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Análise de solo é o primeiro passo para uso racional de fertilizante.
Análise de solo é o primeiro passo para uso racional de fertilizante.| Foto: A. Neto/Arquivo Embrapa

A falta de fertilizantes em todo o mundo, a alta nos preços e o impacto deste cenário sobre a produção da próxima safra está provocando uma grande mobilização de entidades públicas e privadas ligadas ao agronegócio no Brasil. O objetivo é assegurar uma boa produtividade com o uso racional de adubos, sem desperdício.

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Num esforço concentrado, a Embrapa, as entidades representativas dos produtores rurais, as cooperativas, as empresas de assistência técnica e extensão rural e as indústrias de fertilizantes uniram-se para organizar a Caravana Embrapa FertBrasil. A caravana começou em maio, já passou por Mato Grosso do Sul e São Paulo e irá percorrer 48 regiões agrícolas brasileiras. Chega nesta terça-feira (21) ao Paraná, seguindo até sexta-feira (24). Vai passar por Guarapuava, Cascavel, Londrina e Ponta Grossa, cidades-polo das principais regiões produtoras do estado.

“Vamos procurar sensibilizar os agricultores sobre o que é possível fazer na próxima safra [que começa a ser plantada em setembro], usando os conhecimentos disponíveis para aplicar os fertilizantes de forma racional”, observa Fábio Álvares de Oliveira, pesquisador da Embrapa Soja, que tem sede em Londrina, no Norte do Paraná. Segundo o pesquisador, “é possível reduzir [o volume de adubo], mantendo os mesmos níveis de produtividade. O primeiro passo é fazer um bom diagnóstico”.

Bruno Vizioli, do departamento técnico e econômico do Sistema Federação da Agricultura do Paraná (Faep), uma das organizadoras do evento, ressalta a importância da análise de solo. “É um procedimento simples, barato e muito eficiente que o agricultor deixa de fazer por desconhecimento”, diz. “Uma análise custa R$ 70. Numa área de mil hectares, o produtor terá que fazer 10 análises, vai gastar R$ 700, mas pode economizar muito mais usando apenas a quantidade de fertilizante necessário”, observa. Ele esclarece que "o ideal seria fazer a análise a cada safra [de seis em seis meses], mas se fizer anualmente já está bom".

Segundo Vizioli, “o produtor brasileiro pecava pelo excesso. Sempre colocou muito fertilizante no solo porque tinha bastante e era barato. Não havia um monitoramento para saber se o que estava sendo usado era o necessário. Pode ser que a necessidade seja menor”, pontua. Ele reforça que a planta não absorve mais nutrientes do que o necessário.

“Não quer dizer que quanto mais adubo maior será a produtividade. Isso está errado. A produtividade é um reflexo de vários fatores: semente com bom material genético, manejo adequado, uso de fungicidas e pesticidas, clima e, também, a adubação”, pontua.

Economia pode ser de US$ 1 bilhão, prevê Ministério da Agricultura

A estimativa do Ministério da Agricultura, que coordena o Plano Nacional de Fertilizantes, é que possa haver uma economia de até 20% no uso de fertilizantes no Brasil, já na safra 2022/23, podendo resultar em até US$ 1 bilhão de economia para o produtor rural brasileiro.

A caravana é a ação de curto prazo do Plano Nacional de Fertilizantes. Há ações de médio e longo prazo que buscam identificar os gargalos do setor e reduzir a dependência externa, incentivando a indústria nacional. A meta é chegar em 2050 com uma redução de pelo menos 50% na importação de fertilizantes.

O Brasil, atualmente, consome cerca de 8,5% dos fertilizantes em nível global, ocupando a quarta posição. China, Índia e Estados Unidos aparecem no topo da lista de consumo.

Esses países são grandes produtores mundiais de fertilizantes, à exceção do Brasil, que importou em 2021 cerca de 89% das 43 milhões de toneladas consumidas na produção agrícola. No país, as culturas de soja, milho e cana-de-açúcar respondem por mais de 73% do consumo de adubos. A Rússia é responsável por fornecer 25% dos fertilizantes para o Brasil. Junto com a Bielorrússia, chega a fornecer mais de 50% do potássio consumido pelo agricultor brasileiro anualmente.

A guerra entre Rússia e Ucrânia agravou a falta de fertilizantes, problema que já havia começado em 2019, quando a China, grande exportador de fertilizantes, reduziu a exportação.

Alimentos ficarão mais caros com falta de fertilizantes

“A China passou por uma crise energética e precisou investir em termoelétricas, que são movidas a gás natural, a mesma matéria-prima dos fertilizantes nitrogenados”, explica Bruno Vizioli, da Faep. Com isso, segundo ele, houve uma redução da disponibilidade do produto no mercado internacional, impactando o preço.

O técnico da Faep acredita que não haverá falta de fertilizantes no Brasil, “mas certamente estarão mais caros, o que vai elevar o nosso custo de produção”. Segundo ele, o impacto chegará à mesa do consumidor porque os alimentos básicos vão ficar mais caros.

Uma consequência, segundo Vizioli, é que para compensar o alto custo pago pelo fertilizante, que é cotado em dólar, os produtos destinados ao mercado externo serão priorizados. "Soja e milho, também cotados em dólar, serão mais produzidos do que os alimentos básicos”, observa.

Caravana no Brasil e no Paraná  

A Caravana Embrapa FertBrasil é realizada pelo governo federal, por iniciativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, da Embrapa e da Rede FertBrasil, com o patrocínio da Bayer e da Rede ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta). Tem apoio da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) e do Banco do Brasil. A expectativa é atingir, em todo o Brasil, cerca de 10 mil profissionais, tornando-os multiplicadores das técnicas e orientações repassadas pela equipe da Embrapa e de instituições parceiras que integrarão a Caravana.

No Paraná, a iniciativa conta com o apoio do Sistema Federação da Agricultura do Paraná (Faep/Senar), Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Conselho Regional de Engenharia Agronômica (Crea), Federação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná, e Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná).

Programação no Paraná

Os encontros foram divididos em cinco módulos e ocorrem no período da manhã, das 8h às 12h30.

  • Módulo 1 - Ferramentas para o planejamento agrícola: onde e quando plantar?
  • Módulo 2 -  Boas Práticas para o Uso Eficiente de Fertilizantes e insumos para a nutrição de Plantas no Brasil 
  • Módulo 3 - Novas tecnologias para suprimento eficiente de nutrientes às plantas 
  • Módulo 4 - Uso de tecnologias digitais e sistemas de informação para recomendação de fertilizantes e insumos para a nutrição de plantas no Brasil
  • Módulo 5 - Tecnologias e práticas de manejo para a Sustentabilidade Agroambiental.

Guarapuava (PR)
Local: Auditório do Sindicato Rural de Guarapuava -Rua Afonso Botelho, nº 58, Bairro Trianon
Data: 21/06
Horário: 8h às 12h30
Inscrição gratuita: http://lp-cnpso.comunica.embrapa.br/caravana-fertbrasil-21-06-guarapuava-pr

Cascavel (PR)
Local: ACIC - Associação Comercial e Industrial de Cascavel - Rua Pernambuco, nº 1800, Centro
Data: 22/06
Horário: 8h às 12h30
Inscrição gratuita: http://lp-cnpso.comunica.embrapa.br/caravana-fertbrasil-22-06-cascavel-pr

Londrina (PR)
Local: Parque Governador Ney Braga - Recinto Milton Alcover - Avenida Tiradentes, nº 6275
Data: 23/06
Horário: 8h às 12h30
Inscrição gratuita: http://lp-cnpso.comunica.embrapa.br/caravana-fertbrasil-23-06-londrina-pr

Ponta Grossa (PR)
Local: Centro de Eventos Bourbon Hotel - Rua Jacob Holzmann, n° 219, Bairro Olarias
Data: 24/06
Horário: 8h às 12h30
Inscrição gratuita: http://lp-cnpso.comunica.embrapa.br/caravana-fertbrasil-24-06-ponta-grossa-pr

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