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Indústria aposta em aprendizagem para formar mão de obra qualificada
Jovens aprendem durante aulas do Senai.| Foto: Divulgação/Fiep

Para os jovens, iniciar a aprendizagem é uma oportunidade de entrar no mercado de trabalho e obter chances de crescimento profissional. Para as empresas que oferecem as vagas, ter menores aprendizes aumenta a possibilidade de moldar novos talentos, além de diversificar o quadro de funcionários.

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Cada vez mais jovens paranaenses estão percebendo esta oportunidade. De acordo com a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e Previdência, em 2016 eram 23,5 mil jovens no Paraná contratados como menor aprendiz. O número saltou para 31,7 mil cinco anos depois, um crescimento de 35%. A indústria tem índices de contratação acima da média geral do estado, com aumento de 62% entre 2021 e 2016. Conforme a Rais, a Região Sul do Brasil está em segundo lugar na contratações de aprendizes, com mais de 91 mil postos de trabalho.

Crescimento profissional

Foi em 2016 que Anderson Fracaro iniciou o trabalho na indústria, como aprendiz na Caterpillar, na área de fabricação. Ele observou os primeiros exemplos de trabalho industrial com a família. Anderson passou pela usinagem, em seguida para o setor de qualidade e agora atua como analista de qualidade. Como resultado, ganha quase cinco vezes mais se comparado ao começo da carreira. Aos 28 anos, está terminando a faculdade de Engenharia de Produção e pretende seguir estudando para evoluir na carreira. “Procurei me desenvolver, conforme as oportunidades que eu recebi. Passei por várias áreas da empresa, aprendi muito. Fiz o curso de técnico mecânico e agora estou me formando em engenharia. Desde que comecei, foram ótimas oportunidades e a indústria vai dando as diretrizes”, diz ele.

Aprendizagem atende demandas da indústria

Para as empresas, esta é uma oportunidade de formar mão de obra qualificada. E para isso contam com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). “Defendemos que a aprendizagem é uma importante estratégia de geração de oportunidades para os jovens, de renovação do quadro de pessoal qualificado para as empresas e, ao mesmo tempo, de aumento da produtividade e da competitividade do país. É importante fortalecer o caráter educacional e de profissionalização da aprendizagem, indo além de uma política pública de auxílio financeiro temporário para jovens, mas sim com o propósito de uma 'aprendizagem de qualidade'", analisa a coordenadora de Educação e Negócios da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Juliana Maia.

A Lei de Aprendizagem (10.097/2000) determina que empresas de médio e grande porte devem contratar aprendizes entre 14 e 24 anos. O número exigido varia de acordo com a quantidade total de funcionários. A lei também estabelece que as empresas ofereçam um curso de aprendizagem profissional em conjunto com as entidades formadoras.

Um decreto publicado em 2022 (nº 11.061)  tirou algumas travas em relação à Lei da Aprendizagem. Flexibilizou as exigências de idade, conforme a atividade, e incluiu pessoas com deficiência, independentemente da idade.

A inclusão de jovens é uma oportunidade para quem está começando no mercado de trabalho. Aos 20 anos, Eloisa Torquato está há seis meses na Aker Solutions, empresa que fabrica equipamentos para exploração de petróleo. Logo que soube da vaga, se candidatou, fez o processo seletivo e entrou. Dentro da empresa, iniciou o curso de ferramentaria de dispositivos. “De segunda a sexta estou em horário administrativo na empresa,  fazendo o curso do Senai. É ótimo, eu aprendo e consigo colocar em prática, na fábrica, a maior parte das coisas que passam no curso.”, comemora Eloisa, que tem uma filha de um ano de idade.

Ela também considera o salário e o vale-alimentação. “Além do salário, ganho vale-alimentação, isso faz diferença. Penso em fazer Engenharia Mecânica, ainda tenho muito para conhecer. Depois que deixar de ser aprendiz, com o salário maior, sem dúvida consigo investir numa faculdade”, declara a menor aprendiz.

Em algumas empresas, como a Bosch, o número de aprendizes está acima do que exige a Lei da Aprendizagem. A multinacional alemã de engenharia e tecnologia vê vantagens neste tipo de colaborador: existe a possibilidade de desenvolver os aprendizes de acordo com as competências que a empresa precisa; favorece o sentimento de pertencimento, identidade e valorização do futuro trabalhador; e obtém alta qualidade de qualificação com as entidades parceiras. Na Bosch, o índice de efetivação de menores aprendizes é alto, 95%.

Para a economista Mari Santos, a aprendizagem favorece a adoção de medidas para a prática de ESG, sigla em inglês usada para ações de meio ambiente, responsabilidade social e práticas de governança. “Quando contrata aprendizes, a empresa educa de acordo com a cultura organizacional. Isso pode aumentar a produção e melhorar a vida deste jovem e da sociedade como um todo. Isso contribui para a responsabilidade social. Este aprendiz não vai estar deslocado e improdutivo na sociedade. Hoje existe a dificuldade de encontrar um profissional qualificado para diversas vagas. O regime de aprendizagem oportuniza para novas perspectivas”, avalia ela.

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