Se há uma forma de medir a melhora ou aquecimento definitivo de determinado setor, é o quanto de gente está disposta a injetar dinheiro naquele segmento. Com a construção civil, talvez a melhor faceta disso seja a explosão dos fundos imobiliários, uma modalidade de investimento feita nos bancos ou diretamente na Bolsa de Valores, em que clientes compram um “pedaço” de uma construção – ou de papeis cujos lastros sejam imóveis.
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Nos últimos dois anos, mas com mais força em 2019, a modalidade foi uma das queridinhas no mercado financeiro. Só no ano passado, levantou quase R$ 40 bilhões, de acordo com a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros. Somados todos os recursos em posse destes fundos, há R$ 107 bilhões prontos para ser (ou já sendo) injetados no setor - aumentado a sensação de otimismo com a construção civil em 2020, para boa parte dos analistas.
O motivo de tal frenesi pode ser entendido pelos dados da construção, sobretudo, nas regiões Sudeste e Sul. O Paraná seguiu a toada. Curitiba fechou 2019 com redução de 7% no estoque de apartamentos novos para venda em Curitiba, comparado ao fechamento de 2018. O número de lançamentos na capital bateu as 3.589 unidades residenciais, ante 2.598 no ano anterior. Os dados são da Associação dos Dirigentes do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR).
Um movimento importante para a economia da cidade, que contratou 8% a mais de trabalhadores (com carteira assinada) em relação ao ano anterior, avalia o Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Paraná (Sinduscon-PR).
No time dos entusiasmados com a recuperação do segmento, está Leonardo Pisseti, presidente da Ademi-PR. “Se pegar um panorama de 2018, estudar 2019 e projetar 2020, a gente sai de um início de estagnação, de recessão, com uma retomada importante. Além do aumento de volume de lançamentos, há a absorção de novos imóveis. O mercado está comprador. Não adianta construir e não vender”, diz. “A demanda existe. As pessoas precisavam se apegar a alguns itens, principalmente segurança de compra com o cenário macroeconômico, com a mudança do governo em si, com as taxas baixas [da Selic]”, justifica o dirigente.
Foi justamente a taxa baixa da Selic (que é o índice básico de juros, no qual todos os negócios se orientam) que levou muitos investidores a migrarem seu dinheiro da poupança para os imóveis. A taxa, que já esteve em 14% há pouco mais de quatro anos, desceu a 4,25% ao ano. Sem rendimento, com o dinheiro “parado”, apostar na valorização de construções residenciais e comerciais se tornou muito mais atrativo.
E, como em um dos conselhos mais antigos sobre “fazer render” o dinheiro, a compra de imóveis tornou-se alvo de investidores experientes e novatos. “O que leva a pessoa a investir em um fundo ou diretamente em um imóvel? Quanto de dinheiro ela tem para investir. Hoje, no fundo imobiliário, ela pode começar com R$ 1 mil, por exemplo. Já em um imóvel, ainda que seja um [do programa] Minha Casa Minha Vida, são R$ 210 mil aplicados em uma ficha”, diferencia Pisseti, que indica haver vantagens e desvantagens em ambas as modalidades de compra.
Neste ano, por números setoriais, o fundo de investimento pode render mais valorização para investidores e mais dinheiro emprestado a incorporadores. É que, de acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), no país, a construção civil deve gerar uma elevação no PIB na casa dos 2%. Se isso acontecer, será a primeira vez em sete anos que o setor supera o PIB geral do país -- projetado para ficar na casa do 1%.
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