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BR-277, em Irati: região é englobada pelas obras de duplicação previstas para 156 km entre os Campos Gerais e a região Central do Paraná.
BR-277, em Irati: região é englobada pelas obras de duplicação previstas para 156 km entre os Campos Gerais e a região Central do Paraná.| Foto: Divulgação/DER-PR

Entre as obras de maior porte previstas para o Lote 1 dos novos pedágios do Paraná está a duplicação da BR-277 entre São Luiz do Purunã e o conhecido Trevo do Relógio, no encontro com a BR-373, em Prudentópolis, região Central do Estado. Um trecho que engloba 156,3 quilômetros de extensão e que terá as obras de ampliação da capacidade entregues entre o 3º e o 6º ano de concessão.

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Hoje todo em pista simples, com algumas faixas adicionais, o segmento registrou piora nas condições da via ao longo do último ano e meio, desde que os pedágios pararam de operar. Em 2022, com maior incidência de buracos na pista e piora na sinalização, foram registrados mais acidentes que em 2021 nessa área da BR-277, quando as antigas concessões ainda estavam vigentes. Desde março deste ano, entretanto, obras de manutenção foram intensificadas para mitigar os problemas até que os novos pedágios comecem a operar.

Além das duplicações, a partir dos novos pedágios a previsão de obras para o trecho inclui 7 km de faixas adicionais entre a entrada para a Colônia Witmarsum e Irati; 4 travessias urbanas, sendo 3 em Palmeira e 1 em Irati; 4,5 km de vias marginais nos perímetros urbanos de Palmeira e Irati; passagens em desnível no encontro com a PR-438 (próximo à parada Anila) e com a BR-153, em Irati; além de obras de implantação de melhorias de interconexão com outras rodovias.

Para o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas no Estado do Paraná (Setcepar), Silvio Kasnodzei, a duplicação deste trecho da BR-277 é uma obra fundamental em virtude da posição estratégica para o escoamento da produção agrícola para o Porto de Paranaguá.

“Toda a carga que vem de Campo Mourão, Pitanga, Ivaiporã, Manoel Ribas, vai até Guarapuava e encontra ainda a quem vem de Cascavel, embarcada do trem para descer de carreta ao porto. Por isso o tráfego pesado nessa região é muito grande”, avalia.

A segurança é um ponto crucial, segundo Kasnodzei. O trecho é perigoso, especialmente para as ultrapassagens, já que é comum pontos de filas de caminhões. “Imagine que às vezes é preciso percorrer até 100 metros para ultrapassá-los”, exemplifica.

Com a duplicação, espera-se aumentar a velocidade média dos veículos de carga, hoje em torno de 50 km/h, para pelo menos 70 km/h. “Isso dá ganho de produtividade, fazendo menos marcha com o caminhão e diminuindo o consumo de combustível. E é menos estressante para o motorista, tanto na ida quanto no retorno, quando muitos vêm do porto carregados de adubo, fertilizantes e máquinas agrícolas.”

Risco na estrada

Desde o término das antigas concessões rodoviárias, em novembro de 2021, as condições desta parte da BR-277 pioraram significativamente – a exemplo das demais rodovias que ficaram sem pedágios.

As principais queixas dos transportadores se referem a buracos na pista, sinalização vertical coberta pelo mato e o afundamento do asfalto em diversos pontos das faixas da direita, por onde passa o rodado dos caminhões. O que sinaliza um perigo para os automóveis, na mesma medida.

As operações de manutenção se intensificaram somente a partir de março deste ano, quando o governo federal destinou R$ 437 milhões para obras nas vias que ficaram sem concessão. Até que as intervenções começassem, no entanto, foi possível notar aumento no número de acidentes no segmento.

De acordo com dados da Polícia Rodoviária Federal, entre os quilômetros 147,5 e 303,8 da BR-277, trecho que será duplicado quando a rodovia for novamente concedida à iniciativa privada, foram registrados 132 acidentes em 2021. Em 2022, este número subiu para 161. Um aumento de quase 22%.

Em 2023, até o início deste mês de maio, já foram 56 acidentes registrados. Mais acidentes também significam mais vítimas: o número de feridos subiu de 165 para 228 entre 2021 e 2022. O de mortos, de 18 para 23. E neste ano de 2023 as incidências estão proporcionalmente maiores. Os primeiros 4 meses do ano registraram 104 feridos e 15 mortos nos acidentes ocorridos no trecho. Em 2022, eles foram 228 e 23, respectivamente. Em 2021, o número foi de 165 feridos e 18 mortos ao longo de todo o ano.

Se seguir a média do primeiro quadrimestre, 2023 tende a ter um número de acidentes semelhante ao de 2022. E conforme o edital do Lote 1, a previsão de assinatura de contrato com a nova concessionária, se tudo correr dentro do esperado, é até 29 de dezembro de 2023.

Intervenções na BR-277

Segundo o Departamento Nacional de Transportes (DNIT), no entanto, as obras de manutenção já começam a dar resultados na percepção do usuário quanto às condições da via. O último levantamento do departamento, feito em abril deste ano, apurou que cerca de 59% do segmento foi avaliado como bom, 38% como regular e 4% como ruim ou péssimo. A avaliação leva em consideração aspectos como manutenção da roçada, qualidade da sinalização e incidência de remendos na pista.

No mesmo período do ano passado, o mesmo levantamento apontava que 29% dos usuários consideravam o trecho bom, 52% regular e 19%, ruim ou péssimo. Segundo o DNIT, quando ocorrem situações como chuvas intensas, a empresa detentora do contrato de conservação vigente sobre o trecho atua corretivamente. Nos últimos meses, intervenções típicas de conservação preventiva periódica estão sendo realizadas para tratar subsegmentos de maior suscetibilidade à formação de defeitos, informa o órgão.

Além dos serviços rotineiros de conservação, como roçada, limpeza da faixa de domínio e dos dispositivos de drenagem, a contratada iniciou, no final do mês de abril, serviços de fresagem e recomposição do pavimento de pontos prioritários, partindo do Trevo do Relógio até Irati. Nas próximas semanas estes serviços se estenderão até Palmeira e, depois, até Porto Amazonas. Agora em maio a empresa trabalha na manutenção da sinalização vertical ao longo do trecho, com limpeza ou substituição de placas danificadas.

Concessão do Lote 1

O Lote 1 possui uma extensão de 473 km, composto por rodovias entre Curitiba, Guarapuava e Ponta Grossa, nos Campos Gerais, além da Região Metropolitana da capital. Os investimentos previstos somam R$ 7,9 bilhões, sendo 47% do valor destinado à expansão e melhoria de capacidade das rodovias, com obras que envolvem duplicações, faixas adicionais, vias marginais, pontes, viadutos e passarelas. A maior parte delas deverá ser realizada nos primeiros anos de contrato.

O lote terá cinco praças de pedágio: São Luiz do Purunã (BR-277), Lapa (BR-476), Porto Amazonas (BR-277), Imbituva (BR-373) e Irati (BR-277). O leilão da licitação internacional é confirmado para o dia 25 de agosto, na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3.

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