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O presidente da Alep Ademar Traiano (PSD) confessou ao Ministério Público ter recebido propina.
O presidente da Alep Ademar Traiano (PSD) confessou ao Ministério Público ter recebido propina.| Foto: Arquivo / Gazeta do Povo / Albari Rosa

O empresário Vicente Malucelli disse, em delação premiada ao Ministério Público do Paraná (MP-PR), que gravou as conversas em que o deputado Ademar Traiano (PSD) pediu propina “para se proteger”. Traiano e o ex-deputado e ex-primeiro secretário da Alep Plauto Miró confessaram ter recebido R$ 200 mil de Malucelli para renovarem o contrato da TV Icaraí em 2015 – a empresa faz parte do grupo J. Malucelli e era a responsável pela prestação de serviços na TV Assembleia.

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“Os primeiros R$ 50 mil do Traiano eu fui levar em mãos, um envelope, e ele começou, posterior a isso, a me pressionar, assim, sem nenhum tipo de pudor. Me ligar e me pressionar ‘Cadê meu dinheiro? Cadê meu dinheiro? Quando é que você vem?’. Até que chegou um dia que eu falei assim, para me proteger, eu vou ter que gravar esse cara”, disse Vicente Malucelli na delação premiada.

Pagamento de propina foi feito em parcelas, segundo delação do empresário

Em 2012, a TV Icaraí venceu a licitação para prover os serviços da TV Assembleia. O contrato valia por três anos, e poderia ser renovado por igual período. O pedido de propina, relatou Malucelli ao MP-PR, ocorreu em 2015, durante esse processo de renovação, e foi revelado ao Ministério Público em uma delação premiada feita pelo empresário em 2020.

Na delação, o empresário disse que Plauto, então 1º Secretário da Alep, e Traiano, presidente do Legislativo Estadual, pediram R$ 300 mil de propina para que o contrato fosse renovado. O pedido teria sido feito por Traiano na forma de uma “ajuda para a campanha”. Ao MP-PR Malucelli disse ter fingido que não havia entendido qual ajuda seria essa.

“O Plauto não abriu a boca, e o Traiano escreveu em um papel o valor de R$ 300 mil. Aí eu falei ‘vou repassar para o acionista principal e eu venho com o retorno’”, disse Malucelli. “Eu entendi naquele momento que se eu não colaborasse ou se não desse essa ajuda de campanha eu ia ter o contrato rescindido”, completou.

Joel Malucelli, principal acionista do grupo J. Malucelli a quem Vicente apresentou o pedido de propina dos deputados, teria ficado “consternado” com o valor. Depois de muita conversa, disse o empresário, o valor final da propina ficou acertado em R$ 200 mil, metade para Traiano e metade para Plauto. “Três, quatro dias depois eles aceitaram”, afirma Malucelli.

Traiano teria, segundo as investigações, recebido sua parte da propina em dois pagamentos. O primeiro, em espécie, teria sido feito no gabinete da presidência da Alep. O segundo, pago em três cheques, teria sido feito no hall de entrada no prédio onde o deputado mora.

Quanto aos pagamentos a Plauto Miró, Vicente Malucelli disse aos promotores que o valor da propina foi dividido em duas parcelas. Os primeiros R$ 50 mil foram pagos em 24 de setembro de 2015, e o restante uma semana depois. Em ambas as ocasiões, Plauto teria ido à sede da J. Malucelli para receber o dinheiro.

Vicente Malucelli, Ademar Traiano, Alep e MP-PR disseram, em nota, que não vão se pronunciar sobre a delação e o acordo porque o processo está correndo sob sigilo na Justiça. A reportagem tenta contato com Plauto Miró.

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