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Praça de pedágio em Foz do Iguaçu, no Oeste do estado.| Foto: Geraldo Bubniak/AEN

As cooperativas do Paraná movimentam cerca de 60% dos produtos oriundos do agronegócio no estado, tendo as rodovias como principal meio de escoamento da produção. Por ter nesse modal um ponto tão importante para suas operações, é natural que participem das discussões sobre os novos contratos de pedágio, a serem definidos no fim de 2021. E a cobrança do Sistema de Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar) - entidade membro do chamado G7, grupo que reúne associações de classe e que está participando ativamente das discussões sobre o novo modelo de pedágio do estado - para com os novos concessionários é bastante clara: transparência no cálculo das tarifas.

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O presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, disse em entrevista à Gazeta do Povo que as cooperativas acompanham as discussões sobre o pedágio desde que o modelo foi implantado no Paraná, no final da década de 1990. E já no início das atividades houve discordância quanto ao modelo acordado entre as empresas e o governo do Estado.

“Sempre tivemos uma posição técnica, isso desde que o modelo anterior foi definido. Eles erraram nas contas durante essas discussões. Colocaram uma rentabilidade de 20% e calcularam errado. O [então governador Jaime] Lerner baixou o valor dos pedágios [em 1998], e por que ele fez isso? Porque as contas estavam erradas”, diz.

"Não estamos preocupados com modelos"

Ricken avaliou como “um horror” os valores pagos pelo pedágio no Paraná. Ele defende que o valor final da tarifa de cada uma das praças seja calculado de forma clara e transparente, com base nos custos de obras em cada trecho específico das rodovias e no lucro das empresas.

“Quem vai participar lá do leilão vai fazer uma conta com três variáveis: manutenção, investimento e a rentabilidade que ele vai ter. É só isso que interessa. Fecha a conta com essas três variáveis e chega-se à tarifa. Se pesar demais uma dessas variáveis, essa conta fica desequilibrada. Se forçar demais para ter rentabilidade maior, vai faltar para os investimentos, por exemplo. Precisa chegar a um equilíbrio, em um cálculo correto de tarifa, diferente do que temos hoje. O nosso interesse é analisar esses novos contratos de pedágio do ponto de vista econômico. Modelos, formatos, não estamos preocupados com isso”, avaliou.

O engenheiro se mostrou contrário a projetos que priorizem única e exclusivamente o menor valor possível para as tarifas de pedágio. “Com uma tarifa baixa desse jeito, o mínimo do mínimo, vai ter como fazer investimentos?”, questionou. Ricken também avaliou como absurda a taxa de 20% de rentabilidade para as concessionárias, e disse esperar novos contratos mais “condizentes com a realidade econômica do país”.

Estrutura deve ser comparável a de São Paulo, defende Ocepar

Ricken destacou que as contas e cálculos para as novas tarifas precisam ser feitas com todos os dados possíveis, o que evitaria erros e distorções que acabam impactando no bolso dos usuários das rodovias. Segundo ele, a adoção de uma postura técnica durante as discussões não pode ser vista como radicalismo. Só assim, na opinião do presidente do Sistema Ocepar, o Paraná poderia competir em igualdade com outros estados mais bem servidos de infraestrutura rodoviária.

“Não é ser radical, mas é fazer com que tudo caminhe para chegar a uma tarifa justa. Ponte por ponte, curva por curva, pontilhão por pontilhão, tudo isso precisa estar na planilha de cálculos. Ainda dá tempo, dá para fazer. Mas tem que ir a fundo, fazer as contas e trazer isso para a realidade. Porque nós precisamos desses investimentos. Nossa estrutura comparada com São Paulo ainda é bastante inferior. Queremos ter no mínimo a mesma estrutura deles”, comentou.

Estrutura essa que, segundo Ricken, não se tornará realidade caso sejam praticados valores muito baixos de pedágio. Sem clareza e transparência nas discussões, alerta, o Paraná corre o risco de ver prorrogados por mais 30 anos os erros do modelo atual de concessão de rodovias. Para ele, o tempo das audiências públicas sobre o assunto não foi totalmente aproveitado.

“Eu, como engenheiro, tenho a obrigação de pensar assim. O resto é discurso, muitas vezes feito por pessoas que nem vão usar o pedágio, ou vão usar uma vez ou outra. Nós estamos falando demais, tem gente que fez muitos discursos. E nós temos é que calcular e recalcular umas dez vezes esses valores para ter certeza que teremos uma tarifa correta, equilibrada. O resto é conversa. Onde estão esses cálculos detalhados, quanto vão custar as obras em cada trecho? Fala-se muito e calcula-se de menos. Precisamos de menos microfone e mais calculadora”, cobrou Ricken.

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