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Uma lancha fabricada na região metropolitana de Curitiba se tornou objeto de desejo da elite brasileira. A Triton Flyer 44, que custa R$ 4,5 milhões, acumula oito meses de fila de espera e foi a estrela do maior evento náutico da América Latina. O modelo da Triton Yachts conquistou o mercado ao reunir soluções de design e engenharia que antes eram exclusivos de iates maiores.
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A lancha de luxo foi apresentada no evento "São Paulo Boat", neste mês, que reuniu mais de 170 embarcações de diferentes estilos e tamanhos e 120 marcas expositoras. "O propósito é desmistificar a ideia de que a náutica é um setor exclusivo para poucos e apresentar alternativas para todos os perfis", afirma a diretora do Grupo Náutica/Boat Show Eventos, Thalita Vicentini.
Além da Flyer 44, a Triton Yachts lançou no evento o modelo Flyer 32. Com preço a partir de R$ 950 mil, a lancha de luxo acomoda até 12 pessoas e quatro para pernoite. O modelo se destaca por recursos como plataforma lateral estilo beach club, área gourmet integrada, solários na proa e popa e sofás no cockpit. Internamente, conta com cabine de pé-direito alto, duas camas, cozinha completa e banheiro com box.

Mercado de lanchas de luxo prioriza funcionalidade sobre ostentação
O diretor de marketing da Triton Yachts, Allan Cechelero, explica que a fila de espera de oito meses pela lancha de luxo ocorre pela combinação de desempenho e design específico. Entretanto, observa que cada embarcação é tratada como um projeto único. "O cliente escolhe cores, tecidos, acabamentos e materiais, definindo detalhes que tornam o barco exclusivo".
De acordo com ele, esse nível de personalização exige um tempo maior de produção, já que cada lancha de luxo precisa ser construída sob medida, com rigor técnico e segurança. Mais que um mercado exclusivo, na avaliação do setor, a demanda por lanchas de luxo reflete uma mudança no perfil do comprador brasileiro: passou de uma visão centrada apenas em ostentação para uma escolha pautada por usabilidade, bem-estar e inovação.
Esse público, segundo o diretor de marketing da Triton Yachts, valoriza embarcações sólidas, com casco de navegação estável, materiais de alta durabilidade e acabamentos sofisticados. "A otimização dos espaços ganhou mais relevância. Também cresceu a demanda por soluções de armazenagem bem pensadas e por tecnologia embarcada, que vai de sistemas inteligentes de controle até estabilizadores modernos".
Paraná concentra terceira maior frota náutica do país
Essa transformação do mercado acontece em solo fértil: segundo dados da Marinha do Brasil, o Paraná possui a terceira maior frota náutica do país, com 95.433 embarcações. Fica atrás de São Paulo (242.569 embarcações) e Rio de Janeiro (110.268). Em comparação, Santa Catarina tem 81.040 embarcações e o Rio Grande do Sul, 62.125.
O presidente da Associação Brasileira dos Construtores de Barcos e Seus Implementos (Acobar), Eduardo Colunna, destaca o potencial multiplicador do setor. De acordo com ele, cada embarcação produzida gera oito postos de trabalho — cinco diretos e três indiretos — desde o projeto até a manutenção, movimentando a cadeia produtiva.
O impacto econômico abrange o turismo. Segundo o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), o turismo representou R$ 12,03 bilhões na economia paranaense em 2021. Embora não existam dados específicos sobre o PIB do turismo náutico, a Secretaria de Turismo do Paraná estima que o segmento responde por aproximadamente 2,6% da atividade turística estadual.
Um exemplo concreto desse potencial é a chegada de cruzeiros em Paranaguá, que tem expectativa de injetar cerca de R$ 20 milhões na economia local. De acordo com Tatiana Nasser e Silva, diretora de Gestão, Sustentabilidade e Qualificação do Turismo do Paraná, o turismo náutico tem ganhado relevância no estado.

De olho nesse potencial, o governo paranaense criou instrumentos específicos de fomento, na medida em que melhora a infraestrutura. Foi lançada uma cartilha técnica com diretrizes para implantação de rampas náuticas e estruturas flutuantes em diversas localidades.
Uma novidade bastante aguardada é a finalização da Ponte de Guaratuba, prevista para 2026. A nova estrutura deve facilitar o acesso a marinas, clubes e empreendimentos náuticos, com perspectiva de ampliar o fluxo de visitantes na região litorânea.
Paraná busca visibilidade ao integrar turismo náutico aos roteiros regionais
Além da infraestrutura física, o Paraná trabalha na integração de marinas, clubes náuticos e fabricantes aos roteiros turísticos. O Decreto nº 10.256/2025, que institui a Declaração de Atrativo de Relevante Interesse Turístico, incentiva a integração de atrativos náuticos aos roteiros regionais.
Na prática, isso se materializa nos mapas ilustrados de "turismo náutico e pesca", criados pela Secretaria de Turismo e pelo Viaje Paraná, que destacam portos, marinas, praias de água doce e salgada, locais para esportes aquáticos e áreas de pesca nas diversas regiões do estado.
Para o secretário de Turismo do Paraná, Leonaldo Paranhos, o turismo náutico é uma ferramenta importante para aumentar a visibilidade do estado em eventos nacionais e internacionais. O estado participa de feiras especializadas como o São Paulo Boat Show, divulgando potenciais como o Lago de Itaipu, o Rio Paraná e o litoral paranaense.
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