O casal Iraci e Loreni Cattani, pequenos produtores rurais de Santa Helena, no Oeste do Paraná, está realizando um sonho: levar os produtos coloniais que produz para grandes mercados, além do seu próprio município.
Há 10 anos donos da Charcutaria Cattani, eles produzem linguiça, salame e bacon, entre outros itens, seguindo receitas tradicionais da família. Os produtos contêm o mínimo de aditivos químicos, apenas para garantir a conservação, e ainda têm um diferencial: são defumados com lenha de árvores frutíferas, o que garante mais qualidade e sabor.
No ano passado, os produtos começaram a ser vendidos fora de Santa Helena, o que só foi possível com a conquista do selo Susaf-PR (Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agroindustrial Familiar e de Pequeno Porte no Estado do Paraná).
O sistema, implantado em abril de 2020, desburocratizou a comercialização dos produtos de origem animal, que antes, para serem vendidos fora do município, demandavam o registro no Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Paraná (SIP/POA).
A diferença é que no SIP/POA os requisitos são mais numerosos, com demandas e exigências próprias para empresas de médio e grande porte, enquanto no Susaf-PR as empresas têm essas exigências mais simplificadas, uma vez que continuam com o registro no Serviço de Inspeção Municipal.
“Não abrimos mão da qualidade e do controle sanitário rígido dos produtos”, garante a médica veterinária Mariza Koloda Henning, gerente da inspeção de produtos de origem animal da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), que concede o selo Susaf.
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Mariza explica que a intenção ao criar o Susaf foi dar perspectivas melhores para a agricultura familiar que, apesar de ter produtos de qualidade e cumprindo todas as exigências sanitárias, tinha limitação de crescer por não poder expandir as vendas além do município.
Com o selo Susaf, os embutidos produzidos pela família Cattani já estão presentes em 20 municípios da região Oeste, chegando inclusive a grandes redes de supermercados de Cascavel e Toledo. “Queremos nos próximos dois anos chegar a Curitiba”, planeja Loreni.
Ela conta que com o Susaf, a produção passou de 300 para 4 mil quilos por semana. Foi preciso contratar mais cinco funcionários (hoje totalizam 16) e comprar um caminhão refrigerado para transportar os produtos para distâncias mais longas. Todo o investimento, segundo o casal, valeu a pena porque os produtos têm alto valor agregado e já impactaram na melhoria da renda familiar.
Quem também se beneficiou com o Susaf foi Roseli Piekas Capra, proprietária da queijaria Vida Lat, de Francisco Beltrão, no Sudoeste. “Fomos a primeira queijaria a receber o selo Susaf”, orgulha-se. O selo trouxe prosperidade ao negócio que já é tradição na família, passando de geração a geração, a produção de queijo colonial.
O produto, que antes era vendido apenas em Francisco Beltrão, agora está em vários municípios do Sudoeste e começa a expandir para outras regiões. “Um empório de Maringá, no Noroeste do Paraná, já comercializa nosso queijo”, comemora Roseli.
Ela conta que a produção até agora aumentou pouco, de 50 para 60 quilos de queijo por dia, mas a propriedade tem potencial para dobrar a produção. “Para isso, estamos planejando aumentar o plantel de vacas leiteiras em 2022”, diz.
Quinze pequenos empreendimentos já têm o selo Susaf
Desde que foi implantado, o Susaf já credenciou 15 pequenos estabelecimentos de nove municípios (Barracão, Cascavel, Dois Vizinhos, Francisco Beltrão, Itapejara do Oeste, Mauá da Serra, Salgado Filho, Santa Helena e Santa Izabel do Oeste). O selo é válido apenas para empreendimentos da agricultura familiar que se dedicam à produção de derivados de origem animal (carne, leite, pescado, mel e ovos).
O primeiro passo para conquistar o selo Susaf é ter o selo do Serviço de Inspeção Municipal. “Antes de encaminhar o pedido para o Susaf, avaliamos se o empreendimento cumpre todas as exigências legais e se tem condições de tirar o produto do seu município e levar para outro sem comprometer a qualidade”, diz o médico veterinário Sidney Pasqualetto Júnior, coordenador do SIM/POA de Francisco Beltrão.
Segundo ele, a inspeção é rigorosa, com visitas semanais aos empreendimentos. “Tem que provar que o produto vai chegar ao consumidor final com a mesma qualidade que tem na propriedade”, reforça o veterinário.
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