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Idosos passaram a usar mais a tecnologia durante o isolamento para se entreter e manter contato com familiares.
Idosos passaram a usar mais a tecnologia durante o isolamento para se entreter e manter contato com familiares.| Foto: BigStock

É fato que, ao longo dos últimos anos, nossa relação com a tecnologia vem se intensificando a uma velocidade cada vez maior. O que ninguém imaginava é que, de um dia para outro, nos tornaríamos tão dependentes dela. Na metade de março, quando a pandemia do coronavírus chegou ao Brasil, governos e empresas adotaram uma série de medidas para isolamento social: muitos serviços presenciais foram suspensos, estabelecimentos comerciais fechados, empresas colocaram os funcionários para trabalhar em casa. Além disso, a orientação para que as pessoas permanecessem em suas residências obrigou famílias e amigos a se comunicarem somente à distância.

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Com isso, quem não era habituado a usar ferramentas tecnológicas se viu obrigado a aprender. Idosos que costumavam receber a visita de filhos e netos passaram a usar o celular para se comunicar através de chamadas de vídeo. Trabalhadores que precisaram se cadastrar para receber o auxílio emergencial de R$ 600, solicitar benefícios ou realizar operações bancárias precisaram aderir aos aplicativos. E até mesmo quem já era acostumado a usar o celular e o computador foi obrigado a utilizar outros dispositivos, como os programas de videoconferência usados para reuniões de trabalho.

Como nem todos são familiarizados com o uso da tecnologia, ou costumam utilizá-la apenas para trocar mensagens, acessar redes sociais, ouvir música ou assistir a vídeos, a Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar) lançou no final de abril um canal de atendimento para ajudar essas pessoas. O TechAjuda fornece suporte gratuito para aqueles que enfrentam dificuldades com o uso do celular, internet e outras ferramentas tecnológicas que podem ser úteis nesse período de pandemia.

Segundo Luiz Gustavo Dalazen, gestor da área de sustentabilidade e responsabilidade social da Celepar, a iniciativa nasceu de outro projeto desenvolvido pela companhia voltado à inclusão digital. Desde 2013, são ofertados cursos que ensinam idosos a usar a internet e os smartphones. Com a pandemia e a consequente suspensão desses cursos, os instrutores passaram a gravar vídeos com algumas dicas, que eram postados em grupos de ex-alunos no WhatsApp. Foi ali que começaram a pipocar dúvidas sobre o acesso aos aplicativos para recebimento de benefícios sociais.

“Nossa ideia era dar dicas para os idosos usarem os smartphones durante o isolamento, como um incentivo para que eles ficassem em casa e usassem a tecnologia como sua aliada. Porém, muitos começaram a perguntar sobre o acesso aos benefícios, que conhecidos deles estavam se batendo com a tecnologia, então resolvemos criar esse canal de ajuda”, afirma Dalazen. O atendimento é feito via WhatsApp: basta mandar uma mensagem para o número (41) 99124-2342 e dizer qual é a dúvida. De segunda a sexta, das 8 às 11h30, e das 13h30 às 18 horas.

Segundo a Celepar, desde que o TechAjuda foi lançado, já foram mais de 2 mil solicitações e 1,3 mil atendimentos. Esse atendimento é realizado por mais de 30 colaboradores, distribuídos por várias regiões do estado. Ainda de acordo com a companhia, os principais questionamentos apresentados pelos usuários são referentes ao uso de aplicativos de celular e acesso a programas governamentais, como o auxílio emergencial do governo federal e o Cartão Comida Boa (auxílio de R$ 50 distribuído pelo governo estadual à população de baixa renda).

Dicas para idosos

Há sete anos a Celepar realiza cursos de inclusão digital para pessoas idosas, nos quais elas aprendem a usar o smartphone, acessar internet e redes sociais. Com a pandemia, essas atividades foram suspensas, o que levou a companhia a buscar uma aproximação com esses ex-alunos, já que muitos deles se viram obrigados a se isolar em casa, afastados de familiares e amigos. Surgiu então, no fim de abril, o projeto #CeleparComVC, que consiste em gravar vídeos curtos para essas pessoas, contendo dicas de tecnologia e funcionalidades para smartphone.

Os vídeos são enviados três vezes por semana pelos instrutores dos cursos em grupos de WhatsApp. As dicas são bem variadas e incluem orientações sobre como realizar uma chamada de vídeo pelo WhatsApp, criar arquivos em nuvem, pesquisar receitas na internet, assistir a vídeos no YouTube, mudar o toque do celular e instalar aplicativos.

“A nossa ideia era fazer com que esse momento fosse um pouco mais prazeroso, então surgiu a ideia de ajudar eles a usar a tecnologia para se entreterem”, explica Dalazen. Cerca de 3 mil ex-alunos fazem parte desses grupos que recebem os vídeos, mas a intenção da Celepar é disponibilizá-los em breve em redes sociais e no YouTube, a fim de levar o conteúdo a uma parcela maior da população.

Vovô Tech

Outras iniciativas têm sido criadas com o intuito de ajudar idosos a utilizar a tecnologia e aproveitar melhor o tempo durante o período de isolamento. Uma delas é o Vovô Tech, uma plataforma online criada em abril pelo Canaltech, site voltado à tecnologia. Na plataforma é disponibilizado um curso com 50 aulas, ministradas por Adriano Ponte, especialista em hardware e software, que aborda de forma didática como aproveitar os vários recursos disponíveis no celular.

O curso completo custa R$ 123,50, mas o Vovô Tech disponibiliza gratuitamente uma versão “pocket” do programa. São três aulas básicas abordando os seguintes conteúdos: Encontrando novos aplicativos, para encontrar e baixar apps essenciais; Instalando o WhatsApp, voltado à exploração dos recursos disponíveis no aplicativo; e Google: o que é e como usar, para aprender a usar a principal ferramenta de busca na internet. Para acessar o conteúdo basta se cadastrar na página http://canalte.ch/vovopocket.

Neto Virtual

Há cinco anos o educador Guilherme Gutierres Saldanha, de Porto Alegre (RS), criou o projeto Neto Virtual. A iniciativa consiste em ministrar aulas de uma hora e meia, nas quais ensina a usar dispositivos como celular, tablet, computador e televisão. As aulas eram ministradas na casa dos clientes, mas, com a pandemia, passaram a ser feitas pela internet. Ressaltando que não é um técnico, ele usa conhecimento e paciência para deixar que os próprios idosos descubram a tecnologia e aprendam a utilizá-la.

Para estimular a comunicação, Guilherme envia vídeos, troca mensagens e conversa com os participantes. Para conhecer o trabalho, o interessado pode acessar as páginas no Facebook (facebook.com/virtualneto), Instagram (@netovirtual), mandar email no endereço netovirtual2@gmail.com ou mensagem pelo WhatsApp (51) 99797-7107.

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