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Vacinação de reforço tem visto queda nos números em relação ao esquema inicial e preocupa autoridades.
Vacinação de reforço tem visto queda nos números em relação ao esquema inicial e preocupa autoridades.| Foto: Albari Rosa / Foto Digital/Gazeta do Povo

Passados mais de dois anos do início da pandemia e quase um ano e cinco meses do início da vacinação contra a Covid-19, o Paraná vê os números de vacinação de reforço (3ª dose) avançarem de forma muito lenta. E, justamente em um momento em que os casos voltam a subir, a vacina é a principal defesa contra episódios mais graves da infecção, conforme ressalta a Secretaria de Estado da Saúde e a campanha nacional de vacinação.

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No começo deste mês, a Secretaria de Estado da Saúde fez um alerta para a queda na procura pela vacina contra Covid-19 pelo terceiro mês consecutivo, em abril, segundo dados do Vacinômetro Nacional. Se em janeiro houve uma corrida pelas vacinas devido à chegada da variante Ômicron ao país e por ser o prazo para a segunda dose de crianças e adolescentes, “nos meses seguintes os números só baixaram. Em abril, pouco mais de 856,3 mil doses foram aplicadas no estado, quase 54% a menos do que janeiro (1,8 milhão). Foram, ainda, 1.525.048 em fevereiro e 1.099.093 em março”, informou a secretaria à época.

“A baixa procura pelos imunizantes contra a Covid-19 se deve, em grande parte, à falsa sensação de proteção. Também tem o fator calendário: muitos que tomaram as duas primeiras doses interromperam as visitas aos postos de saúde para as doses adicionais”, disse o secretário de Estado da Saúde César Neves, alertando para a importância do reforço.

Com 8,7 milhões de habitantes elegíveis para a vacina de reforço para a Covid-19, o Paraná tem cerca de 4,3 milhões de habitantes que ainda não tomaram essa dose até o momento, quase metade das pessoas acima dos 18 anos. A faixa de adolescentes, entre 12 e 17 anos, que compreende 936 mil indivíduos, começou a receber os reforços na última segunda-feira (30), segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). As crianças, de 5 a 11 anos, somam 1,1 milhão, e ainda não tiveram liberada a aplicação da dose de reforço.

Os municípios e a corrida pela imunização

Mas quem ainda não tomou a vacina de reforço até agora no Paraná? Entre as 10 maiores cidades do estado, São José dos Pinhais e Guarapuava têm os números mais baixos, com 16,75% e 3,37% da população total com a dose de reforço aplicada, conforme dados disponíveis no Ranking da Vacinação da Sesa. As secretarias municipais de saúde das prefeituras foram contatadas pela reportagem, mas não retornaram até o momento da publicação.

Por outro lado, entre os municípios que mais vacinaram estão Maringá (64,50%), Curitiba (61,58%) e Londrina (55,30%). Há cidades que já avançam em relação à quarta dose, ou dose adicional. Nesse caso, destaque para Cascavel, com 8,04% do público vacinado; Curitiba, 5,89%; e São José dos Pinhais, 5,15%.

Homens e jovens são os que menos buscaram reforço

Os homens são o gênero dos que mais faltaram à dose de reforço, pois apenas 48% dos que completaram o esquema inicial (duas doses ou dose única) fizeram a dose de reforço, segundo a Sesa. Esse número fica atrás das 56% das mulheres que voltaram pra tomar a também chamada terceira dose. Isso, em números absolutos, dá cerca de 600 mil mulheres a mais com reforço em relação aos homens no Paraná. No esquema inicial já havia essa diferença entre gêneros, com 10% dos homens que fizeram a primeira dose não voltando para a segunda, contra 8,5% entre as mulheres.

Os mais novos também são os que menos têm recorrido às doses de reforço, com 39% entre os indivíduos entre 21 e 25 anos que fizeram o esquema inicial completo; 44% entre 26-30 anos; e 49% entre 31-35 anos. Os números ficam muito aquém dos 98% entre 71 e 75 anos e de 84% na faixa entre os idosos mais jovens, entre 61 e 65 anos.

O fato de entre os mais jovens, abaixo dos 50 anos, a taxa de vacinação de reforço ser ainda muito mais baixa que em idosos, segundo Heloísa Hihle, presidente da Regional Paraná da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), poderia ser explicado pela situação de que adultos e adultos jovens, em geral, não têm uma rotina de vacinação. “Muitos desconhecem que existem vacinas para a faixa de adultos e adultos jovens e somou-se a isso também a ideia de que a Covid-19 se tornou uma doença menos grave, então é uma faixa etária que precisa de campanhas de conscientização mais direcionadas”, afirma.

Heloísa teme que esse movimento de distanciamento da vacinação contra a Covid-19 continue ocorrendo a longo prazo, como vem acontecendo com a imunização contra outras doenças, como o sarampo, desde 2016 - cenário agravado com pandemia. E ela ressalta que isso pode ser perigoso. “Ainda há dúvidas sobre duração da imunidade que a vacina [contra a Covid] confere, então não dá para dizer que a doença está sob controle e, também, como a saúde das pessoas vai se comportar a futuras exposições a possíveis novas variantes, se ainda teremos altos níveis de anticorpos quando ocorrer”, explica.

Problema é ainda mais sério para quem tem comorbidade

Há casos ainda mais delicados. Entre as comorbidades, que são doenças que acabam pesando no prognóstico quando há infecção pelo novo coronavírus, de todos os obesos graves com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 40, só 43% voltaram fazer o reforço. A lista segue com 37% dos que têm pneumopatias crônicas graves com proteção "completa"; 57% dos imunocomprometidos; e 51% dos hipertensos e diabéticos.

Nessas situações, segundo Heloísa, é incompreensível que pessoas com comorbidade não busquem, o quanto antes, a imunização necessária. “A vacinação conta a Covid é fundamental para quem tem doenças de base visto que, por exemplo, como pneumopatas têm capacidade pulmonar e oxigenação reduzidas, em caso de infecção respiratória viral, como influenza e principalmente Covid-19, pode haver uma redução ainda maior da capacidade pulmonar, aumentando risco de complicação e de necessidade de ventilação mecânica ou suporte de oxigênio por mais tempo, com maior risco de complicações mais graves”, opina.

Curitiba também viu queda

Na maior cidade do estado, com uma população elegível para a vacinação contra a Covid-19 estimada em 1,83 milhões, a adesão também cai a cada fase. Se 93,6% receberam ao menos uma dose (primeira dose ou dose única), 88% foram considerados totalmente imunizados (com duas doses ou dose única). “A taxa de abandono de usuários que não compareceram para a segunda dose está em 6,6% (114 mil pessoas). Já a taxa de abandono da primeira dose de reforço (terceira dose) está em 36,5% (563,9 mil)”, cita a Secretaria Municipal de Saúde, consultada pela Gazeta do Povo.  A convocação à imunização segue sendo realizada gradativamente.

Segundo a secretaria, apesar de o curitibano ter aderido muito bem à vacinação contra a Covid, essa queda nas fases seguintes pode ter sido causada, em parte da população, “por uma sensação enganosa de que não há mais riscos”, cita, assinalando que a pandemia não acabou e que manter as repescagens permanentes para que as pessoas completem seus esquemas vacinais com as doses de reforço tem sido essencial para manter a proteção ao vírus em alta.

No Paraná, 96% dos elegíveis tomaram a 1ª dose, número que caiu para 87% para a segunda dose, sendo que 3,2% tomaram a dose única. Cerca de 1,3 milhão deixaram de completar o esquema inicial com a segunda dose, quase 12% do total da população elegível para a vacina.

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