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Bailes nos clubes não acontecem há 15 meses
Bailes nos clubes não acontecem há 15 meses| Foto: Divulgação Santa Mônica

Aglomerar em churrascos, participar de recepções e festas temáticas, disputar campeonatos de esportes coletivos. As atividades mais procuradas pelos frequentadores de clubes sociais estiveram proibidas por longos meses da pandemia. A retomada é lenta e o cenário ainda preocupa, visto que a própria sobrevivência das agremiações tem sido ameaçada, com inadimplência média de 30% desde março de 2020, segundo informações do Sindicato dos Clubes do Paraná (Sindiclubes Paraná). A entidade representa 400 clubes em todo o Paraná, dos quais 25 estão em Curitiba e região metropolitana.

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“Nos clubes maiores, a inadimplência é de cerca de 20%, mas nos menores chega a 40%”, afirma Ali Tarbine, presidente do Sindiclubes Paraná. “Ficamos muito limitados porque a maioria das atividades que nós oferecemos estão proibidas ou ficaram suspensas por um longo tempo”, diz. Ele observa que os clubes são empresas sem fins lucrativos e, além das mensalidades dos associados, dependem do que arrecadam com a promoção de festas, eventos e a oferta de aulas de esportes para sobreviver.

Segundo Tarbine, mesmo com os decretos mais recentes, que liberaram algumas atividades, os associados ainda têm receio e são poucos os que frequentam os clubes. “Muitos associados também sofreram queda em suas receitas, como praticamente toda a população. E, na hora de cortar despesas, o clube acaba sendo dispensado por ser algo supérfluo”, lamenta.

Nosso público quer dançar, mas ainda não pode, diz presidente de clube

A Sociedade Recreativa Água Verde está praticamente inativa. “O principal atrativo e a maior fonte de renda do clube são os bailes e eles estão proibidos”, lamenta o presidente Manolo Fruet. Antes da pandemia, o clube promovia bailes de quinta a domingo de estilos diversos e para públicos de todas as idades. Ele conta que o clube tem poucos sócios, cerca de 90, que pagam a mensalidade quase que exclusivamente para ter desconto nos bailes.

“Sem os bailes, os sócios acham que não tem porque pagar a mensalidade”, observa. Mas, a receita dos bailes é bem maior que a renda proveniente das mensalidades porque eles são abertos ao público em geral. Para entrar, não precisa ser sócio, basta comprar o ingresso. “Vivemos dos bailes, nosso público quer dançar, mas ainda não é possível”, lamenta.

Sociedade Água Verde nos preparativos para o último baile do choop, em fevereiro de 2020
Sociedade Água Verde nos preparativos para o último baile do choop, em fevereiro de 2020

Clubes baixam valor do título para atrair novos sócios

O tradicional Santa Mônica, que tem sede em Colombo, na região metropolitana de Curitiba, iniciou uma campanha para atrair novos sócios, baixando em 75% o valor do título. “Baixamos de R$ 30 mil para R$ 7,5 mil”, informa o presidente Carlos Cavichiolo. A campanha, que começou faz um mês e prossegue até novembro, já atraiu 40 novos sócios.

O Clube tem 6 mil associados. “Nos meses mais críticos da pandemia, a inadimplência chegou a 40%”, informa Cavichiolo. Segundo ele, agora os associados começam a voltar e o clube está negociando as mensalidades atrasadas, com a inadimplência já diminuindo.

No Santa Mônica, há grande procura pela sauna. “Temos muitos sócios da terceira idade, que já estão vacinados e ansiosos para frequentar a sauna, mas ainda não é possível”, diz o presidente. Poucas atividades estão liberadas, como a academia, a natação e o futebol. Uma das principais fontes de receita do clube, as festas, continuam proibidas.

O clube é muito procurado também para recepções de casamentos, aniversários e bailes de debutantes e formaturas. “Não acontece nada disso desde março de 2020. Alguns foram cancelados, mas a maioria foi adiada e remarcada. A intenção era retomar agora, a partir de setembro desse ano, mas acredito que terão que ficar para 2022”, observa.

A suspensão das festas afetou também os prestadores de serviço do clube. Ricardo Fleming, que há 32 anos arrenda o restaurante do salão principal, da boate e do pub, conta que permaneceu com os estabelecimentos fechados durante seis meses no ano passado. Por conta disso, desligou nove funcionários. Agora o restaurante voltou a abrir aos domingos para atender os associados. O prejuízo maior mesmo - de R$ 500 mil - é devido às festas, que não acontecem há 15 meses. “É um dinheiro que não volta”, lamenta.

Sede campestre evita debandada maior

Outro tradicional clube de Curitiba, a Sociedade Thalia, também está em campanha para atrair novos associados. O valor do título baixou de R$ 4,8 mil para R$ 3,5 mil que podem ser parcelados em 12 vezes.

Áureo Vignotto, presidente do Thalia, diz que a sobrevivência na crise exige muita austeridade. Cortamos as despesas e não estamos fazendo nada, além de pagar os funcionários e as despesas básicas de manutenção”, diz. A inadimplência está em 20% e o clube perdeu cerca de 200 dos 3 mil sócios. Mas, por outro lado o preço menor do título e a campanha nas redes sociais já rendeu 50 novos sócios.

“A pandemia, de certa forma, também contribuiu para os clubes se tornarem mais atrativos porque é uma das poucas alternativas seguras que as pessoas têm de sair de casa e fazer alguma atividade ao ar livre”, observa Vignotto.

No caso do Thalia, a sede campestre tem ajudado a segurar as finanças. “Temos um hotel fazenda em Balsa Nova e ali o movimento aumentou porque os associados podem fazer caminhadas e cavalgadas, entre outras atividades em espaço aberto. Segundo ele, todos os protocolos sanitários estão sendo seguidos e o hotel opera com 30% da capacidade, oferecendo hospedagem preferencialmente nos chalés, onde os hóspedes ficam mais isolados. Temos apartamentos também, muito poucos estão sendo alugados”, informa.

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