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Contorno Sul de Curitiba
Construção do novo Contorno Sul de Curitiba é uma das principais obras previstas para começar em 2024.| Foto: Comec

Obras de infraestrutura previstas para o Paraná nos próximos anos devem resultar na execução de um orçamento de R$ 3,46 bilhões. Há expectativa por duplicações de estradas, construção e revitalização de pontes, viadutos e trincheiras, manutenção de estradas rurais e, ainda, obras de descarga ferroviária no Porto de Paranaguá. No pacote, consta a esperada construção do novo Contorno Sul de Curitiba, que funcionará como uma segunda via de desvio do fluxo da capital e dará vazão ao já sobrecarregado anel viário.

O anúncio foi feito nesta terça-feira (7) pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD). Os projetos executivos já estão prontos e as licitações para as obras acontecerão ao longo de 2023, para início das execuções até 2024. Serão 13 obras rodoviárias do Departamento de Estradas de Rodagem (DER/PR) e da Agência de Assuntos Metropolitanos (Amep), reforma de 195 pontes e obras de arte rodoviárias (trincheiras e viadutos), implementação do Moegão no Porto de Paranaguá, que contempla descarregamento por trens, e pavimentação de estradas rurais.

A principal das obras do pacote de infraestrutura para o Paraná é a do Contorno Sul da capital, orçada em R$ 550 milhões. O anel viário atual é da década de 90 e, hoje, não comporta mais o tráfego. A obra, no entanto, enfrenta um entrave: depois de feito o projeto, uma avenida foi aberta pela Prefeitura de Araucária cruzando o trajeto do futuro contorno. Com isso, os estudos terão de ser revistos e a solução, espera-se, deve ser a inclusão de uma passagem em nível - a ser paga pela prefeitura.

"Os estudos do DER dizem que vamos tirar de 30 a 35% do volume de caminhões e carros do atual contorno”, afirma Ratinho Junior.

O novo contorno será uma continuação da atual PR-423, ligando a Rodovia do Xisto, em Araucária, com Curitiba e Fazenda Rio Grande, na BR-116. Terá 9,5 quilômetros de extensão, em pista dupla e com pavimento em concreto. Os custos da obra já contemplam as desapropriações necessárias, segundo o governador.

Em janeiro, reportagem da Gazeta do Povo apurou que o Estado não disporia de recursos para a obra do contorno e que estes deveriam vir de financiamento externo. Mas, no anúncio desta terça (7), Ratinho Junior garantiu que os recursos de todas as obras previstas no pacote virão do Estado e que o valor destinado ao contorno já é certo. "Agora (a obra) está na fase de licenciamento ambiental e, automaticamente, a licitação, que vamos fazer nesse pacote, mas com dinheiro garantido e projeto executivo pronto", diz o governador.

A previsão é que a contratação da execução aconteça ainda no início de 2024.

Duplicações no litoral

Entre as duplicações previstas estão os 14,5 quilômetros entre o Canal de Matinhos e a intersecção entre a PR-412 e a PR-407, em Pontal do Paraná, no litoral. A obra pretende resolver um dos principais gargalos do trânsito nas praias, especialmente na alta temporada. A ela se somará a duplicação dos 12,8 quilômetros do trecho paranaense da rodovia entre Guaratuba e Garuva (SC).

Ainda entre as obras de infraestrutura em execução no litoral do Paraná estão a restauração da orla de Matinhos, concluída em quase 70%, e previsão da construção da Ponte de Guaratuba, ainda em fase de licenciamento – estas, entretanto, não fazem parte do pacote anunciado agora.

A obra da Ponte de Guaratuba, aliás, foi alvo de disputa judicial entre o governo do Paraná e o Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR), que havia suspendido o contrato. No final do ano passado o governo teve decisão favorável do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) para continuar com a obra e o trabalho foi retomado na fase do projeto de licença prévia. O DER trabalha com perspectiva de emissão da licença pelo Instituto Água e Terra (IAT), da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável, ainda em março.

Logística portuária

O projeto da moega ferroviária que vai centralizar a descarga dos trens que chegam ao Porto de Paranaguá também está no pacote. Será a obra mais cara, orçada em R$ 592 milhões. A estrutura terá quase 600 mil metros quadrados, permitindo o descarregamento simultâneo de 180 vagões em três linhas independentes, o que permitirá um aumento de 63% na capacidade de descarregamento, passando de 550 para 900 vagões ao dia e ampliando de 14,9% para 50% a participação do modal ferroviário no transporte de cargas que passam pelo porto.

Também é prometida a reestruturação dos acessos dos terminais da região leste do Porto de Paranaguá, otimizando a capacidade de recepção de cargas em ambos os modais rodo e ferroviário.

Porto de Paranaguá ganhará moega ferroviária
No Porto de Paranaguá, obra da moega deve ampliar para 50% participação do modal ferroviário no transporte de cargas que passam pelo porto.| José Fernando Ogura/Arquivo AEN

Obras na região de Curitiba

Na região de Curitiba, devem ser duplicados cerca de 4 quilômetros da PR-417, conhecida como Rodovia da Uva, entre Curitiba e Colombo. Também está prevista ampliação viária com implantação de novas ruas, viadutos, rotatórias e ciclovias na ligação entre Curitiba e Pinhais, conectando a região do antigo autódromo, prestes a se tornar um complexo comercial e habitacional. A intervenção também vai estender a canaleta exclusiva de ônibus da Avenida Presidente Affonso Camargo até o Terminal de Pinhais pela Avenida Ayrton Senna da Silva.

Ainda na região da capital do Paraná, o governo anuncia que entre as obras de infraestrutura previstas fará pavimentação da rodovia de ligação entre Mandirituba e São José dos Pinhais. O trecho de cerca de 26 quilômetros parte do trevo da Volkswagen-Audi, na BR-376, em São José dos Pinhais, até a Rua Gilberto Palu, em Mandirituba, na ligação com a BR-116. A obra promete ajudar a desafogar o Contorno Sul, já que muitos motoristas fazem o trajeto Mandirituba - São José dos Pinhais utilizando o anel viário.

Na capital, o pacote de obras prevê também duas trincheiras na Linha Verde, na região do bairro Xaxim.

Intervenções no Centro e Oeste do Paraná

Entre as obras para a região está a duplicação de 83 quilômetros da PRC-466, entre as cidades de Guarapuava e Pitanga, que será feita em dois lotes e em complemento a outras obras já em andamento na região central do Estado, como a duplicação da BR-277 em Guarapuava, a pavimentação entre Mato Rico e Pitanga e obras de acesso ao parque industrial de Pitanga. O projeto foi doado por empresários e agricultores da região e revisado pela Secretaria de Infraestrutura do Estado para execução prevista ainda para o primeiro semestre deste ano.

Já em Toledo, está prevista a duplicação de quase 3,3 quilômetros da PR-317, no perímetro urbano.

Outras regiões

Para Maringá, no Noroeste, o governo promete aconstrução de um novo viaduto no entroncamento entre a PR-317 e a BR-376, ao lado do Catuaí Shopping Center. A ideia é melhorar o acesso à PR-323 a partir da cidade e evitar interrupções no tráfego de longa distância da BR-376. E na região metropolitana, em Sarandi, dois viadutos devem ser construídos sobre a mesma rodovia.

Ainda no Noroeste, uma nova ponte deve ser feita sobre o Rio Ivaí, na BR-498, para otimizar a travessia entre Japurá e São Carlos do Ivaí, hoje feita com balsa.

Da parte de reformas nas chamadas obras de arte especiais, que abrangem pontes, viadutos, passarelas, galerias e pontilhões, o pacote das obras de infraestrutura anunciado pelo governo prevê intervenção em 195 estruturas espalhadas pelo Paraná. O diagnóstico das reformas prioritárias foi feito pela equipe do DER-PR a partir de um levantamento técnico sobre as condições de toda a malha rodoviária paranaense.

Já no Vale do Ribeira, o município de Doutor Ulysses, uma das últimas cidades ainda sem ligação pavimentada com o restante do estado, deve receber asfalto. A pavimentação ocorrerá no trecho de 12 quilômetros da PR-092 que liga o perímetro urbano com a vizinha Cerro Azul.

E no Sul, trecho de 40 quilômetros da PRC-280 entre Palmas e Clevelândia será restaurado. Este é o segundo lote da obra, sendo o primeiro entre Palmas e a BR-153, com 59 quilômetros, na divisa do Paraná com Santa Catarina – com reestruturação em andamento.

Mais obras em andamento e impacto econômico

Projetos de pavimentação de cerca de 75 quilômetros de estradas rurais que são ramais logísticos para escoamento da produção agropecuária até as indústrias também serão executados. E o governo afirma, ainda, que destinará R$ 100 milhões para contratação de projetos de infraestrutura rodoviária a serem feitos no longo prazo.

No pacote recém-anunciado não entram a Ponte da Integração, segunda ligação entre Brasil e Paraguai, via Foz do Iguaçu - prevista para abrir ao tráfego em abril, mas com restrições a veículos carregados e sem aduanas construídas - nem a licitação dos novos pedágios. A concessão das rodovias deve absorver R$ 50 bilhões em recursos, contemplando 3,3 mil quilômetros de estradas.

A expectativa traçada pelo Ipardes, Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social, é que as intervenções contribuam para um aumento de quase 0,5% do produto interno bruto (PIB) do Paraná em 2023 e gerem cerca de 40 mil empregos diretos e indiretos nos próximos dois anos na construção civil, indústria e comércio.

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