O papel-cartão marrom deixará de ser a única opção para diversos segmentos do mercado nacional nos próximos anos. Com o lançamento oficial da máquina MP28, a Klabin promete entregar um produto inédito no Brasil com revestimento branco, por fora e por dentro, com camada pronta para pinturas em embalagens, copos e recipientes, uma inovação no país, que recorre à importação para suprir a demanda interna.
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Além disso, a nova máquina, que integra o projeto Puma II, inaugurado oficialmente na última quinta-feira (21), na unidade da cidade de Ortigueira (PR), tem parte da produção voltada para atender mercados internacionais, principalmente os Estados Unidos.
O diretor comercial da Klabin, José Soares, lembra que a MP27, em funcionamento desde 2021, reduziu em 10% o peso do papel-cartão com a mesma resistência, mas manteve a tradicional cor marrom, o que dificulta o processo de “printabilidade”. O novo equipamento, segundo Soares, complementa o processo de inovação do Puma II com o produto branco por fora e marrom por dentro, que ainda deve ser aprimorado para um versão totalmente "white".
“Estamos lançando o Eukaliner White 8K, base de eucalipto com revestimento. Ele tem tratamento superficial que vai levar ao mercado a printabilidade com redução de peso. Um papel para caixas brancas, por exemplo, para frutas, principalmente as mais caras, como cerejas, mamão, melão, melancia, uva ou qualquer outra que o produtor queira colocar as imagens na embalagem. Sem printabilidade, ele não consegue fazer isso”, explica.
Com valor de mercado de R$ 24 bilhões, a Klabin fez o maior investimento privado na história do estado do Paraná para a instalação das duas máquinas de papel, a MP27 e a MP28, ambas em operação e com capacidade produtiva total de 910 mil toneladas de papéis por ano. O investimento no projeto Puma II foi de R$12,9 bilhões.
Segundo o diretor comercial, uma das metas é a substituição da importação imposta ao mercado que não possui produção nacional de cartão-papel totalmente branco. Ele cita, por exemplo, as bandejas para alimentos que vão direto para os micro-ondas e as embalagens usadas nos deliveries, ambas importadas. Soares revela que a Klabin também projeta o lançamento da produção do copo branco-branco. “Além disso, vamos acelerar o processo de plástico de uso único, pois todas as grandes redes estão ansiosas por soluções nessa direção”, completa.
O mercado de leite fresco é outro que pode entrar no portfólio internacional da Klabin, que por enquanto atua nacionalmente com o produto conhecido como “longa vida”. “No Brasil, não temos uma embalagem em papel, em cartão, para leite. Isso é comum nos Estados Unidos e Europa, onde boa parte do mercado é de leite fresco, seja 2 litros, 5 litros em galões de plásticos. Então, é uma alternativa para acessar esses mercados na substituição do plástico. Quem sabe um dia isso também chegue ao Brasil”, projeta.
Enquanto o mercado mundial de caixa é gigante, sendo que a produção apenas no Brasil atinge a marca anual de 4 milhões de toneladas, o mercado de papel-cartão ainda pode ser explorado pela Klabin, que promete entrar na briga internacional pela fatia do "write color". “A [nova] máquina atende 70% do mercado brasileiro [cerca de 650 mil toneladas]. Então, ela é voltada fortemente ao mercado internacional e será submetida aos mais altos padrões de exigências e mercados sofisticados.”
Soares projeta que a Klabin deve acessar o mercado americano, que tem uma alta demanda pelo produto, mas sofre com o fechamento de fábricas do segmento e a perda de competitividade pela necessidade de investimentos. “Isso tem causado um certo estresse no mercado com o cartão-branco. De novo, veio a calhar a nossa decisão, pois existem fábricas americanas com custo muito alto. A Klabin passa a ser uma alternativa competitiva”, ressalta.
O peso do papel, atualmente em 190 gramas, também deve ser reduzido para 150 gramas, contra os 200 gramas oferecidos pelo mercado, o que significa um ganho de área em metros quadrados para exportação do produto que tem como saída o Porto de Paranaguá, no litoral paranaense.
Linha direta com o Porto de Paranaguá para exportação
Integrando o projeto Puma II, a Klabin desenvolveu uma operação logística para escoamento dos produtos para exportação. Ao lado da fábrica de Ortigueira, foi construído um terminal de contêineres para os modais rodoviário e ferroviário, com capacidade de levar 125 mil toneladas de celulose e papel em contêineres por mês até o Porto de Paranaguá.
Além disso, a companhia iniciou a operação no Terminal Portuário Klabin (PAR-01), localizado no cais comercial, com estimativa de movimentar 2,2 milhões de toneladas de papel e celulose por ano via Paranaguá. O governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), participou do evento de inauguração e afirmou que a Klabin é mundialmente conhecida e, quando anuncia grandes investimentos no estado, “chama atenção de concorrentes e de empresas de outros setores”, o que é importante para atração de investimentos no Paraná.
Ele lembrou da série de recursos privados que devem ser colocados no estado por meio de concessões de rodovias, aeroportos e também no setor de portos. “Estamos nos preparando para suportar todo esse volume de investimentos privados que o Paraná está recebendo”, completou Ratinho Junior, durante entrevista na unidade da Klabin.
Unidade altamente tecnológica, produtiva e sustentável
Para o Puma II, a empresa investiu em uma série de iniciativas que utilizam a inovação como alavanca de sustentabilidade, como o projeto da Planta de Gaseificação de Biomassa, que permite que um dos fornos de cal da fábrica opere 100% livre de combustível fóssil, reduzindo as emissões de gases do efeito estufa. Neste sentido, 98% dos resíduos gerados na operação do Puma II são reaproveitados.
“Uma unidade de base florestal com preservação de 42% das áreas de matas nativas com plantio de pinus e eucalipto, que traz uma biodiversidade enorme e com isso consegue manter uma altíssima produtividade, provavelmente a maior do planeta tanto para pinus e também para eucalipto”, afirma Francisco Razzolini, diretor de Tecnologia Industrial, Inovação, Sustentabilidade e Projetos.
Alinhado aos princípios da indústria 4.0, o Puma II fortalece a integração da cadeia produtiva da Klabin e foi idealizado para se tornar referência mundial em sustentabilidade, tecnologia e inovação. “Temos automação, controle e o máximo de rendimento de toda a madeira. No estado sólido, ela entra para gerar as fibras, no estado líquido, parte dela é usada para gerar energia e agora, no estado gasoso sendo utilizado nos fornos. O objetivo é reduzir os impactos que temos em gases do efeito estufa, monitorados desde 2003, que foram reduzidos em 68% nos últimos 20 anos. No mesmo período, a redução no uso da água foi de 45%, com reprocesso e reutilização do recurso natural, além da produção autossuficiente de energia, principalmente a energia verde”, comenta.
*Repórter viajou a convite da Klabin para cobertura do evento.
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