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Por que a “força de trabalho” torna o Paraná menos competitivo?
| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Há quatro anos entre os cinco melhores estados do Ranking de Competitividade do Centro de Lideranças Públicas (CLP) – uma ONG suprapartidária de caráter desenvolvimentista –, o Paraná claramente tem potencial para escalar posições. Hoje, paranaenses vivem na quarta unidade da federação (entre as 27) com melhor desempenho no levantamento de 2019, divulgado em outubro. Mas já chegou a ser vice-líder, em 2016. Uma série de gargalos, porém, trava uma tentativa de ultrapassar Distrito Federal, Santa Catarina e São Paulo, estados imediatamente à frente na listagem.

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O ranking é feito com base em pontuação em um conjunto de indicadores. Se em alguns deles, como “déficit carcerário” e “sucesso da execução orçamentária”, em que o estado ocupa algumas das piores posições no país, a solução é mais objetiva e passível de mudança em curto prazo, em um, especificamente, sofre com uma realidade que dificilmente será revertida. O Paraná é apenas o 24º do ranking em “crescimento potencial da força de trabalho”. O item avalia a mão de obra disponível para os próximos dez anos.

Nesta edição, a nota do estado foi pior do que em anos anteriores: 13,4 ante 21,6 (2018) e 21,2 (2017). Para chegar a esta pontuação, o CLP analisa dados populacionais e cruza com a expectativa anual da População em Idade Ativa (PIA) – pessoas entre 15 e 64 anos que, pelo menos na teoria, estão aptas a participar do mercado de trabalho – divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em termos de PIA, o estado não segue toada tão diferente do resto do país. Por aqui, essa população hoje representa 69,4% da população do estado, com tendência a diminuir em 2020 para 66,5%. No Brasil, a média atual é de 69,4%, mas cairá para 67,7% em 2029. Mesmo os líderes do ranking não escapam da tendência de queda: Em São Paulo, de 69,9%, a PIA reduzirá a 67,3% em 2029, pelas estimativas do IBGE.

A questão, de acordo com o gerente de competitividade do CLP, José Henrique Nascimento, tem muito mais a ver com a densidade populacional (divisão do número de habitantes pela área) dos estados. “Se você observar bem, os primeiros estados, que ocupam as melhores posições neste quesito, são os da região Norte. Eles têm uma densidade demográfica menor do que os demais e, com isso, uma potencialidade de crescimento desta força de trabalho”, explica.

De acordo com os números, Roraima lidera neste indicador. O estado recebe nota 100 em “crescimento potencial da força de trabalho”. De acordo com o IBGE, sua densidade populacional é de apenas 2,33 habitantes por quilômetro quadrado. No Paraná, esse número é de 56,80.

“Estados que estão mais desenvolvidos acabam sendo penalizados neste indicador”, explicou Nascimento. “Há a percepção de organizações multilaterais, como bancos de desenvolvimentos e fomentos, e investidores de que é ok instalar uma empresa em um estado com condições de ambiente de negócios mais estável [caso do Paraná]. Mas eles também acabam procurando oportunidades, como apostar em um estado com a densidade populacional menor avaliando que, se esse ele fizer tudo certinho, conseguir trazer as condições mínimas de qualificação, de desenvolvimento, há um potencial de crescimento maior do que em um estado que já está com a força de trabalho no limite”.

Para suplantar essa condição desfavorável, o CLP avalia que cabe aos estados desenvolvidos continuar trabalhando em outras frentes capazes de desenvolvê-los economicamente. Ou, basicamente, melhorar em outros indicadores para diminuir o prejuízo neste. “O mais importante é que o estado procure maior crescimento do seu mercado, do seu PIB. Dessa forma, se ele for penalizado pelo seu desenvolvimento e sua densidade demográfica, [sair-se mal no quesito de crescimento da força de trabalho] não será um grande problema”, diz o gerente de competitividade da ONG.

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