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Os governadores da região Sul do Brasil se encontraram na manhã desta quinta-feira (12), em Curitiba (PR), na abertura do evento Construa Sul, onde participaram da plenária “Por que investir no Sul do país?” para discutir a economia regional e o desenvolvimento do setor da construção civil nos estados do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. A primeira edição do evento foi promovida pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic).
Os governadores Ratinho Junior (PSD-PR), Jorginho Mello (PL-SC) e Eduardo Leite (PSD-RS) apresentaram os dados econômicos dos estados e as medidas tomadas durante os mandatos para incentivar a construção civil, atrair empresas e gerar empregos na região Sul, responsável por quase 18% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial do país.
Em comum, os governadores da região Sul se contrapõem ao governo Lula ao defenderem a desburocratização da máquina para facilitar o ambiente de negócios, o ajuste das contas públicas sem medidas arrecadatórias que encarecem o custo da produção e as parcerias com as empresas privadas para acelerar o desenvolvimento com obras de infraestrutura e habitação.
Parceria com o setor privado no maior programa habitacional da região Sul
No evento, Ratinho Junior apresentou durante o programa Casa Fácil, considerado um dos maiores projetos habitacionais do país, que inovou com o subsídio público na entrada do financiamento da casa própria, que é o principal problema para adesão dos interessados ao programa federal Minha Casa, Minha Vida.
Ele lembrou que o programa paranaense foi lançado após o governo estadual “entender a cabeça do privado” em reuniões com a participação de representantes da construção civil.
“Quando chamamos o setor para conversar, eles nos relataram a dificuldade da pessoa ter o valor de entrada. Foi então que disponibilizamos R$ 500 milhões para o programa, com um detalhe: quer construir em Curitiba, ótimo, mas também tem que construir na cidade de três mil habitantes. Fizemos essa mescla e pulverizamos essas construções, e vamos chegar a mais de 100 mil unidades”, comentou.
Em maio, Ratinho Junior lançou um novo pacote na área de habitação que incentivará o setor da construção civil no Paraná, com investimentos que devem chegar a R$ 1,5 bilhão. “O governo já colocou nesse programa R$ 1,4 bilhão, que gerou da iniciativa privada R$ 18 bilhões. Com imposto a 12%, já voltou mais do que nós investimos. Então, o setor privado fez o programa, hoje, com custo zero para o Paraná”, completou o governador, que ainda lembrou que o programa foi replicado em outros 16 estados.
Leite afirma que governo federal precisa fazer “lição de casa” ao invés de aumentar impostos
Eduardo Leite criticou a “sanha arrecadatória” do governo Lula e disse que a atual gestão federal não mostra a mesma disposição para redução de despesas, assim como os governadores do Sul que promoveram ajustes e revisões de gastos públicos nos últimos anos nos respectivos estados.
Segundo ele, as medidas são importantes para alavancar os setores produtivos da economia brasileira. “Existem temas nacionais que precisam ser debatidos, que também afetam a construção civil, entre eles, as tentativas do governo federal de tributação sobre a LCI [Letras de Crédito Imobiliário], por exemplo, que é fundamental no processo de financiamento do setor imobiliário. Isso retira recursos do setor produtivo, fundamentais para geração de riqueza”, aponta Leite.
Por outro lado, o mandatário gaúcho afirma que o governo federal não mostra o mesmo apetite para “fazer a lição de casa” e controlar os gastos, sendo que as medidas de aumento de impostos para cobrir as despesas públicas impactam, diretamente, o setor produtivo. “Não há nenhum apetite por parte do governo federal de fazer reformas estruturantes, reforma administrativa, revisão de gastos previdenciários que ajudem o país a colocar as contas em ordem e tirar o sobrepeso do contribuinte”, critica.
No palco do evento, Leite lembrou da reforma fiscal no primeiro mandato no Rio Grande do Sul. De acordo com ele, o estado gaúcho estava com os salários atrasados, impostos majorados, sem capacidade de investimentos e com dívidas com o governo federal em 2019. “Apesar do Rio Grande do Sul ter uma economia forte, o governo estava desajustado e não há sociedade próspera com um governo sem ajustes. Não existe nenhum caso no mundo. O Brasil está vendo a ameaça que o desajuste das contas públicas impõe para sustentar o crescimento econômico.”
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O governador de Santa Catarina apresentou os números do PIB catarinense, que cresceu 5,3% no ano passado, acima dos 3,4% registrados pelo país em 2024, e afirmou que as iniciativas “entrelaçadas” com os estados vizinhos potencializam as unidades da federação da região.
Opositor do presidente Lula, Mello voltou a criticar a política econômica petista e destacou a autonomia estadual para o desenvolvimento regional. “Santa Catarina está firme e forte para superar as dificuldades. Infelizmente, o Brasil não vai bem, por causa de quem está dirigindo o país e isso atrapalha muito. Nós já aprendemos a viver sozinho. O Sul vive sozinho. A gente aprendeu a fazer os deveres de casa e por isso que a gente não se aperta”, declarou.
Mesmo evitando tocar no assunto, Ratinho Junior e Leite, ambos do PSD, foram questionados pela imprensa sobre a possibilidade de disputar as eleições presidenciais em 2026, o que também foi lembrado pelo governo catarinense durante discurso no palco. “Temos dois candidatos a presidente da República. Se o negócio não funcionar lá pra cima, nós passamos uma trena do lado de cá e fazemos o Sul o nosso país”, disse Mello.
Ele ainda afirmou não ter dúvida de que a direita e a centro-direita irão vencer a corrida presidencial em 2026. “Não será mais o PT e seus puxadinhos, pois eles já estragaram demais o Brasil. Aqui temos dois presidenciáveis e têm outros mais. Depois teremos segundo turno.”
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