
Dados da Agência de Assuntos Metropolitanos do Paraná (Amep) mostram que o mercado da construção civil na Região Metropolitana de Curitiba está passando pelo momento mais aquecido desde a pandemia de Covid-19. De acordo com o balanço divulgado em janeiro, houve um aumento de 33% na análise de processos de novos empreendimentos na região entre os anos de 2023 e 2024.
No ano passado houve mais de 1,2 mil processos analisados, segundo informações do Departamento de Controle do Uso e Ocupação Territorial da Amep. Em 2023, esse número pouco passou dos 900 processos. Cabe ao departamento o controle sobre uso e ocupação do solo em toda a região metropolitana.
Entre 2016 e 2018, havia uma média de 500 processos de novos empreendimentos imobiliários para análise pelo órgão. No ano seguinte houve um salto para 664 processos, número que só foi superado em 2021, quando houve 904 análises solicitadas à Amep. O índice caiu em 2022, com 884 registros, e desde então tem apresentado tendência de alta.
Imóveis à venda mostram consolidação do setor, aponta Sinduscon
Os dados da Amep vão ao encontro do que está sendo levantado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR). Os números mostram que, entre janeiro e novembro de 2024 houve, somente em Curitiba, 17% de aumento no volume total de unidades liberadas para a construção em comparação com o ano anterior – esta é uma etapa posterior àquela analisada pela Amep.
Entre os empreendimentos efetivamente construídos, o aumento na oferta de imóveis novos foi de cerca de 50% na comparação entre janeiro e novembro de 2024 com o mesmo período do ano anterior. “Na prática, foram aproximadamente 10 mil imóveis colocados à venda só em Curitiba nos 11 primeiros meses de 2024. Os números totais do ano ainda serão fechados, mas o que temos nos mostra que o ano passado registrou a maior atividade imobiliária em muito tempo”, avaliou Marcos Kahtalian, vice-presidente de Bancos de Dados do Sinduscon-PR.
Em entrevista à Gazeta do Povo, ele ponderou que não há mais que se falar em “retomada pós-pandemia”, uma vez que o mercado imobiliário está alcançando números que mostram uma consolidação do setor. Segundo Kahtalian, as vendas finais dos imóveis para os consumidores estão seguindo a tendência no aumento de oferta de casas, apartamentos e espaços comerciais.
Ele credita o bom momento ao cenário econômico local e nacional. Para Kahtalian, o consumidor tem ido às compras graças a um bom momento registrado no estado. “No Paraná, em especial em Curitiba, a gente vem tendo um nível de desemprego muito baixo. E quando você tem um mercado de trabalho aquecido, muito forte, com pleno emprego na prática, isso gera esse movimento do consumidor, das famílias em busca de imóvel, tanto para compra quanto para investimento”, comentou.
Aquecimento do mercado imobiliário atinge imóveis para moradia e investimento
Para o especialista, há sinais nestes dois cenários de aquecimento do mercado imobiliário e da construção civil. Em relação à compra do imóvel para moradia, Kahtalian aponta a pirâmide etária do trabalhador brasileiro, com um maior contingente de pessoas na casa dos 40 anos. “É a época em que esse trabalhador está consolidando sua situação econômica, estabilizado, com família, e busca na aquisição de um imóvel a formação de patrimônio”, comentou.
No campo do investimento, o sinal mais claro visto pelo vice-presidente de Bancos de Dados do Sinduscon é a grande movimentação do mercado em torno de imóveis menores, geralmente voltados para a locação. “Há uma vacância muito baixa dessas unidades, inclusive com regiões em Curitiba onde não se encontra apartamentos pequenos para aluguel. O mercado de locação tem se beneficiado ainda do turismo de negócios, que representa uma fatia importante na cidade. E são sempre essas unidades menores, que se encaixam mais no perfil dos investidores”, completou.
Curitiba está entre as 10 melhores cidades para se investir em imóveis
Um estudo elaborado pela MySide, empresa especializada na comercialização de imóveis, colocou Curitiba entre as 10 melhores cidades brasileiras para se investir em imóveis na planta. O estudo leva em conta a venda de imóveis e as locações por diferentes períodos de tempo, mais longos ou mais curtos.
Confira o ranking das 10 melhores cidades para investir em imóveis na planta, segundo a MySide:
- Itapema (SC) - 22,1% de valorização ao ano
- Vila Velha (ES) - 20,3% ao ano
- São José (SC) - 19,7% ao ano
- Itajaí (SC) - 19,6% ao ano
- Balneário Camboriú (SC) - 19,1% ao ano
- Goiânia (GO) - 18,6% ao ano
- São José dos Campos (SP) - 17,7% ao ano
- Maceió (AL) - 17,6% ao ano
- Curitiba (PR) - 17,6% ao ano
- Vitória (ES) - 17,4% ao ano
Curitiba e RMC estão na contramão do movimento nacional
Os números mostram que Curitiba e região metropolitana estão na contramão do que vem sendo registrado no restante do país. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Índice de Confiança do Empresário Industrial da Construção recuou para níveis abaixo de 50 em janeiro de 2025. O número é a linha que separa os níveis de confiança e desconfiança, patamar que o setor não atingia desde janeiro de 2023.
Para a CNI, a percepção de piora das condições correntes da indústria da construção civil foi mais intensa e disseminada. “O recuo foi puxado pela piora na avaliação das condições atuais da economia brasileira e das avaliações dos empresários tanto em relação às condições atuais quando em relação às expectativas”, ponderou a entidade.
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