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Leito de UTI.
Leito de UTI.| Foto: Geraldo Bubniak / AEN

O Ministério da Saúde vai fechar em março quase 80% das Unidades de Terapia Intensiva (UTI) abertas no Paraná ao longo da pandemia. Serão encerrados 1.159 leitos intensivos, o equivalente a 78,3% das 1.481 vagas mantidas pelo governo federal no estado para o tratamento exclusivo de Covid-19.

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A expectativa da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) era integrar em definitivo a maior parte desses leitos para rerfoçar o sistema hospitalar do estado. Mas apenas 320 UTIs abertas pela União na pandemia serão mantidas no Paraná, totalizando 21,7%. Esses leitos serão revertidos para tratamento de qualquer doença, não apenas a Covid-19. Além disso, o valor repassado pelo Ministério da Saúde para manter essas vagas vai cair para menos da metade da atual diária de R$ 1,6 mil, dependendo do tipo de unidade intensiva.

Com a queda nos internamentos por Covid-19 em 2021, o governo federal anunciou que bancaria só até o fim de janeiro todas as 11 mil UTIs abertas no país na pandemia. A partir de fevereiro, 4,5 mil leitos seriam encerrados e 6,5 mil seriam revertidos para o tratamento de outras doenças. Porém, o Ministério da Saúde adiou o plano em um mês. Diante da explosão de casos da variante ômicron do coronavírus, todas as 11 mil UTIs de Covid-19 serão bancadas pela União até o fim de fevereiro.

O plano original do governo do Paraná era manter em operação o maior número possível das 1.481 UTIs de Covid-19. Após tratativas iniciais com o Ministério da Saúde no fim de 2021, o estado solicitou a manutenção de 660 leitos intensivos, mas conseguiu menos da metade da quantidade pedida, totalizando 320.

Além disso, o valor de custeio repassado pela União vai despencar da diária atual de R$ 1,6 mil para entre R$ 478 para os leitos intensivos tipo 1 e R$ 800 nos leitos intensivos tipo 2. "Vamos ter um choque de realidade pós-pandemia. Esse valor que vai ser repassado pelo Ministério da Saúde está fora da realidade. Por isso vamos ter que continuar dialogando, até porque o Ministério da Saúde não fechou as portas para essa negociação", avalia Beto Preto, secretário estadual de Saúde.

Beto Preto afirma que os valores repassados pelo governo federal para o custeio geral das UTIs já estava defasado, ficando mais próximo da realidade quando o então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta anunciou a diária de R$ 1,6 mil para as UTIs de tratamento de Covid-19.

O quadro atual, avalia o secretário de Saúde do Paraná, é ainda pior, já que houve inflação nos custos de insumos hospitalares e medicamentos. Tanto que, ressalta o secretário, o estado já tem que complementar o valor repassado pela União para manter leitos intensivos em operação. "No caso dos leitos de R$ 478, o estado põe mais R$ 322 para operar. E isso vai continuar. Por isso temos que repensar esses valores", aponta o secretário.

Equipamentos de UTI

Apesar do encerramento de 1.159 leitos bancados pelo governo federal, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) vai ficar com todos os equipamentos de tratamento intensivo que entraram no sistema durante a crise sanitária.

No total, 835 respiradores reforçaram a logística hospitalar na pandemia. Desses, 521 aparelhos foram enviados ao estado pelo Ministério da Saúde ou diretamente pelo governo federal aos municípios, 184 foram adquiridos pela própria Sesa e 130 foram doados. "Todos esses respiradores já estão dentro dos hospitais hoje. Só 50 deles estão no estoque estratégico de retaguarda", explica Beto Preto.

Assim que os leitos bancados pela União forem desativados, os respiradores que não forem utilizados ficarão à disposição dos hospitais para back up ou substituição de aparelhos danificados. "Se precisar, vamos religar esses aparelhos conforme a demanda", aponta Beto Preto.

Leitos próprios

O secretário de Saúde afirma que só as 320 UTIs que continuarão sendo mantidas pelo governo federal não são suficientes para atender a necessidade de ampliar o número de vagas no Paraná. Por isso, o estado vai abrir mais 100 leitos intensivos com recursos próprios. Entre os hospitais que receberão parte dessas 100 vagas estão os hospitais regionais de Cascavel, no Oeste, e do Litoral, em Paranaguá.

Segundo Beto Preto, o sistema de saúde estadual precisa desse reforço para desafogar a fila criada ao longo da pandemia de cirurgias eletivas - procedimentos que se não forem feitos não botam a vida do paciente em risco, mas que podem agravar o quadro clínico se demorarem.

Para garantir leitos, medicamentos e insumos para pacientes com Covid-19, as cirurgias eletivas foram suspensas na maior parte dos anos de 2020 e 2021. Isso gerou uma fila de aproximadamente 70 mil procedimentos represados que a Sesa vai levar de dois a três anos para zerar.

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