse movimento, quero ajudar a construir essa alternativa. Se ela vai ser vitoriosa, só saberemos em 2026. O meu estado é um estado protagonista, então é natural que meu nome possa estar no tabuleiro”, disse.

Ratinho Junior e a "República do Pinhão"

O mineiro Romeu Zema (Novo) é outro que busca tentar ocupar o vácuo deixado pela inelegibilidade de Bolsonaro. Sem participação legislativa de peso por parte de seu partido, Zema tem tentado cativar a oposição ao governo Lula sem necessariamente se aproximar dos bolsonaristas. A favor de Zema pesa uma antiga tradição eleitoral brasileira de considerar todo governador mineiro um potencial candidato a presidente, resquício da época da República do Café com Leite, quando mineiros e paulistas se alternavam no governo federal.

“Nós respeitamos a história, mas está na hora de entrarmos na era da 'República do Pinhão', com erva-mate e pé vermelho”, cravou o ex-líder do PSD no legislativo estadual do Paraná, deputado Tiago Amaral. “Nossa capital, Curitiba, é uma cidade-modelo em muitas iniciativas mundo afora. A gente tem um interior que não existe outro igual em nenhum outro canto do planeta, com tanta qualidade de solos e terras agricultáveis. Somos a origem de um dos principais modelos de plantio do planeta, que é o plantio direto. Isso foi criado aqui no nosso estado. O agro brasileiro só é o que é hoje graças às inúmeras pesquisas e iniciativas que temos aqui no Paraná”, completou o deputado, em entrevista à Gazeta do Povo.

Na avaliação de Amaral, essas características permitem que o Paraná ocupe uma posição de protagonismo nacional em relação à presidência da República. A candidatura de Ratinho Junior, para ele, é o passo mais natural dentro desse processo de reconhecimento do estado no cenário nacional.

“Nosso país, por ser continental e ter uma colonização muito diversa, reúne povos de características muito distintas. O Paraná tem exatamente esta mesma característica. Temos o Paraná da capital, que é Curitiba e Região Metropolitana. Temos o Paraná paulista no norte do estado, região de Londrina e Maringá. Temos o Paraná gaúcho ali no Sudoeste e no Sul. Saber administrar e conhecer essas realidades diversas é um fator que naturalmente dá habilidades suficientes e necessárias para um presidente do Brasil”, completou.

Tarcísio seria "sucessor natural" de Bolsonaro

Dada a proximidade que teve com o ex-presidente enquanto ministro da Infraestrutura, Tarcísio é visto por um a cada quatro eleitores como sucessor natural de Bolsonaro, segundo levantamento feito em maio pelo Instituto Paraná Pesquisas. O expressivo índice de aprovação em outra pesquisa do mesmo instituto, 65,3%, também entra na conta dessa possível sucessão eleitoral.

Pesa contra Tarcísio, porém, o fato de não haver uma identificação mais forte e clara com a “pauta de costumes” tão cara aos conservadores. “O governador está continuando aquilo que a gente rejeitou. Qual é a opinião do governador sobre o Hospital das Clínicas, sobre o bloco trans? Qual é a opinião do secretário da Saúde? Acho que a proteção da infância, da adolescência e da juventude é uma prioridade”, disparou à Gazeta do Povo o deputado estadual Gil Diniz (PL), que é próximo da família Bolsonaro.

O pouco tempo como governador também é um fator que, na opinião do Secretário de Projetos Estratégicos do governo paulista, Guilherme Afif Domingos, praticamente tira o nome de Tarcísio do páreo. “Política tem fila e precisa ser respeitada. O Tarcísio é um talento e uma revelação, mas ele tem que ter um tempo de maturação da sua imagem. Existem opções se destacando no centro-direita. Romeu Zema, Ratinho Junior e Ronaldo Caiado são lideranças que estão no seu segundo mandato e o Tarcísio ainda está no primeiro”, disse.

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