Na correria do dia a dia, quem passa pela Rua Padre Anchieta, no bairro Bigorrilho, talvez nunca tenha percebido que existe um cantinho que se diferencia dos outros. Ao subir por uma escada que acessa a Rua General Aristides Athaýde Júnior, é possível conhecer o que alguns moradores do bairro chamam de jardim encantado.
Receba as principais notícias do Paraná pelo WhatsApp
E talvez seja mesmo encantado. Porque esse lugar se destoa completamente do meio urbano. Ao pisar no último degrau e olhar para as diferentes plantas e flores que ali estão, é como se todo o barulho do trânsito e os outros sons de uma cidade agitada fossem embora.
Com diversas borboletas e abelhas sem ferrão voando, o jardim transmite paz e calmaria. E ele só existe porque o professor de língua portuguesa Rubem Gomes Silva resolveu transformar aquele espaço no início da pandemia de covid-19, em 2020.
“Começou na pandemia. Eu tinha só aula online e me sobrava um pouco mais de tempo porque eu não precisava me locomover. Aí nesse tempo comecei a construir. A minha ideia era só na ribanceira, mas eu fui avançando e fui limpando”, relembra o professor.
Silva, que mora em um edifício na Rua Padre Anchieta, conta que passava pelo local e via uma quantidade enorme de mato, lixo, dejetos de animais e entulhos. “Passava por aqui e pensava que era um espaço tão bonito e estava tão largado. Comecei a plantar, acabei me empolgando e foi aumentado”, conta.
E o que começou com algumas mudas no barranco que fica virado para a rua, hoje se tornou um jardim repleto de flores e plantas. No local é possível encontrar uma horta cheia de espécies: manjericão, manjerona, arruda, tomate, alecrim, hortelã, erva-doce, boldo, capim-limão. Tem também maracujá, framboesa e pitanga. E a lista, que é bem longa, continua.
O carinho que Silva tem pelo jardim é notável. O espaço conta com bancos para quem quiser descansar, placas que incentivam a cuidar do espaço, lixos para bitucas de cigarro e tem até sacolas para quem esqueceu de pegar uma para recolher as fezes do pet durante o passeio. Tudo isso foi montado e é mantido por ele.
É um trabalho constante, pois como brinca o professor, “não é só glamour, dá trabalho para manter”. Ele explica que todos os dias passa no jardim para varrer e dar uma rápida ajeitada. E na terça-feira ele consegue ficar mais tempo, já que é o único dia que não dá aula.
Apesar do trabalho, é uma atividade que faz bem. “Aqui é só energia boa. Tudo sempre limpo”, descreve o responsável pelo cantinho. E Silva fica feliz ao ver que as pessoas respeitam e aproveitam o espaço.
Enquanto rega as plantas, varre a calçada ou retoca a tinta dos bancos, o professor vai encontrando vizinhos e conhecidos pelo caminho. É o caso de Salete, que mora na região. Enquanto a reportagem da Tribuna do Paraná estava lá, ela passou pelo jardim. Ela e Silva se abraçaram e ele disse “essa aqui é a minha ajudante”. E com muito entusiasmo, a Salete fez um rápido tour com a reportagem para mostrar o canteiro.
Jardim atraiu novos moradores
O jardim encantado influenciou até na escolha de um apartamento. A terapeuta e especialista em limpeza energética de ambiente Sineide Cisotto Netto, conhecida como Sissy, conta que se mudou para a região há um ano.
Ela explica que, quando precisou encontrar um apartamento para morar, ficou preocupada, pois tem dois cachorros e aprecia muito o contato com a natureza. Então um dia ela foi visitar um edifício no Bigorrilho e viu o jardim. Foi uma conexão instantânea. “Quando eu vim para cá e olhei esse jardim, falei: é aqui que eu vou morar”.
No entanto, a mudança quase não deu certo. O apartamento que Sissy viu foi alugado antes dela concluir a entrada da documentação. Ela relembra que ficou triste e insistiu. Dias depois, a imobiliária ligou e informou que havia outro apartamento vago na região. E todo esse esforço valeu a pena por um motivo: “por causa do jardim. Eu sabia que ia morar aqui. E lá vim eu, perto desse jardim do Éden, uma fada me puxou”, brinca.
A terapeuta revela que sente paz e gratidão toda vez que visita o jardim, o que acontece diariamente. “Você ter um lugar desse para respirar, pegar uma folhinha, cheirar e meditar. Não tem lugar melhor. A gente desce a escadinha e tem todo os bares, restaurantes e bancos. Mas o verde está aqui”.
Sissy não deixa de elogiar o trabalho e esforço de Silva. “É um lugar mágico, tem borboletas brancas, traz uma paz de espírito muito grande. E tem que ter muita gratidão pelo trabalho que ele faz”, afirma.
O mesmo sentimento de agradecimento é compartilhado por Edmar Ravagnani Neto. “Ele é cuidadoso com isso aqui. Tem o maior carinho”. O aposentado conta que sempre frequenta o jardim para tomar sol, pois mora em um prédio próximo. “Aqui você faz amizade, conhece pessoas e passa umas horinhas”.
Refúgio no Bigorrilho vai ficar ainda mais colorido
Em breve, o jardim vai ganhar ainda mais cor com a pintura do muro que fica ao lado da escada, na Rua Padre Anchieta. O artista plástico Orion Ramos está montando um projeto, a pedido de Silva.
“É um muro artístico. Tem representatividade feminina, uma temática de música e outros elementos”, explica o artista. De acordo com ele, a ideia surgiu do professor e ele executou a arte. Para quem quiser conhecer, o jardim fica na Rua Padre Anchieta, 1.905, no Bigorrilho.
-
Mais de 400 atingidos: entenda a dimensão do relatório com as decisões sigilosas de Moraes
-
Leia o relatório completo da Câmara dos EUA que acusa Moraes de censurar direita no X
-
Revelações de Musk: as vozes caladas por Alexandre de Moraes; acompanhe o Sem Rodeios
-
Em jogo ousado, Lula blinda ministros do PT e limita espaços do Centrão no governo
Decisão de Moraes derrubou contas de deputado por banner de palestra com ministros do STF
Petrobras retoma fábrica de fertilizantes no Paraná
Alep aprova acordos para membros do MP que cometerem infrações de “menor gravidade”
Após desmoronamento, BR-277 em Guarapuava ficará ao menos uma semana com bloqueio parcial
Deixe sua opinião