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Mais de R$ 720 milhões

Curitiba mira em financiamento internacional para recuperar eficiência do transporte

Obras do Novo Inter 2 avançam por todas as regiões de Curitiba
Obras do novo Inter 2 avançam por todas as regiões de Curitiba; na imagem, o cruzamento da Av. Manoel Ribas com a Rua Jacarezinho (Foto: Levy Ferreira/Prefeitura de Curitiba)

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O novo Inter 2, considerado o maior projeto de mobilidade em execução em Curitiba (PR), segue em ritmo intenso com obras espalhadas por diferentes regiões da cidade. A iniciativa requalifica mais de 40 quilômetros de vias que compõem o itinerário do transporte coletivo com Inter 2 e Interbairros 2, linhas que transportam cerca de 155 mil passageiros por dia e percorrem 28 bairros.

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Com financiamento de US$ 106,7 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e contrapartida de US$ 27,1 milhões da prefeitura — num total de mais de R$ 722 milhões — o programa pretende devolver eficiência ao sistema, reduzir gargalos de tráfego e modernizar a infraestrutura urbana.

Quando foi implantado, no fim da década de 1990, o ônibus da linha Inter 2 tinha velocidade operacional média de 30 km/h. Hoje, roda a cerca de 15 km/h, o que teve como consequência um tempo de viagem dobrado.

A meta, segundo o secretário municipal de Obras, Luiz Fernando Jamur, é recuperar a agilidade inicial. “Queremos voltar a 30 km/h. Isso vai tornar a linha mais atrativa, diminuir o número de carros circulando e devolver confiabilidade ao transporte”, disse.

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O programa foi dividido em sete lotes, fracionados em pacotes para ampliar a competitividade nas licitações. Duas frentes foram concluídas: o chamado lote 2 – pacote 2, com 5,7 km de obras, e o lote 4 – pacotes 1 e 2, que requalificaram 7,2 km na região do Capão da Imbuia.

Cinco lotes estão em execução. Entre eles, o lote 3.1, que percorre bairros do sul da cidade e prevê 10,9 km de intervenções até novembro; e o lote 5, que inclui obras na região das Mercês e deve atingir 90% de conclusão até o mês que vem. Ali, um dos pontos críticos é o cruzamento da Rua Jacarezinho com a Avenida Manoel Ribas, que ganhará binário, calçadas acessíveis e paisagismo.

Ônibus da linha Inter 2 passou de velocidade operacional média de 30 km/h para 15 km/h — e tempo de viagem dobrado.

“Esse trecho não é apenas para o Inter 2. Ele resolve um nó viário histórico e requalifica uma via que hoje não suporta comércio”, explica Jamur. Outro destaque é o lote 4 – pacotes 3 e 4, iniciado em abril, que inclui a construção de um viaduto na divisa com o município de Pinhais, duas pontes paralelas e melhorias nas avenidas Victor Ferreira do Amaral e João Leopoldo Jacomel.

As intervenções têm impacto metropolitano, com obras de macrodrenagem e bacias de contenção para mitigar alagamentos. Segundo Márcio Teixeira, coordenador-geral da Unidade Técnico-Administrativa de Gerenciamento (Utag) — órgão vinculado à prefeitura de Curitiba e responsável pela coordenação de projetos com financiamento internacional — as intervenções vão além da prioridade ao transporte coletivo.

“Estamos reestruturando vias que atendem não só o Inter 2, mas também outras linhas e regiões com gargalos históricos, como a ligação da Francisco Derosso com a Avenida Brasília. O projeto melhora o fluxo do ônibus sem reduzir a capacidade do tráfego em geral e ainda beneficia pedestres e ciclistas”, explica.

Base da primeira das duas pontes a serem erguidas sobre o Rio Atuba, no Tarumã Base da primeira das duas pontes a serem erguidas sobre o Rio Atuba, no Tarumã. (Foto: Isabella Mayer/Prefeitura de Curitiba)

Lote 1 das obras do Inter 2 teve rescisão de contrato

Ainda faltam licitar trechos importantes, entre eles o lote 1, que precisou de rescisão contratual e será retomado com nova empresa até o fim do ano. Também estão em fase de licitação o lote 2 – pacote 2, os lotes 4.1 e 5 – pacote 1 e os pacotes 4, 5 e 6 do lote 3.1. A previsão da prefeitura é que, em 2026, todas as frentes estejam em execução.

Além da prioridade ao transporte coletivo, o projeto contempla ciclovias, novas calçadas, iluminação pública e melhorias de acessibilidade, atendendo exigências socioambientais do BID. Segundo Teixeira, o cuidado está em equilibrar a mobilidade.

A nova configuração prepara Curitiba para a eletrificação da frota, com linhas projetadas para receber ônibus elétricos.

“Não se trata de tirar espaço dos carros para abrir faixas exclusivas (para ônibus). As vias mantêm sua capacidade original, enquanto o coletivo ganha fluidez e o pedestre e o ciclista passam a ter mais segurança”, afirma.

Com a conclusão, a expectativa é ampliar o número de usuários para 181 mil por dia, quase 20% a mais que atualmente. A nova configuração prepara Curitiba para a eletrificação da frota, com linhas projetadas para receber ônibus elétricos.

“É um investimento que não se limita ao transporte; valoriza imóveis, reestrutura bairros inteiros e prepara a cidade para o futuro da mobilidade”, afirma Jamur. Segundo o secretário, no Cajuru, por exemplo, onde parte das obras já foi entregue, a valorização imobiliária chegou a 100%.

O desafio, até o fim das obras, é conviver com os desvios e bloqueios temporários. A prefeitura aposta em comunicação ativa com comerciantes e moradores para reduzir o impacto imediato. A aposta central é que, quando finalizado, o novo Inter 2 traga mais rapidez, conforto e confiabilidade ao transporte coletivo curitibano — devolvendo ao corredor a importância que já teve na vida da cidade.

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