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O segundo dia de julgamento do ex-policial penal Jorge Guaranho, acusado pela morte do guarda municipal e ex-tesoureiro do PT Marcelo Arruda, começou na manhã desta quarta-feira (12) no Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) após a chegada do réu, que passa a acompanhar o júri popular em Curitiba.
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Guaranho foi interrogado na noite desta quarta-feira após o encerramento dos depoimentos das testemunhas de defesa arroladas pelo advogado Samir Mattar Assad, que representa o ex-policial penal. O réu respondeu apenas os questionamentos feitos pela defesa. Durante o interrogatório, Guaranho declarou que voltou ao local da festa para “cobrar explicações” de Arruda por ter machucado o filho dele.
De acordo com Guaranho, Arruda atirou terra no rosto dele e tentou desferir um soco durante a discussão. O réu alegou que esse foi o motivo para sacar a arma antes deixar o espaço reservado para festa. No entanto, após sair do local, percebeu que o filho foi atingido pela porção de terra jogada para dentro do veículo.
Guaranho afirmou que tinha a intenção de desarmar Arruda quando retornou, mas que teria sido impedido por dois tiros que levou nas pernas. O réu ainda confirmou que tinha conhecimento da festa com temática do PT e que entrou no local com a música do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com a intenção de provocar os participantes. Durante o interrogatório, ele avaliou a atitude como uma “idiotice”.
O júri será retomado nesta quinta-feira (13) com a fase de debate entre acusação e defesa. Após o período que pode durar até quatro horas, sendo metade do tempo para a fala dos advogados de cada lado, o júri se reúne para o veredito. O corpo de jurados é formado por quatro mulheres e três homens.
Na avaliação do advogado da família da vítima, Daniel Godoy, as teses da defesa foram refutadas pelas testemunhas. “Tivemos a oitiva da perita do Instituto de Criminalística que derrubou qualquer alegação de legítima defesa. Foram três tiros de uma pistola calibre 40 contra uma pessoa que buscava se defender”, declarou.
Guaranho é réu por homicídio duplamente qualificado, pelo motivo fútil, associado à violência política, e perigo comum. Para o advogado de defesa de Guaranho, a tese de crime com motivação política está sendo descartada “pela incongruência das testemunhas” de acusação e pelas imagens apresentadas durante o julgamento, além da dinâmica dos fatos relatados.
“Há testemunhas que disseram que ouviram o réu falar ‘Bolsonaro’, mas isso seria impossível, geograficamente e fisicamente, confrontando com as testemunhas que estavam próximas e não ouviram. Assim, esperamos que a inicial acusatória não seja confirmada pelo Conselho de Sentença”, afirmou Assad.
No primeiro dia de julgamento, as testemunhas de acusação foram ouvidas, entre elas a viúva de Arruda, Pâmela Suellen Silva. Ela falou sobre preparação da festa surpresa do marido, com decoração alusiva ao Partido dos Trabalhadores (PT) e com imagens do então candidato a presidente Lula. Ela também relatou como foi a discussão de Guaranho com o aniversariante e o retorno do ex-policial penal armado na festa realizada em 2022 na cidade de Foz do Iguaçu (PR).
Na terça-feira (11), a perita criminal Denise de Oliveira Carneiro Berejuk, responsável por analisar as imagens do circuito de segurança, foi questionada pelos advogados de acusação e defesa sobre a sequência dos tiros que matou Arruda e deixou Guaranho ferido.
Na manhã desta quarta-feira, a última testemunha de acusação foi ouvida. Edemir Gonçalves, tio de Pâmela Silva, afirmou que a festa não tinha clima partidário e relatou que votou em Bolsonaro. Assim como o amigo da vítima Wolfgang Vaz Neitzel, o tio da viúva foi ouvido na condição de informante.
Ambos respondem a um outro processo pelas agressões contra Guaranho após o ex-policial penal ser atingido na troca de tiros. O agente penal Marcelo Adriano Ferreira foi a primeira testemunha de defesa ouvida durante o julgamento.
Na sequência, o amigo do réu Márcio Jacob Muller Murback foi ouvido no Tribunal do Júri e lembrou que tinha acesso às imagens do circuito de segurança da Associação Recreativa Esportiva Segurança Física (Aresf), onde foi realizado o aniversário de 50 anos de Marcelo Arruda.
Durante um churrasco, ele mostrou as imagens para Guaranho pelo celular, mas afirma que o ex-policial penal não reagiu e manteve um comportamento normal e não comentou nada sobre a necessidade de ronda no local da festa de aniversário.
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