Terminal da Ponta do Félix, em Antonina, pertence ao complexo administrado pela empresa pública estadual Portos do Paraná| Foto: Divulgação / Porto de Antonina
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Apostar em cargas customizadas e de alto valor agregado para atender as exportações e importações de produtos especiais é a aposta do porto de Antonina, no Paraná, para crescer. É um dos poucos portos brasileiros, e o único no Paraná, apto a exportar farelo de soja não-transgênico por ter as condições adequadas para evitar a contaminação cruzada.

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Habilitado desde 2016 para essa exportação, na última semana o Terminal Portuário da Ponta do Félix (TPPF) [o nome do porto de Antonina] passou por uma nova auditoria e teve a licença renovada. Anualmente, 300 mil toneladas de farelo de soja não transgênico são embarcadas com destino ao mercado externo.

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“A vocação do Terminal Portuário da Ponta do Félix é operar cargas complexas, que exigem cuidados especiais”, explica o diretor presidente Gilberto Birkhan. Ele conta que, além do farelo não transgênico, outros produtos movimentados são fertilizantes (importação) e açúcar ensacado (exportação). “São volumes menores comparados aos movimentados em outros terminais, mas são cargas de maior valor”, diz.

Ampliando o leque de produtos especiais e diferenciados, esse ano o Porto de Antonina começou a exportar pellets de cana. O material é resíduo de usinas de produção de açúcar e etanol, que saiu do Brasil e teve como destino o porto de Imminghan, no Reino Unido.

Outra novidade esse ano foi a primeira importação de malte. Foram 15 mil toneladas importadas da Austrália para atender as cervejarias do Paraná. Ao longo do ano serão importadas 100 mil toneladas do produto.

Além disso, big bags - que são contentores maleáveis usados para o transporte de volumes pequenos e médios de produtos em pó, granulados ou até líquidos – foram exportados para a Venezuela contendo farinha de milho, arroz, açúcar, farinha de trigo, fubá, creme vegetal, macarrão e semente de milho. “No Brasil, tradicionalmente se exporta muita commodity. Quando conseguimos uma maneira de viabilizar a exportação de produtos processados, agregamos muito valor à operação”, pontua.

Estrutura e agilidade de porto menor atraem clientes

“O TPPF tem algumas características que beneficiam em muito a operação. A principal delas é o controle do line-up, a fila de navios”, destaca Birkhan. Segundo ele, isso é viável porque um único operador portuário atua no local. “Tudo é muito planejado. Sabemos como estará a fila, o tempo que o navio vai levar para carregar ou descarregar e o impacto nos navios futuros", afirma.

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Esse foi o principal motivo que levou a Golden Agri a optar pelo TPPF para a exportação de açúcar ensacado. “Escolhemos Antonina por conta da eficiência, da agilidade e do nível de transparência do porto”, explica Felipe Ferraz, diretor geral da Golden Agri no Brasil. Para ele, os maiores problemas dos terminais portuários são as filas de navios e os atrasos que ocorrem por operarem volumes muito grandes. “O Porto de Antonina consegue controlar melhor isso e trabalhar com uma fila adequada”, afirma.

A Golden Agri é uma multinacional, com sede em Singapura e uma das maiores traders de óleo de palma do mundo. No Brasil, atua apenas com exportação de açúcar. Desde o ano passado, já embarcou pelo TPPF quatro navios e o quinto chega na primeira quinzena de junho para levar açúcar para a África.

Investimentos vão dobrar capacidade do terminal de Antonina

O TPPF tem dois berços de atracação para navios de até 200 metros de comprimento. Atualmente são movimentadas um milhão de toneladas de produtos por ano, podendo chegar a duas milhões de toneladas. Hoje o terminal conta com mais de 60 mil metros quadrados de infraestrutura de armazenagem, com capacidade estimada de 200 mil toneladas estática e está com obras de expansão em andamento.

Seis novos silos para cereais, cada um com capacidade para 10 mil metros cúbicos devem ser entregues em dois meses. E um novo armazém para fertilizantes, com capacidade para 120 mil toneladas deve ser concluído em um ano.  “As obras estão atrasadas por conta da escassez de matéria-prima e de todos os cuidados necessários e restrições impostas pela pandemia”, justifica o presidente.

“Antonina está encontrando sua vocação nos últimos anos”, observa Birkhan. Ele conta que o porto nasceu, em 2000,  para atuar na exportação de congelados em porões de navios. “Com o tempo essa carga migrou para contêineres, passando a ser exportada por Paranaguá e há dez anos o TPPF quase fechou por conta disso”, lembra. Segundo ele, foi a partir daí que o porto de Antonina passou a focar em produtos diferenciados, explorando um novo nicho de mercado.

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O porto Antonina é uma concessão da iniciativa privada desde o começo. O contrato de concessão é de 1995, quando o terminal começou a ser construído, com investimentos unicamente da iniciativa privada. O contrato de concessão vai até 2037.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]