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GDM genética
Variedades da GDM tiveram seus genes editados, mas não foram consideradas como transgênicas| Foto: Fábio Calsavara / Gazeta do Povo

Pioneira no trabalho de edição genética de soja no Brasil, a GDM está com duas novas variedades em fase final de validação, última etapa antes de o produto ser disponibilizado no mercado. O trabalho, desenvolvido nos laboratórios de pesquisa de biotecnologia instalados em Cambé, no norte do Paraná, deu origem a uma linhagem de plantas mais resistentes à seca e outra com potencial de aumentar o ganho de massa nas criações de aves e suínos, graças a um teor reduzido de açúcares nos grãos.

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Para a variedade resistente à seca, a previsão de chegada aos mercados da Argentina e dos Estados Unidos é para o ciclo 2025/2026. Isso porque o material genético que deu origem à esta variedade veio de regiões temperadas, características desses dois países.

Para o mercado brasileiro, o produto ainda deve receber ajustes finos para se adequar ao clima tropical para ser lançado entre 2027 e 2028, prazo semelhante ao lançamento da espécie com menos açúcares.

A pesquisa com as duas variedades de soja editadas geneticamente começou em 2019. Em 2022 ambas foram aprovadas pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) como sendo organismos não modificados geneticamente. Diferente da soja transgênica, onde são incluídos genes de outras espécies no DNA da planta, a edição genética é feita com material disponível nas próprias células.

“Isso permitiu que essas variedades fossem desreguladas no Brasil, na Argentina e nos Estados Unidos. Na prática, por serem consideradas como não transgênicas, essas novas variedades não precisarão passar por todo o rigor legislativo que existe com os chamados organismos geneticamente modificados”, explicou à Gazeta do Povo o gerente de pesquisas de soja da GDM no Brasil, Nizo Giasson.

GDM é líder no mercado de sementes de soja no Brasil

As duas novas variedades devem incrementar ainda mais as receitas da empresa de origem argentina mas com seu centro administrativo instalado no Brasil. A expectativa de receita para o ano de 2023, de acordo com o gerente comercial do grupo, Marcelo Steffen, é chegar aos US$ 850 milhões. A cifra, se confirmada, representará um aumento de mais de 20% frente aos US$ 700 milhões apurados pela empresa em 2022.

“Deste total de receita, cerca de US$ 150 milhões devem ser direcionados para o setor de pesquisa e desenvolvimento”, detalhou Steffen. “Este é o foco da empresa, e se reflete nos nossos números de pessoal. Dos mais de 1,5 mil colaboradores da GDM no Brasil, na Argentina, nos Estados Unidos e em outros países, 57% são da área de pesquisa e desenvolvimento”, completou.

Além da soja, a GDM está ampliando os estudos com outras culturas. No Brasil, além do centro de pesquisa paranaense, a empresa conta com unidades em Passo Fundo (RS), Votuporanga (SP), Campinas (SP), Rio Verde (GO), Porto Nacional (TO) e Lucas do Rio Verde (MT).

Uma nova unidade está em fase de instalação na cidade de Petrolina (PE), com foco principalmente no melhoramento genético das variedades de milho. Por lá, o investimento total já passou dos US$20 milhões, desde 2019. Outro foco dos pesquisadores da GDM é a cultura do girassol, que apesar de não ser expressiva no Brasil tem um bom potencial de mercado nas lavouras da Europa.

Investimento em pesquisas diminui tempo de lançamento

De acordo com o gerente comercial Marcelo Steffen, o alto investimento nas unidades de pesquisa permitiu que o tempo médio de lançamento de novos produtos fosse reduzido à metade. Segundo ele, enquanto um produtor de soja consegue manejar duas safras por ano, no máximo, uma estrutura de pesquisa como a instalada no Estado de Tocantins permite a realização de nove ciclos da planta a cada dois anos, ou o equivalente a quatro safras e meia por ano.

“Antigamente se levava cerca de 11, 12 anos de trabalho para que uma empresa lançasse uma nova variedade, um novo cultivar de soja. Hoje já é possível reduzir esse tempo para seis, cinco anos”, afirmou. “Nossa meta é ir reduzindo esse prazo cada vez mais e chegar a um prazo de quatro anos, desde o início da pesquisa até o lançamento comercial da semente”, completou.

*O repórter viajou a Cambé a convite da empresa.

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