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O Paraná como celeiro alimentar do mundo e central logística da América do Sul foram destaques do governador Ratinho Junior em evento promovido pela Gazeta do Povo
Governador do Paraná, Ratinho Junior, diz que ainda está muito cedo para pensar em 2026.| Foto: Rodrigo Sampaio/Hands/Gazeta do Povo

O bom humor e o cenário de descontração durante o show de Chitãozinho e Xororó, no Hotel Mabu, em Foz do Iguaçu (PR), no último fim de semana, quando a dupla sertaneja "lançou" o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), como candidato a presidente, pode ser muito mais do que apenas uma cortesia ou um afago dos cantores paranaenses ao conterrâneo do Norte do Estado.

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Pelo menos o assunto está na pauta e a candidatura para 2026 não está descartada, garantem articuladores políticos e lideranças empresariais ouvidas pela Gazeta do Povo.

Quem esteve no evento na fronteira disse que a possibilidade de Ratinho alçar voos mais altos não está fora do radar. Muito pelo contrário. O líder paranaense estaria aproveitando o bom momento de projeção nacional, com grandes e importantes atos de repercussão, como a privatização da Copel e o leilão do lote 1 do novo modelo de concessão de rodovias, ambos em agosto, para dialogar com eleitores de direita em temas relevantes, como a desestatização dos serviços com mais investimentos privados e menos controle estatal.

“Ele está na mídia nacional e se tornou um nome importante na centro-direita. Esse é um entendimento já formado e que começa a ganhar mais projeção, inclusive entre possíveis apoiadores”, disse um líder político que participou do evento.

O governador Ratinho Junior não foi ao Oeste do Paraná, exclusivamente, para o show sertanejo, mas para cumprir agenda na cidade de Foz do Iguaçu com inauguração de obras e encontros oficiais. Teria aproveitado a visita para acompanhar o show sertanejo no hotel de luxo.

A boa avaliação no Paraná e a projeção para o Brasil

Na prática, Ratinho Junior tem sido comedido ao comentar publicamente as intenções políticas com relação às Eleições 2026. Reeleito governador do Paraná com 70% da preferência do eleitorado, no primeiro turno em 2022, como um dos governadores mais bem votados entre as 27 unidades da federação, Ratinho mantém a aprovação dos eleitores paranaenses quase um ano depois do último pleito eleitoral. Em junho deste ano, ele teve a melhor avaliação em pesquisas feitas nas 10 maiores capitais do país, com 70% de aprovação do governo.

Na época, ao comentar o desempenho da pesquisa, o líder do PSD na Assembleia Legislativa do Estado do Paraná (Alep), Luiz Cláudio Romanelli disse que “Brasília ainda vê o Paraná como uma província”, mas ressaltou que Ratinho é o governador da quarta economia do país e tem características importantes para articulação e governança no poder público. "Uma das grandes características dele é construir soluções na base do diálogo, o que é fundamental. Ele tem adotado soluções inovadoras para deixar a gestão do estado do Paraná mais moderna. É uma candidatura muito importante para todos nós paranaenses, sem dúvidas”, avaliou.

Ratinho Junior, Tarcísio ou Zema?

Entre os principais motivos para a cautela de Ratinho Junior, que se esquiva sobre os planos para daqui três anos, estaria o risco de qualquer ato poder ser considerado como propaganda eleitoral antecipada. Somado a isso, também existe o risco de um desconforto político que o tema poderia causar na recente aproximação entre Ratinho, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o governador das Minas Gerais, Romeu Zema (Novo).

Os três aparecem como possíveis nomes para enfrentar Lula e o PT nas próximas eleições presidenciais, principalmente após a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que tornou Jair Bolsonaro (PL) inelegível por oito anos.

Em agosto deste ano, durante um evento organizado pelo grupo empresarial Lide Paraná, Zema disse que prefere “apoiar do que ser apoiado”, em referência à próxima corrida eleitoral. Além disso, o governador mineiro também se esquivou do assunto ao comentar que ainda faltam três anos para o pleito nacional.

Questionado pela Gazeta do Povo durante a coletiva de imprensa sobre o resultado do leilão do lote 1 do pedágio na B3 em São Paulo, Ratinho Junior usou o mesmo argumento do "tempo" para não responder sobre as intenções de entrar na lista de presidenciáveis para 2026.

“É daqui três anos e meio ainda. Meu compromisso é entregar o que me comprometi com a população do Paraná. Esse é o projeto número um e enquanto eu não vencer todos os projetos da etapa número um não posso pensar na etapa número dois (outros cargos eletivos em 2026)”, declarou.

Um dos nomes mais cotados pela direita é do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que foi ministro de Infraestrutura e Transportes no governo de Bolsonaro.

O secretário de Projetos Estratégicos do governo paulista, Guilherme Afif Domingos, afirmou, em entrevista à Gazeta do Povo, que existem muitos nomes à sucessão de Bolsonaro, mas a política tem fila e precisa ser respeitada. "O Tarcísio é um talento e uma revelação, mas ele tem que ter um tempo de maturação da sua imagem", declarou em junho.

Por que lançar Ratinho Junior à presidência?

Mas, afinal de contas, por que Chitãozinho e Xororó lançaram o nome de Ratinho Junior para a presidência da República? Pessoas no entorno do chefe do Executivo paranaense lembram que a dupla sertaneja é próxima da família há décadas, principalmente do pai do governador, o apresentador de TV Ratinho.

“A aproximação da família com o meio sertanejo poderia trazer muita gente do segmento para apoiar o Ratinho Junior”, reconheceu um interlocutor. Nas eleições de 2018 e durante os quatro anos do governo de Bolsonaro, muitas duplas se colocaram ao lado do então presidente.

Mesmo reforçando que não irá se meter na gestão política do filho, em junho de 2022, na convecção estadual do PSD no Paraná e às vésperas de Ratinho Junior se lançar à reeleição ao governo estadual, Ratinho pai chegou a afirmar, emocionado, que seu sonho era ver o filho como candidato a presidente em 2026.

PL desconversa sobre troca de partido de Ratinho

Questionado sobre o boato de que Ratinho poderia deixar o PSD e se candidatar pelo partido de Bolsonaro, o PL do Paraná afirma que não enxerga qualquer possibilidade da candidatura de Ratinho Junior se dar pela sigla. Uma das lideranças do Partido Liberal no estado, o ex-deputado federal Paulo Martins, afirmou que o assunto jamais foi debatido dentro do partido. “Desconheço qualquer conversa neste sentido.”

Há quase um mês, em entrevista à Gazeta do Povo, Martins já havia sugerido o nome de Ratinho Junior como um presidenciável, junto com Romeu Zema e Tarcísio de Freitas. Do quadro do partido, efetivamente, Martins citou outra postulante, representante da família do ex-presidente Bolsonaro, que segue como o principal nome da direita brasileira. “A ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro, surge, sim, com um potencial eleitoral muito abrangente. Pode ser que o partido dê essa chance a ela”, disse, na ocasião.

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