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Guarda Municipal Mirim de Curitiba.
Guarda Municipal Mirim de Curitiba.| Foto: Valdecir Galor/Arquivo/SMCS

Leonardo do Nascimento, o Léo, é um menino de 10 anos, morador do bairro Umbará, em Curitiba. No início de 2022, ele recebeu na escola em que estuda um convite para participar de um projeto da Prefeitura da capital: a Guarda Municipal Mirim. A princípio, a ideia não foi levada muito a sério pela família por causa de um detalhe: Léo é cadeirante.

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“Quando recebemos o bilhete nos chamando para conversar, não dei muito valor. Achei que não tinha muita coisa para ele fazer, por causa da cadeira de rodas. Mesmo assim fomos à reunião, conversamos bastante com o pessoal e eu acabei convencida a deixar ele fazer a prova. Se fosse aprovado, isso seria mérito dele. Ele topou fazer a tal da prova. E acabou passando”, lembra a mãe de Léo, Claudinéia Rosa do Nascimento, em entrevista à Gazeta do Povo.

A partir daí, apontou a mãe, o que se viu foi uma transformação radical no comportamento do filho. "Transformação para melhor", frisa Claudinéia. O menino, antes tímido e acanhado, sem muita vontade de frequentar a escola, passou a ter mais responsabilidades e se tornou mais confiante. Para a mãe, não há dúvidas, graças ao projeto da Guarda Municipal Mirim.

“Foi só começar a participar e mudou tudo na vida dele. Ele tinha muito medo, era muito tímido e agora está mais corajoso. Ele ficou muito mais esperto, agora está todo orgulhoso de participar da Guarda Municipal Mirim. O Léo fez parte de um acampamento e foi tratado como um igual entre todos lá na turma. Ele é incluído em todas as atividades, e isso acaba nos motivando. Fez muita diferença para ele e para a gente também”, avalia Claudinéia.

Programa já contou com mais de 50 mil crianças

Leonardo é uma das mais de 50 mil crianças que já passaram pelo programa da Guarda Municipal Mirim (GMM) de Curitiba desde sua fundação, em 2004. Naquele ano, 80 crianças da Escola Municipal Donatilla Caron dos Anjos, no Uberaba, foram as primeiras a fazerem parte das atividades.

Em 2019, quando a Guarda Municipal Mirim de Curitiba completou 15 anos de fundação, uma cerimônia homenageou os pioneiros do projeto. Um dos presentes era o cirurgião dentista Antônio Carlos Becker Junior, que lembrou com carinho das atividades feitas durante o primeiro ano do projeto. “Os acampamentos e acantonamentos da Guarda Mirim são algumas das melhores lembranças da minha infância. O que sou hoje é por conta da Guarda Mirim e da minha mãe”, lembra.

Pandemia afetou participação na GMM

A pandemia de Covid-19 afetou as atividades da Guara Municipal Mirim, como aponta o coordenador de Projetos Sociais do Centro de Formação da GM, supervisor Carlos Oliveira. Em entrevista à Gazeta do Povo, ele confirmou que no ano passado foram 13 as escolas municipais a participarem do programa. É a metade do registrado em 2019, último ano antes da pandemia.

Mesmo assim, reforça o supervisor, a programação segue com as mais variadas atividades dentro da GMM. “As atividades são realizadas no contraturno escolar, e os estudantes são divididos em pelotões. O primeiro é com os alunos de 4ª e 5ª séries, e o segundo é com as turmas de 6ª e 7ª séries. Eles passam por instruções de primeiros socorros, de ordem unida, meio ambiente, cidadania, urbanidade, sustentabilidade, trânsito, patrulha, são várias atividades realizadas duas vezes por semana, duas horas por dia, na própria escola onde o aluno estuda”, detalhou.

Como é o processo de seleção para a Guarda Municipal Mirim de Curitiba

O processo de seleção para a Guarda Municipal Mirim de Curitiba é feito dentro das escolas públicas participantes - mais informações podem ser obtidas pelos telefones (41) 3246-2522 ou (41) 3268-1730. O trabalho é conduzido pela equipe pedagógica da unidade escolar, que atribui pontos a alguns aspectos, como risco social familiar, conduta de comportamento e interatividade da criança, além de aspectos de aprendizagem e outros fatores. Quanto maior for a pontuação, explica o supervisor, mais indicada é a participação da criança no projeto.

“O estudante passa por essa avaliação, onde não há considerações sobre o porte ou aspectos físicos dessa criança ou adolescente. Elas preenchem uma ficha de inscrição e passam por uma triagem pedagógica. Nessa etapa, a responsabilidade é dos pedagogos das escolas. Quanto mais eles percebem essa necessidade de fazer com que a criança participe do programa, porque está em risco social maior ou tem potencial para melhorar na interatividade e na aprendizagem, maior é o incentivo para que essas famílias levem a criança a participarem do programa”, diz Oliveira, lembrando que não há nenhuma forma impositiva de participação.

Orgulho e responsabilidade

Entre os objetivos, reforça o supervisor, está a integração e a participação dos jovens e suas famílias no ambiente escolar, e por conseguinte, na sociedade. Nos depoimentos que recebem no momento da desincorporação, que é quando os jovens completam a idade máxima de participação na GMM, lembra Oliveira, vêm a confirmação de que esses objetivos estão sendo atingidos.

“A gente percebe que há um aumento da autoestima dos participantes. Eles são incentivados a participar em atividades voluntárias e acabam levando as famílias para também fazerem parte dessas atividades. Os professores e os pais relatam mudanças positivas no comportamento desses jovens. É uma mudança radical mesmo”, comenta.

Com o pequeno Leonardo foi assim, como aponta a mãe do menino. “Ele não gostava muito de estudar, na verdade. Depois da Guarda Municipal Mirim, ele entendeu que essa é a responsabilidade dele. Lá nas atividades eles ganham pontos por mérito. Isso incentivou o Léo a buscar cada vez mais esses pontos, e assim ele aprendeu a ter mais responsabilidade. Hoje quando ele fala que faz parte da Guarda Municipal, fica todo orgulhoso”, comemora Dulcinéia.

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