• Carregando...
Soja: região mais afetada no PR concentra 650 mil hectares de onde são colhidas 2,7 milhões de toneladas
Região mais afetada no Paraná concentra 650 mil hectares de onde são colhidas 2,7 milhões de toneladas de soja| Foto: Gilson Abreu/AEN

A Portaria 840 editada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no mês de julho, apenas dois meses antes do início do plantio da soja, derrubou para 100 dias a janela para semeadura da oleaginosa em todos os estados produtores do país. Antes, o período era de 140 dias.

A decisão, que pegou líderes do setor produtivo e agricultores de surpresa, vai afetar em cheio o Paraná, segundo maior produtor do grão no país, com colheita de 22,5 milhões de toneladas no ciclo 2022/2023. O total representa 14,5% da produção nacional, que foi de 154,6 milhões de toneladas na última safra.

Segundo o secretário paranaense da Agricultura, Norberto Ortigara, a condição pode impedir o cultivo de uma área de cerca de 650 mil hectares no sudoeste do estado, onde a produção é de 2,7 milhões de toneladas do grão. Considerando a cotação média da saca nesta semana, isso representaria uma perda de receita de cerca de R$ 6 bilhões.

“Se o calendário de 100 dias for mantido, no sudoeste do Paraná, que costuma plantar mais tarde, não poderá plantar. Já pedimos ao Mapa para que o calendário antigo seja retomado”, criticou.

Pela nova previsão, o zoneamento no Paraná é de semeadura de 11 de setembro e 19 de dezembro. Antes, o prazo se estendia até meados de janeiro. “Plantar mais tarde até pode, mas aí o agricultor fica descoberto de seguro, de uma série de coisas. É um risco a mais que não sabemos se ele vai correr”, completou.

O presidente da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep/Senar) Ágide Meneguette, afirmou que a medida é preocupante porque, além da redução de área e do não ganho dos produtores, afeta em cheio o planejamento na propriedade rural.

Dois meses antes do plantio, como foi a definição do calendário, sementes e insumos para a safra de verão já estão devidamente comprados. “Também já pedimos ao Mapa o retorno do calendário antigo ao custo de termos muitos prejuízos no campo”, reiterou.

Prazo menor é justificado para se evitar ferrugem asiática na produção de soja

A justificativa dada pelo Ministério da Agricultura para encurtamento do prazo é para adoção de “estratégias de manejo da ferrugem asiática na produção de soja”. O órgão pontua que segue recomendação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), “com o propósito de se evitar epidemias severas da doença durante a safra”.

Norberto Ortigara rebate a informação. Ele lembra que o Paraná já adota medidas fitossanitárias de prevenção. O vazio sanitário da soja no estado se inicia em meados de julho e segue até meados de setembro. Neste período fica proibida a manutenção ou semeadura do cereal nos 399 municípios do território, sob pena de multa e até interdição da área para cultivos futuros.

Correção

O texto original mencionava que "considerando a cotação média da saca nesta semana, isso representaria uma perda de receita de quase R$ 6 milhões". O cálculo correto se refere a R$ 6 bilhões, como traz o texto atual.

Corrigido em 29/08/2023 às 09:51
0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]