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Projeto-piloto atende mais de 80 pequenas cooperativas na RMC.
Projeto-piloto do Senar-PR atende 82 pequenas propriedades na Região Metropolitana de Curitiba.| Foto: Divulgação/Faep/Senar-PR

Segundo maior produtor do agro brasileiro, o Paraná superou as 47 milhões de toneladas de grãos produzidos no ciclo 2022/23. O estado que alcançou um Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de R$ 191,7 bilhões também é considerado um exemplo de tecnificação pecuária, agregando valor aos produtos transformados. Ali está o maior plantel estático de aves do Brasil e o segundo maior de suínos, além de ser o segundo em produção e leite, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Com dados tão relevantes à economia agrícola, cenário no qual 78% das propriedades são consideradas de pequenos módulos ligados à agricultura familiar, é difícil imaginar que haja um número tão elevado de produtos que tem pouca ou nenhuma assistência técnica. Mas no Paraná existem 92 pequenas cooperativas que sofrem com a falta deste trabalho de campo.

Segundo a Confederação Nacional da Agricultura e Agropecuária (CNA), a assistência técnica “é o conjunto de atividades que permitem a comunicação, capacitação e a prestação de serviços aos produtores rurais, tendo em vista a difusão de tecnologias, gestão, administração e planejamento das atividades rurais preservando e recuperando os recursos naturais disponíveis”.  Na teoria, é a orientação e o acompanhamento diário aos produtores. Na prática, o desempenho que eles terão ao plantar, colher e comercializar, tornando-se sustentáveis.

E a agricultura familiar paranaense enfrenta uma importante deficiência em alguns segmentos. A avaliação vem da própria Secretaria de Estado da Agricultura de Abastecimento (Seab) e da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep/Senar). Foi analisando justamente esses aspectos que o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, no Paraná (Senar), vinculado à Faep, iniciou um projeto-piloto para fornecimento de assistência técnica aos produtores que mais necessitam no estado.

Focado anteriormente nas capacitações e no empreendedorismo, o segmento vai preencher uma importante lacuna no campo que não consegue mais ser suprida pelo Estado, diante da falta de profissionais e de estrutura. O presidente da Faep/Senar, Ágide Meneguette, conta que o órgão passou por essa reestruturação nacional e que o Paraná é o último estado a adotar a metodologia por ter entendido, até então, que os serviços fornecidos eram suficientes, sobretudo aqueles desempenhados pelas grandes cooperativas do agro.

O Paraná é sede de cinco das dez maiores cooperativas agrícolas do país e responde por um terço de todo o faturamento do segmento nacional, que movimenta cerca de R$ 200 bilhões, segundo a Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar).

Ao se aprofundar, foi possível identificar uma debilidade significativa ligada às pequenas cooperativas. Com isso, o Senar resolveu colocar em prática um projeto-piloto para atendimento a pequenos produtores pouco ou completamente desassistidos nas metodologias diárias do cultivo.

Projeto-piloto atende 82 pequenas propriedades em 4 municípios

O programa de Assistência Técnica e Gerencial do Senar está fazendo o acompanhamento do produtor e da propriedade, com técnicas de cultivo e manejo e informações burocráticas. Isso será assim por dois anos. Esse é o período que o técnico vai a campo com o acompanhamento periódico.

Segundo Meneguette, por enquanto o projeto-piloto é desenvolvido em quatro municípios da Região Metropolitana de Curitiba: Mandirituba e São José dos Pinhais (com foco em morango), Cerro Azul e Rio Branco do Sul (com foco em mandioca de mesa). São 82 pequenos produtores nesta fase do programa, mas não deve parar por aí. “Durante esse período são feitas as visitas técnicas, orientações, colheita de dados e informações, para identificar as principais necessidades e, então, avaliarmos o programa e expandirmos para todo o Paraná”, destacou.

O ponto crucial para iniciar o trabalho no campo foi a identificação de que 92 pequenas cooperativas de produtores precisavam, e muito, de ações como essas. “Foi então que pensamos em como ajudar esses pequenos produtores e nasceu o projeto-piloto pelo qual estamos apurando todos os problemas que podem existir na propriedade, desde questões relacionadas ao cultivo até a comercialização e questões tributárias, como resolver tudo isso. O trabalho é feito de forma gratuita ao produtor rural”, explicou Meneguette.

Assistência técnica ao produtor tem longo caminho a percorrer

Segundo o presidente da Faep, o trabalho que vinha sendo desenvolvido com a assistência técnica por todo o Paraná não caminhava como deveria e havia muita reclamação de produtores. Aí entrou o Senar. “Vamos tentar organizar esse sistema. Começamos pequenos com o projeto-piloto, mas vamos analisar quais são as deficiências. Já estamos num trabalho de análise de informações dessas pequenas propriedades para que, em 2024, possamos expandir”, projeta.

No Paraná, o serviço público em assistência técnica é desenvolvido pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR), a antiga Emater. Um número crescente de profissionais se aposentando e a falta de concursos periódicos transformou o setor em um braço defasado de acompanhamento ao produtor. O secretário de Agricultura do Paraná, Norberto Ortigara pontuou, no entanto, que é uma guinada importante a que vem sendo realizada pelo Senar e a Faep.

“O Senar nunca quis entrar na prestação de serviço em assistência técnica, ficou muito tempo focado, corretamente, em capacitação em questões ligadas ao dia a dia da propriedade rural, mas é importante esse trabalho que passou a desenvolver. Nós, no Estado, estamos na reta final para contratação de 455 novos profissionais que vão auxiliar aqueles que estão no campo e não podem pagar pela assistência técnica e extensão rural”, informou.

Entre os profissionais que o estado do Paraná vai contratar, 123 são para a área de pesquisa e os demais colaboradores diretos ao agricultor na forma técnica. São técnicos, agrônomos, zootecnistas, engenheiros de pesca, florestais, de alimentos entre outros profissionais afins. “Esse conjunto de novos colaboradores vai fortalecer minimamente aqueles que, mais uma vez, não podem contratar este profissional e que precisam muito dele”, destacou o secretário. A expectativa é para que o novo corpo técnico da Seab esteja em atividade nos próximos meses.

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