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Grupo Pátria arrematou o lote 1 do pedágio no Paraná em leilão realizado na B3, em agosto.
Grupo Pátria arrematou o lote 1 do pedágio no Paraná em leilão realizado na B3, em agosto.| Foto: Jonathan Campos/AEN

Vencedor do leilão do primeiro lote de rodovias que integra o novo modelo do pedágio no Paraná - e tido como concorrente certo para o segundo lote que vai a leilão nesta sexta-feira (29) na B3 - o Grupo Pátria foi gestor de um fundo de investimentos de administração de shopping centers que está em processo de recuperação judicial. O processo ocorre após um banco credor iniciar ação para assumir a propriedade dos imóveis em um modelo conhecido como cessão fiduciária.

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Do total de R$ 650 milhões em dívidas, próximo a R$ 500 milhões seriam desta cessão fiduciária do banco. A PCS Shoppings (Portfólio Centro-Sul Participações), ativo que o Pátria tinha participação, teve seu pedido de recuperação atendido pela Justiça em agosto, um mês depois da venda pelo Pátria seguido de um registro de prejuízo no negócio que não vinha bem há alguns anos.

Segundo o Valor Econômico, o Pátria investiu em 2011 na Tenco (sócia do fundo), em aplicações de investimentos em participações com alocações em uma holding que fazia os investimentos da Tenco em 13 empreendimentos na época. Parte deles foi comercializada nos anos de 2021 e 2022 no auge e no pós-pandemia da covid-19. Quatro ficaram nos ativos, os que estão em recuperação judicial, com shoppings nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina.

Para justificar o pedido judicial, os empreendimentos afirmam que houve “desequilíbrio da estrutura de capital, aumento da inadimplência de aluguel, vacância das lojas e queda de receitas”, condição que teria sido intensificada com os efeitos da pandemia. O banco credor contesta e diz que, como proprietário fiduciário, não estaria sujeito aos efeitos da recuperação judicial “e poderá exercer a prerrogativa contratual de executar suas garantias sem se sujeitar à novação recuperacional”.

Sob o risco da perda dos imóveis, o grupo pediu uma cautela tutelar que foi concedida pouco antes da recuperação judicial. A disputa segue na Justiça, envolvendo ainda o fundo que agora adquiriu os ativos.

Quando anunciou a saída do investimento, o Pátria disse que a transferência de todos os ativos, passivos e obrigações da holding e de seus shoppings passava para o comprador, que na época não foi informado, mas afirmou que ele tinha a “expertise em reestruturação de negócios e empresas do setor imobiliário”. Procurada pela Gazeta do Povo, o Pátria não respondeu aos questionamentos sobre o fundo específico.

Grupo Pátria mantém saúde financeira e participação em segmentos diversos

Esta era só mais uma das áreas de investimentos do grupo que, segundo analistas de mercado, é considerado consolidado e seguro. A própria gestora evidenciou na época que foi apenas um dos fundos que não deu certo. Ao comunicar que havia fechado no vermelho, ficando em R$ 16 milhões negativos em julho, um dos principais sócios do Pátria, José Augusto Teixeira, afirmou que os sócios poderiam cobrir totalmente o aporte necessário.

O Grupo Pátria tem atuação global e mais de 30 anos no mercado de investimentos alternativos, focado na América Latina, e, em especial, no Brasil.

Em 2022, o grupo contava com aproximadamente R$ 138 bilhões em ativos sob gestão, divididos entre as áreas de Private Equity (R$ 53,5 bilhões), Infraestrutura (R$ 28,9 bilhões), Crédito (R$ 25,1 bilhões), Ações Listadas (R$ 10,8 bilhões), Real Estate (R$ 7,2 bilhões) e Advisory & Distribuição (R$ 12,3 bilhões). Segundo o próprio grupo, a gestão dos ativos é apoiada por um time de mais de 20 sócios que trabalham há pelo menos 15 anos juntos, em média.

“O Pátria é um fundo de investimentos em diversos setores, é consolidado e tem bastante experiência de mercado. No setor (rodovias) já atua há muito tempo”, destacou o especialista, porta-voz e sócio-diretor da A&M Infra, Rafael Marchi.

Ao tratar do grupo, que venceu o lote 1 do pedágio paranaense no último mês, que foi concorrido pela Infraestrutura Brasil Holding XXI - e oferta de 18,25% de desconto sob a tarifa inicial proposta - a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) destacou que se trata de uma “gestora de investimentos com experiência global, fundada em 1988, com dez escritórios em importantes centros financeiros do mundo, incluindo São Paulo”.

A ANTT considerou ainda que o grupo é especializado na gestão de investimentos em diversas áreas, como energia, logística, infraestrutura de dados, transporte rodoviário e hidroviário e que possui expertise na concessão de rodovias, sendo responsável por três outorgas em rodovias de São Paulo: Eixosp, Concessionária Auto Raposo Tavares (Cart) e Entrevias.

Quem são os principais nomes na gestão do Grupo Pátria?

Ocupam funções no comitê de investimentos do Pátria: Otavio Castello Branco (Senior Managing Partner e Chairman do Comitê de Investimentos), Alexandre Saigh (Senior Managing Partner e CEO do Pátria Investimentos), Olimpio Matarazzo (Senior Managing Partner e Chairman do Conselho do Pátria Investimentos), André Sales (Managing Partner, CEO e CIO do Pátria Infraestrutura), Ricardo Scavazza (Managing Partner, CEO e CIO do Pátria Private Equity) e Daniel Sorrentino (Managing Partner e Líder de Estratégias Brasil).

Os sócios de infraestrutura incluem Otavio Castello Branco (Senior Managing Partner e Chairman do Comitê de Investimentos), Andre Sales (Managing Partner, CEO & CIO do Pátria Infraestrutura) Felipe Pinto (Sócio & Head de Novos Investimentos de Infraestrutura) Marcelo Souza (Sócio, Head do Setor de Energia & CIO Pátria Cor)  Roberto Cerdeira (Sócio & Head do Setor de Logística e Transportes). A reportagem solicitou ao Pátria a relação completa dos sócios, mas até a publicação o grupo não havia respondido aos questionamentos.

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