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As duas temporadas de navios de cruzeiros em Paranaguá (PR), realizadas entre dezembro de 2023 e março de 2024, e depois entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025, animaram — e forçaram — o governo do Paraná a pensar na melhoria da estrutura de recepção de turistas no litoral do estado, trocando os espaços temporários e improvisados por um terminal de passageiros.
Uma estrutura que poderá ser fundamental para o seguimento das escalas dos cruzeiros na cidade. Isso porque a MSC, que fez 16 paradas na primeira temporada e outra oito na segunda, informou que não pretende seguir operando em Paranaguá devido a uma “adequação global na oferta de navios e criação de novas rotas e programas de cruzeiros nas diferentes áreas geográficas que atua”.
Com uma embarcação a menos, a MSC priorizará Santos, Rio de Janeiro, Itajaí, Maceió e Salvador, que já têm histórico para receber navios de cruzeiros e estruturas específicas para turistas. Não por acaso o movimento na última temporada nesses portos foi superior a Paranaguá:
- Santos: 152 escalas - 1,12 milhão de turistas
- Rio de Janeiro: 108 escalas - 327 mil turistas
- Salvador: 58 escalas - 206 mil turistas
- Itajaí: 50 escalas - 157 mil turistas
- Maceió: 30 escalas - 127 mil turistas
- Paranaguá: 8 escalas - 19 mil turistas
Para atrair de volta a MSC e outras empresas de cruzeiros, a aposta de Paranaguá está no terminal, o que mudaria significativamente a recepção dos turistas. Nas duas temporadas, era necessário desembarcar, tomar um ônibus e ir até uma espécie de tenda montada na Praça Mário Roque. De lá seguiam para passeios na região ou mesmo subiam a Serra do Mar para a capital Curitiba quando a escala era mais longa.
Nas duas temporadas, 58 mil turistas passaram por Paranaguá por causa dos cruzeiros. A estimativa do governo é de que mais de R$ 40 milhões tenham sido movimentados na economia local por causa dessas paradas, seja compras na cidade ou com aquisição de pacotes de passeios. A ideia é, mais do que não perder essa fonte de recursos, reforçar a economia do litoral paranaense.
“As atividades turísticas do Paraná têm crescido acima da média nacional nos últimos anos, com o estado se tornando um destino cada vez mais frequente de visitantes de outros estados e países. A construção do terminal de passageiros do porto de Paranaguá é mais uma medida que busca consolidar este grande potencial econômico”, declarou o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), aos órgãos oficiais do estado.
Novo terminal está na fase de projeto básico
Por enquanto não há um desenho final para o novo terminal. A Portos do Paraná, estatal que administra o porto de Paranaguá, contratou uma empresa especializada em engenharia para elaborar o projeto básico de implantação. O custo, via licitação, foi de R$ 386 mil, e a previsão é de que o documento final seja entregue ainda no primeiro semestre de 2025.
Para viabilizar o terminal, a Portos do Paraná terá de iniciar o processo de obtenção de licenças ambientais junto ao Ibama após o projeto básico. Somente depois da autorização do órgão federal é que uma empresa será contratada para construir a estrutura para receber os passageiros de cruzeiros.
Em duas temporadas, 58 mil turistas passaram por Paranaguá por causa dos cruzeiros.
O porto de Paranaguá é primordialmente voltado para a movimentação de cargas e por isso não tem um berço específico para receber navios de cruzeiros. Eles acabam ficando espremidos entre as embarcações cargueiras.
Para mudar isso, junto com o novo terminal, a Portos do Paraná — estatal que administra o porto — está elaborando, em paralelo, um projeto para a adaptação de um berço de atracação preferencial para a atividade de passageiros. Esse projeto prevê o uso de uma área onde já existe operação portuária e voltada para navios do tipo ro-ro, que transportam veículos e outras cargas que podem ser roladas para dentro e fora da embarcação.
Com isso não haveria a necessidade de construir um berço. Nesse sentido, a Portos do Paraná realizou em março simulações de manobras para verificar a viabilidade prática do projeto.
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