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Filomena Maria da Conceição morreu em 16 de junho de 2020
Filomena Maria da Conceição morreu em 16 de junho de 2020| Foto: Arquivo da família

Ela sobreviveu a duas guerras mundiais, acompanhou o surgimento das inovações tecnológicas que revolucionaram o planeta no último século, resistiu a incontáveis crises econômicas, políticas e até pandemias, como a gripe espanhola. Filomena Maria da Conceição era considerada umas das pessoas mais velhas do mundo e faleceu vítima de pneumonia aos 120 anos, 3 meses e 10 dias no último dia 16 de junho, em Douradina, no noroeste do Paraná.

Alagoana, nasceu em União dos Palmares no longínquo ano de 1900. Passou grande parte da vida na cidade que fica em uma região de mata, onde pescava e trabalhava na lavoura. Lá cultivava arroz e café, entre outros. A formação que recebeu foi da vida, não teve nenhuma formação escolar. Passou os anos de trabalho no campo.

Do casamento – que aconteceu quando ainda era uma menina, aos 15 anos –, não guardava boas recordações, já que sofreu agressões do marido. Da união vieram seis filhos. Para escapar da violência, separou-se e trouxe quatro crianças ao Paraná, primeiramente em Rondon, depois em Douradina, em caminhão pau-de-arara. Nunca mais quis se casar. Viveu rodeada por familiares, mas suas filhas se espalharam pelo país. Reencontrou uma delas, a caçula, após 59 anos afastadas. Josenilda Martins foi localizada com a ajuda da internet.

Filó, como era conhecida, tinha esperança de reencontrar a outra filha que deixou para trás – que não via há mais de 60 anos. Ela sempre dizia que seu maior desejo era rever a filha Maria José Martins.

No interior do Paraná, sua vida era simples. Plantava e cozinhava os alimentos da família, praticamente tudo orgânico, cultivado pelas próprias mãos. Sua especialidade eram os doces caseiros. Talvez um dos segredos de sua longevidade fosse a taça de vinho que costumava tomar todas as tardes, antes do jantar.

“Imagine, por um momento, que você tivesse nascido em 1900. Quando você tem 14 anos, começa a Primeira Guerra Mundial e ela termina quando você tem 18, com um saldo de 22 milhões de mortos. Logo depois, aparece uma pandemia mundial; a gripe espanhola, matando 50 milhões de pessoas. E você está vivo e com 20 anos”, escreveu a neta Marineide Santos.

“Hoje queixamo-nos porque temos que usar máscaras para entrar nos supermercados. Uma pequena mudança na nossa perspectiva, pode gerar milagres. Vamos agradecer você e eu que estamos vivos e vamos fazer tudo o que é necessário para nos protegermos e nos ajudarmos uns aos outros. Sua história, vó, a senhora foi um grande milagre em nossas vidas”, conclui a neta.

Deixa 6 filhos, 33 netos, 40 bisnetos e 14 tataranetos.

(Com informações de Rogério de Souza Pires)

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