• Carregando...
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao lado da primeira-dama Janja.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao lado da primeira-dama Janja.| Foto: Reprodução / Itaipu Binacional

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve nesta terça-feira (4) em Foz do Iguaçu (PR) anunciando a retomada das obras do campus da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila). Os investimentos nas obras somam R$ 600 milhões, com recursos vindos da Itaipu Binacional, e o prazo para conclusão é de três anos. No evento, Lula citou Fidel Castro como inspiração para a criação da universidade e chamou o ex-presidente Jair Bolsonaro de "titica".

Receba as principais notícias do Paraná pelo WhatsApp

O financiamento da construção por parte de Itaipu Binacional foi firmado em um acordo entre a direção da usina, a Unila e o Ministério da Educação. As obras da primeira fase do campus estão paralisadas desde 2014 e, de acordo com as medições oficiais, ainda falta executar cerca de 60% dos trabalhos.

Nesta etapa devem ser construídos os 18 andares do prédio principal, o restaurante e o bloco de salas de aula. Uma segunda fase, onde estão previstos teatro, laboratórios e biblioteca, não está contemplada neste acordo e ainda não tem previsão de início. O ministro da Educação, Camilo Santana, disse esperar a entrega das obras da Unila "ainda no Governo Lula".

Inspiração em Cuba e ataques a Bolsonaro

Lula lembrou que em 2010 deu a aula inaugural da Unila e afirmou que durante muito tempo "a elite econômica que comandava esse país não gostava que o povo estudasse". O presidente também citou uma carta que teria recebido do ditador cubano Fidel Castro oferecendo vagas gratuitas para estudantes brasileiros em universidades em Cuba como inspiração para criação da instituição federal em Foz do Iguaçu.

"Fiquei pensando, se este país pequeno pode fazer isso, oferecer vagas gratuitas para diversos países da América Latina e da África, por que nós não conseguimos fazer isso? O Brasil não é um país pobre. Pobre é o povo, o país é rico e tem um potencial extraordinário. Por isso eu tomei a decisão de fazer a Unila. Não tem nada mais barato do que investir na formação de um jovem. Qualquer dinheiro que a gente colocar na Educação vale a pena, porque é investimento", disse.

Lula aproveitou o evento para criticar a gestão de Jair Bolsonaro (PL) dizendo que o Brasil "teve um cidadão que foi presidente, outro dia, que mentia 11 vezes por dia". "Mentia, destilava ódio, mentiras, ofensas todos os dias. Não gostava de mulher, não gostava de trabalhador, não gostava de negro, não gostava de índio. Não gostava da floresta amazônica, não gostava de ninguém. Era ele e o pessoal dele. Eu fui dirigente sindical por muito tempo, e eu nunca vi tanto ódio estabelecido nesse país como eu vi nos últimos anos", declarou.

Ao fim do discurso, Lula pediu para que os jovens se engajem mais na política, dizendo que a Unila "é a revolução que eu quero para a América Latina mais politizada", e também atacou diretamente o ex-presidente. "Vocês jovens são induzidos a não gostarem de política. 'Ah, eu não gosto de política porque político é tudo ladrão, político é tudo corrupto'. Quando a gente não gosta de política, nasce uma titica igual ao Bolsonaro. Vocês não precisam gostar do político, mas precisam gostar de política", completou.

Unila "transformou mentes e corações", diz prefeito de Foz do Iguaçu

Em sua fala, o prefeito de Foz do Iguaçu, Chico Brasileiro (PSD) agradeceu os investimentos e disse que a Unila "transformou mentes e corações, a vida inteira de muitas pessoas na região de fronteira". "Quando a pandemia avançou e não tínhamos mais médicos para contratar, quando nós mais precisávamos de profissionais da Saúde, se formou a primeira turma de Medicina da Unila. Foram esses recém-formados que foram para a linha de frente combater a Covid e salvar milhares de vidas", completou o prefeito.

Orçamento da obra precisou ser readequado

Os cerca de R$ 800 milhões estimados pela Unila para a finalização do campus exatamente da forma como consta no projeto original, entretanto, não eram um valor plausível, considera Verri. O projeto precisou ser adaptado para que se cheguasse a um orçamento mais módico. “Com a adequação, será possível chegar em um valor de custo-benefício um pouco melhor. Oitocentos milhões de reais, sem dúvida nenhuma, é (um valor) muito alto”, estimou o diretor-geral.

Imóveis de Itaipu serão leiloados para custear casas populares

Lula e Verri também confirmaram investimentos de Itaipu na construção de cerca de 250 moradias populares em Foz do Iguaçu. Os recursos para estas obras virão em parte da Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu. O restante será aportado pela administração da usina, e tem como origem um leilão público de 48 imóveis de propriedade de Itaipu – a expectativa é que os lances, somados, cheguem a cerca de R$ 26 milhões.

De acordo com Verri, há ainda mais moradias a serem leiloadas. Os imóveis foram ocupados pelos trabalhadores durante a construção da barragem da Itaipu Binacional. "Pela especulação imobiliária que Foz do Iguaçu vive, a nossa expectativa é que nessa primeira etapa seja suficiente para construir 250 moradias populares. Mas esperamos, com a venda dos outros imóveis, ultrapassar a casa das 2 mil casas populares", completou o diretor-geral da usina.

Posse de reitora e investimentos em escolas

No evento, Lula deu posse para a professora Diana Araujo Pereira como reitora da Unila. Ela foi eleita pela comunidade universitária e nomeada em 14 de junho para um mandato de quatro anos. Pereira é professora da Unila desde 2010, graduada em português-Espanhol pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com mestrado, doutorado e pós-doutorado na mesma instituição. É uma das primeiras professoras da Unila, e atuou na criação dos primeiros cursos de graduação da universidade.

Além da posse da nova reitora e das obras da Unila, projetadas pelo arquiteto Oscar Niemeyer, falecido em dezembro de 2012, Lula também confirmou o repasse de mais R$ 17 milhões para a compra de equipamentos e móveis para 278 escolas da região Oeste do Paraná. O convênio firmado entre a usina e a Secretaria Estadual de Educação do Paraná (Seed-PR), que será a responsável pelas aquisições dos materiais, tem validade de 12 meses.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]