O Paraná completa nesta sexta-feira (19) três meses em situação de emergência, por conta da pandemia do novo coronavírus. Foi a primeira vez na história do estado que um governador precisou decretar estado de emergência em todo o território. Desde então, governo e prefeituras tomaram uma série de medidas para enfrentar a pandemia, tentando conter a disseminação do vírus e evitar o maior número de mortes possível em decorrência da doença. Se o estado chegou a ser o ente federado com a menor incidência do coronavírus e uma das menores mortalidades pela Covid-19, o salto dos números nas últimas semanas indica que a fase mais crítica se aproxima, exigindo respostas ainda mais contundentes do poder público e da sociedade.
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Após terminar o mês de maio sem nunca ter superado o número de 10 mortes por dia, o estado começou a registrar sucessivos recordes de óbitos nas primeiras semanas de junho, culminando nas 30 mortes registradas no dia 16. O número de casos dobrou na primeira quinzena do mês, ultrapassando os 10 mil. A ocupação de leitos superou os 60% em algumas regionais, chegando a 75% em Curitiba.
O isolamento social chegou aos menores níveis (35,1%, em 12/06), depois de ter batido até 65% em março. E o índice de transmissão do vírus, que chegou a ficar abaixo de 1 (o que indicava diminuição no número de novos casos diários) na primeira semana de maio, chegou a 1,6 em 16 de junho (indicando que cada 10 infectados estavam contaminando 16 novas pessoas). “Se mantivermos esse índice acima de 1, com o número de novos casos crescendo a cada dia, fatalmente, mais cedo ou mais tarde, chegaremos ao colapso do sistema de saúde”, alerta o epidemiologista do Hospital de Clínicas de Curitiba, Bernardo Montesanti Machado de Almeida.
A situação crítica do estado levou o presidente da Sociedade Brasileira de Epidemiologia (SBI), Clóvis Arns da Cunha, a emitir um alerta à população na última semana. “Vivíamos uma situação de controle da pandemia, mas, infelizmente, o que vimos desde as últimas semanas de maio foi as pessoas relaxando completamente, indo a bares, aglomerando, deixando de usar máscara. O preço disso estamos pagando agora. Mas podemos reverter essa situação se a população voltar a fazer sua parte, ao mesmo tempo que, se nada for feito, teremos uma semana pior que a outra”, disse.
O infectologista explica que, para uma pandemia como a Covid-19 se espalhar por todo um território, bastam duas semanas. “E para conseguir controlar a epidemia, depois que ela chega em um nível de franca disseminação, leva-se de quatro a seis semanas, dependendo da capacidade de convencer a população a fazer a sua parte”.
Um complicador é o inverno, que começa na próxima semana e que, tradicionalmente, registra um aumento dos casos de doenças respiratórias e de circulação de vírus no estado. “Não sabemos como vai ser a gripe no estado, uma vez que, no inverno, aumenta muito. Como a vacinação esse ano foi maior que nos anos anteriores e como as medidas de distanciamento, higienização das mãos e uso de máscara também contribuem para a prevenção da gripe, a gente espera que não tenhamos duas epidemias concorrentes no inverno”, diz Arns da Cunha. Apesar de o aumento de casos estar diretamente relacionado com a diminuição do distanciamento social, o presidente da SBI avalia que as autoridades estaduais e municipais mais acertaram que erraram no enfrentamento da pandemia, mesmo com o relaxamento precoce de algumas medidas que estimulavam o isolamento, como o fechamento do comércio e outros estabelecimentos. “Enquanto não tivermos uma vacina, deveremos ter uma situação de abre e fecha natural. Mas, mesmo quando mais aberto, dependemos da compreensão da população para seguir os protocolos de distanciamento, higiene de mãos e uso de máscaras”, diz o médico, que não faz projeção sobre o pico da pandemia no estado. “Todas as projeções estão factíveis ao erro porque dependem do principal item que vai definir se a gente vai ter uma epidemia tão grave como em outros estados ou se conseguiremos controlar, que é o quanto a população vai respeitar o distanciamento e seguir as orientações”.
As datas e atos marcantes da pandemia no Paraná
O Hospital Nossa Senhora das Graças informou, no dia 11 de março, que dois pacientes atendidos no pronto-atendimento com sintomas leves de gripe tiveram resultado positivo para o coronavírus. Segundo o hospital, a identificação positiva foi feita por meio de exames de secreção "disponíveis no mercado para identificação do vírus". Os pacientes eram um homem e uma mulher da mesma família e voltaram recentemente de viagem à Europa. Eles estiveram na Espanha e na Holanda entre 19 de fevereiro e 7 de março.
- Exames identificam dois primeiros casos de Coronavírus em Curitiba
O governo estadual determinou a suspensão, por tempo indeterminado, das aulas de toda a rede pública de ensino do. A medida, tomada para evitar o alastramento do coronavírus, fez parte de um decreto anunciado pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD). O Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe/PR) referendou a orientação do governo, solicitando que a rede privada também seguisse as instruções estaduais, o que inclui a suspensão das aulas. Eventos com mais de 50 participantes, também foram proibidos.
A ampliação das medidas de isolamento, para tentar conter a contaminação pelo novo coronavírus, fez com que várias cidades anunciassem o fechamento compulsório de lojas, mantendo apenas o comércio considerado essencial, como mercados, farmácias e postos de combustíveis. É o caso de cidades como Maringá, Londrina, Foz do Iguaçu e Paranavaí, que já divulgaram as medidas restritivas, enquanto outras analisam a possibilidade de atitudes semelhantes.
- Sobe o número de cidades que fecharam o comércio
O governo do Paraná emitiu decreto proibindo a entrada de ônibus saídos de qualquer estado brasileiro e do Distrito Federal. Em 23 de março, no entanto, a Agência Nacional de Transportes Terrestres proibiu medidas como essa em todos os estados da federação, considerando que a regulamentação do transporte rodoviário de passageiros é de competência federal e atribuindo a esse serviço o caráter de serviço essencial.
- Paraná amplia barreira e proíbe entrada de ônibus de todos os estados
Ratinho Junior decreta estado de emergência e determina fechamento de shoppings e academias. Pela primeira vez em sua história o Paraná entra em estado de emergência. Curitiba também decreta emergência e fecha, ainda, bares e casas noturnas.
O governador do Paraná, Ratinho Junior, editou decreto para definir quais atividades são consideradas essenciais e, portanto, têm permissão para continuar funcionando.
- Ratinho define atividades essenciais que podem continuar funcionando
Após o presidente Jair Bolsonaro fazer pronunciamento em rede nacional, no dia 24, criticando governadores e prefeitos que adotaram medidas de isolamento social como o fechamento de parte do comércio e a suspensão das aulas, o governador Ratinho Junior, um dos governadores mais alinhados com o presidente, declara que o Paraná não irá alterar a estratégia de combate à pandemia, mantendo o estado em situação de emergência e garantindo o funcionamento, apenas, dos serviços essenciais, com shoppings e escolas fechados e a realização de eventos proibida.
- Paraná mantém estratégia contra o coronavírus, apesar de discurso do presidente
A prefeitura de Maringá anuncia a morte de um homem de 84 anos e de uma mulher de 54 anos na cidade. São as duas primeiras vítimas da Covid-19 no Paraná.
- Paraná registra as duas primeiras mortes pelo novo coronavírus
Municípios do interior adotam medidas ainda mais rígidas que o decreto estadual, com fechamento total do comércio, barreiras sanitárias, toque de recolher e, até fechamento dos acessos ao município.
- Falta de médicos e pressão para abrir o comércio: o coronavírus no interior do PR
A suspensão no recolhimento de impostos, como o ICMS, para pequenas empresas, e algumas linhas de financiamento, com carência e sem a necessidade de apresentar garantias foram algumas das medidas econômicas anunciadas pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) para ajudar empresários e profissionais autônomos. O volume total do pacote chega R$ 1 bilhão.
- Suspensão de impostos e linhas de crédito: Paraná anuncia ajuda a empresários e autônomos
Secretaria de Educação anuncia que as aulas da rede estadual de ensino serão retomadas através da internet, de aplicativo para celular e da TV aberta.
- Escolas estaduais retomam as aulas por YouTube e TV; veja como vai funcionar
Assembleia Legislativa aprova projeto do Governo do Estado que estipula auxílio mensal de R$ 50,00 para a compra de alimentos para cidadãos registrados no Cadastro Único de programas sociais do governo federal e autônomos que perderam sua fonte de renda por conta das restrições impostas pela pandemia. Programa é batizado de Cartão Comida Boa.
Com pressão de setores da economia e uma nova orientação do Ministério da Saúde sobre as medidas de isolamento social, prefeitos do interior do Paraná recuam em algumas das medidas de prevenção à Covid-19. Depois de tomarem posturas rígidas como o fechamento total do comércio e a instalação de barreiras sanitárias nas entradas dos municípios, prefeitos de Maringá, Cascavel, Foz do Iguaçu, Umuarama, Paranavaí, Paranaguá, Antonina e Matinhos, entre outros, flexibilizam as medidas, permitindo a abertura gradual do comércio. O Ministério Público contestou as decisões e exigiu embasamento científico para a reabertura.
- Municípios afrouxam isolamento e reabrem comércio. MP cobra base científica
Após um mês testando apenas casos graves, de pacientes internados com suspeita de Covid-19, o Paraná distribui 58 mil testes rápidos para que os municípios passem a testar, prioritariamente profissionais de saúde e de segurança pública, evitando que, se o resultado for negativo, eles precisem cumprir o afastamento preventivo de 14 dias em caso de sintomas da Covid-19.
- Começa a distribuição de testes rápidos de Covid-19 para os municípios do Paraná
Governo decreta que, durante a pandemia do coronavírus, o governo do Paraná vai cortar 30% dos salários do primeiro escalão do Palácio Iguaçu. A redução vale para 32 pessoas, incluindo o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), seu vice, Darci Piana, o controlador-geral do Estado, Raul Siqueira, secretários estaduais, superintendentes e diretores da Agência Reguladora do Paraná (Agepar).
- Governador e secretários do Paraná terão redução de 30% nos salários
O governador Ratinho Junior sanciona lei que proíbe corte de água, luz e gás de consumidores que deixarem de pagar pelo serviço de fornecimento durante a pandemia, por conta da perda de renda da população com as medidas de isolamento tomadas pelo Estado.
- Ratinho Junior sanciona lei que proíbe corte de água, luz e gás durante pandemia
O governador Ratinho Junior sanciona lei que torna obrigatório o uso de máscara em ambientes coletivos em todo o estado. Quem descumprir, estará sujeito a multa.
Em decreto publicado no Diário Oficial do Estado, o governador determinou que qualquer retomada de serviços considerados não essenciais deve passar primeiro pela validação da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). O decreto foi assinado após uma série de reuniões com representantes de shoppings centers e de academias, que cobravam a reabertura de suas atividades.
- Governador delega para Saúde decisão sobre reabertura de shoppings e academias
O presidente Jair Bolsonaro decreta que academias e salões de beleza passam a fazer parte do rol de atividades essenciais, que devem permanecer abertas durante a pandemia. Mesmo assim, o governo do Paraná não autoriza a reabertura destes estabelecimentos.
- Apesar de decreto federal, Paraná mantém academias e salões de beleza fechados
A Secretaria de Estado da Saúde divulgou uma nota de orientação estabelecendo as condições necessárias para funcionamento de shoppings, centros comerciais e galerias no Paraná durante a pandemia do coronavírus. Seguindo tais regras, os shoppings reabriram no dia 25. Academias reabriram logo na sequência.
O governo do estado inaugurou dois hospitais no interior do Paraná: o Hospital Regional de Ivaiporã, no Vale do Ivaí, e o Hospital Regional de Telêmaco Borba, nos Campos Gerais, respectivamente. Ambos já estavam com a abertura planejada pré-pandemia para o fim do ano, mas tiveram os serviços e obras antecipadas para se integrarem à força-tarefa de combate à Covid-19.
Com o aumento de casos e mortes diários na cidade e o crescimento na ocupação dos leitos de UTI, a prefeitura de Curitiba adota a bandeira laranja de alerta para a pandemia na cidade, decretando o fechamento de bares, academias e igrejas. O decreto mantém o funcionamento de shoppings, que, segundo o protocolo, deveriam ser fechados na bandeira laranja, causando severas críticas dos setores afetados.
Motivados pela brecha que manteve shoppings abertos, academias e restaurantes pressionam a prefeitura de Curitiba e conseguem flexibilização no decreto que restringiu suas atividades. Com isso, igrejas também pedem isonomia. Prefeitura recua e, em reunião com demais prefeitos da Região Metropolitana e com o governo do estado, fica estabelecido que um decreto estadual regulamentará o funcionamento do comércio, serviços e transporte público de toda a região. O decreto deve ser publicado nesta sexta-feira (19).
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