Localizado em uma posição geográfica estratégica, o Paraná se tornou um novo hub logístico com destaque continental no setor produtivo por apresentar características competitivas para o desenvolvimento econômico em diferentes modais de transporte de cargas. O assunto estará no centro dos debates sobre a infraestrutura e o desenvolvimento paranaenses, em evento promovido pela Gazeta do Povo, na próxima terça-feira (22).
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Segundo o coordenador da Pós-graduação em Engenharia em Gestão Logística & Supply Chain Management 4.0 da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) Adans Pablo Carvalho, a interconexão entre as rodovias, ferrovias, portos e aeroportos otimiza a cadeia logística com mais eficiência no fluxo de cargas, além da redução do custo operacional e menor tempo para a entrega de produtos, o que torna a economia mais sustentável.
De acordo com ele, a infraestrutura de transportes é bem desenvolvida no Paraná na extensa malha rodoviária com ligação entre os estados produtores até o Porto de Paranaguá, além da conexão com a Tríplice Fronteira e a proximidade geográfica do estado com outros países da América do Sul. “Na divisa entre o Centro-Sul do Brasil, o Paraná tem acesso aos maiores produtores do país em termos de grãos ou em termos de produtos do nosso dia-a-dia como São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, além da Tríplice Fronteira com Paraguai e Argentina e a proximidade com o Uruguai”, comentou Carvalho.
Carvalho destaca que a localização geográfica favorece “a saída muito rápida de materiais e produtos”, principalmente das regiões centrais do estado, como os Campos Gerais e a Região Metropolitana de Curitiba, por conta da proximidade com o Porto de Paranaguá, o que torna o processo mais sustentável e eficaz. Nos primeiros sete meses de 2023, o Paraná bateu recorde de exportações e fechou a balança comercial com superávit de R$ 4 bilhões.
1. Posição estratégica permite interligação dos modais
Na avaliação do coordenador, a interligação entre as rodovias com outros estados, a utilização das ferrovias no transporte, além da posição estratégica e a proximidade da cadeia logística com o produtor, são fundamentais para o sucesso das operações no Porto de Paranaguá.
“Isso faz com que a gente tenha um desempenho muito melhor que outros portos. Um dos motivos é essa interligação muito mais próxima do nosso produtor, principalmente das grandes cooperativas que a gente tem aqui dentro do estado”, ressalta ao lembrar da vocação do Paraná para o cooperativismo no agronegócio.
Carvalho também comentou que o estado possui alta qualidade no setor de logística por causa da mão de obra especializada no setor, o que diferencia o Paraná de outros estados brasileiros e de outros países da América Latina, principalmente pela experiência e anos de atuação na área com eficiência. “O estado tem mão de obra qualificada no setor logístico e isso contribui muito nas operações e no serviço prestado de uma maneira muito mais profissional”, compara.
Além das concessões nas rodovias, portos e ferrovias, o coordenador lembra que o governo estadual tem oferecido incentivos fiscais para as indústrias com intuito de mantê-las no Paraná, o que também é interessante para a empresa por causa da mão de obra qualificada presente na produção e logística paranaense.
2. Trânsito de cargas forma corredor rodoviário de exportação
O gerente de Assuntos Estratégicos da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), João Arthur Mohr, destaca que, devido ao posicionamento geográfico, o modal rodoviário paranaense é um grande corredor de cargas de exportações pela fronteira com Paraguai e Argentina, mas também do mercado interno na ligação entre Sul e Sudeste, região que concentra a maior fatia do PIB do maior país da América Latina.
“Isso faz com que o Paraná seja um hub logístico da parte rodoviária em função de receber esse movimento não só de cargas ordinárias e com destino Paraná, mas também muitas cargas de trânsito, sejam de origem ou destino de nossos países vizinhos, Argentina, Paraguai, Uruguai, até mesmo do Chile, além de outros estados vizinhos como Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, São Paulo, Rio, Espírito Santo, Minas Gerais e Goiás”, afirma.
Mohr comentou que o novo modelo de concessão rodoviária do Paraná “tem servido de exemplo e utilizado em outros estados” e que a expectativa é de melhorias nas pistas com retorno do pedágio em rodovias fundamentais para o setor produtivo brasileiro, entre elas, as BRs-116, 163, 277, 376 e 369.
A concessão do lote 1 será realizada na próxima sexta-feira (25) na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3. Já o segundo lote da concessão tem leilão previsto para o dia 29 de setembro.
3. Porto de Paranaguá investe em qualidade e atrai navios e rotas
Na análise do gerente de Assuntos Estratégicos da Fiep, o Porto de Paranaguá é um importante hub logístico portuário por ser considerado um agregador de cargas de diversas regiões do Brasil e também de países sul-americanos, formando um grande corredor de exportações e importações.
“Ao longo dos anos, Paranaguá tornou-se um hub pela qualidade do serviço prestado e pela infraestrutura logística para recebimento de grandes navios em um canal de acesso com profundidade e largura suficientes. Além disso, é berço de atracação com sistemas de carregamento e descarga de navios e ainda possui modernos armazéns para cargas”, explica.
“Outro exemplo está na parte de contêineres muito usada pela indústria. O Terminal de Contêineres de Paranaguá fez uma ampliação recente da área e adquiriu equipamentos novos para carregar e descarregar navios de forma eficiente e com isso o tempo que o navio fica parado no porto é minimizado. Isso atrai navios e atrai rotas do mundo inteiro”, acrescenta Mohr.
Na parte de granéis sólidos, de acordo com o gerente, Paranaguá também é referência como hub logístico de exportação de soja, de milho e do farelo por meio do corredor que congrega 12 terminais graneleiros com um sistema de correias transportadoras para carregar até três posições de navios.
O porto também é referência no hub logístico para importação dos fertilizantes, especialmente em função do frete de retorno, uma vez que as carretas já levam os grãos para exportação. “Esse mesmo caminhão vai retornar para o interior levando o fertilizante. Então, há muitos anos, Paranaguá montou toda uma infraestrutura de indústrias misturadoras de fertilizantes. O produto embarca para o interior para ser aplicado nas fazendas do agronegócio como um todo. Como Paranaguá tem essa estrutura muito boa, o porto recebe cerca de 30% do fertilizante que o Brasil importa.”
4. Nova Ferroeste aumenta velocidade e competitividade do transporte
Segundo o gerente da Fiep, o Paraná tem o objetivo de migrar parte das cargas transportadas nas estradas para os trilhos no novo hub logístico ferroviário paranaense que, assim como as rodovias, conecta o Sul e Sudeste por meio das linhas férreas.
O principal projeto é a “Nova Ferroeste”, que vai substituir o antigo traçado centenário de curvas fechadas e rampas inclinadas, entre Guarapuava e Curitiba, por uma ligação direta entre túneis, viadutos e um contorno que retira o transporte ferroviário de dentro da área urbana da capital paranaense.
“Além de eliminar os gargalos das duas serras, da Esperança e do Mar, fazendo um traçado moderno, a velocidade dos trens aumenta de 15 km/h para 60 km/h, tornando o modal mais competitivo”, explica Mohr, que ainda projeta que o transporte de Cascavel, no oeste paranaense, para Curitiba deve levar aproximadamente 20 horas, ao invés de quatro a cinco dias, tempo médio do percurso atual.
O projeto ainda prevê ramais entre Cascavel e o Mato Grosso do Sul; ligação de Cascavel até Foz do Iguaçu podendo interligar, futuramente, os trilhos com o Paraguai; além de um outro ramal de Cascavel até Chapecó (SC) para atendimento da produção de proteína animal. O Rio Grande Sul também teria solicitado a extensão da Ferroeste até a cidade gaúcha de Passo Fundo.
“Além da vantagem econômica, com redução de cerca de 20% a 30% no valor do frete, ainda tem a queda de emissão de carbono, uma vantagem ambiental com cinco vezes menos emissão por tonelada. O modal também reduz os riscos de acidentes nas estradas com migração das cargas para a ferrovia”, compara.
5. Investimentos devem transformar aeroportos em hub aeroportuário
A concessão dos aeroportos paranaenses, administrados atualmente pela CCR, prevê uma série de investimentos que devem abrir outra frente no Paraná: o hub logístico aeroportuário.
O gerente de Assuntos Estratégicos da Fiep, João Arthur Mohr, lembrou que o escopo de trabalho do edital vencido pela CCR Aeroportos prevê a ampliação da pista do Afonso Pena, em Curitiba, para 3 mil metros de comprimento. Assim, a pista pode receber as aeronaves de passageiros ou de cargas com capacidade de combustível para voos internacionais rumo ao Estados Unidos e Europa.
Atualmente, o especialista lembra que o tamanho da pista limita a altitude e reduz em 20% a eficácia na decolagem. Segundo ele, a ampliação pode levar o aeroporto ao “status” de intercontinental, ligando Curitiba à Europa e aos Estados Unidos, além de abrir possibilidades de destinos futuros como os Emirados Árabes.
“Com essa pista, o Paraná teria a capacidade de que um avião decole com a carga completa para os Estados Unidos ou para a Europa. Então, o aeroporto Afonso Pena pode, sim, se tornar um hub de carga, assim como o aeroporto de Foz do Iguaçu, que também tem ampliações previstas, especialmente na parte de passageiros e turismo da região da Tríplice Fronteira, Paraguai, Argentina e Brasil recebendo voos diretos da Europa, Emirados Árabes e da América Latina”, comenta.
Mohr ressaltou que os aeroportos de Londrina e Maringá também devem receber investimentos da concessionária e da prefeitura municipal, respectivamente, para integração no hub aeroportuário do estado.
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