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Professora Regina Ogliari faleceu no dia 13 de fevereiro, em decorrência de um AVC
Professora Regina Ogliari faleceu no dia 13 de fevereiro, em decorrência de um AVC| Foto: Arquivo da família

A professora aposentada Regina Maria do Nascimento Ogliari começou a lecionar em um tempo em que as crianças saíam da escola ao menos com conhecimento básico sobre música. Para ela, estava perfeito, pois era apaixonada por ensinar esta parte específica das artes. Quando o currículo das escolas mudou e a Educação Artística passou a integrá-lo, ampliando o leque de assuntos tratados em sala de aula, ela se adaptou, sem perder a musicalidade. Regina faleceu no dia 13 de fevereiro, aos 77 anos, por complicações de um AVC.

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Regina também era da época em que, na fase de aprendizado, cada criança escolhia um instrumento musical para tocar e se aprofundar ao longo dos anos. O dela foi o piano. Estudou no tradicional Instituto de Educação do Paraná e depois na antiga Faculdade de Artes do Paraná, atual Universidade Estadual do Paraná (Unespar). Concluiu a formação em piano em 1965. Três anos depois começou a dar aulas em escolas particulares e em seguida foi aprovada em um concurso para professores do estado.

Permaneceu na função até meados dos anos 1980, quando precisou se aposentar por invalidez. Desde jovem, Regina lutou contra diversos problemas de saúde, como uma paralisia facial aos 19 anos e um câncer de tireoide. Em um tempo em que tratar-se com quimioterapia e falar sobre isso era ainda mais pesado do que hoje, ela criou os filhos e ensinou centenas de alunos sobre as belezas da cultura enquanto batalhava pela sobrevivência.

Do canto gregoriano ao hino do Paraná, Regina Ogliari adorava ensinar música

Nesses 20 anos de carreira, passou por diferentes fases do sistema estadual de ensino. Nos primeiros anos, o foco era o estudo regrado da música, com aulas que incluíam canto gregoriano, didática musical, leitura à primeira vista, entre outros temas. Mais tarde, com a mudança curricular, passou a incluir história da arte, desenho geométrico, movimentos artísticos importantes e outros assuntos mais abrangentes sobre arte. Porém, a música permaneceu. Gostava de ensinar os hinos brasileiros, como o nacional, à bandeira e o hino do Paraná.

O giz e o quadro não eram seus únicos instrumentos de trabalho, e negociação também era um deles. Regina integrou a Associação de Professores do Paraná (APP-Sindicato) na época em que a instituição não era um sindicato e ainda não incluía os demais trabalhadores da educação do estado, apenas os docentes. Junto com o marido, o também professor Izaias Ogliari, falecido em 2019, que foi presidente da APP, esteve presente em momentos históricos como a maior greve de professores do Paraná, nos anos 1970.

O casal incansável no trabalho e na criação dos filhos também mantinha um bom relacionamento com governadores e secretários no intuito de conseguir melhorias para a categoria de forma amigável. Além de dar bons motivos para os governantes, como a necessidade de salários e condições dignas, o casal utilizava uma estratégia a mais nessas conversas oficiais. Trazia o lado nostálgico de cada secretário ou governador, buscando as antigas professoras deles e fazendo por meio delas um apelo para que as pautas fossem atendidas. Funcionava.

Quase a vida inteira no mesmo endereço, no Água Verde

Regina viveu dos três anos de idade até seu falecimento no mesmo endereço no Água Verde, na Rua Alferes Ângelo Sampaio. Ali, é conhecida por praticamente todos os vizinhos, em especial os que também têm uma história com o bairro. Muito religiosa, frequentava a Igreja Bom Jesus, amava fazer o bem e ajudar os mais necessitados.

A exemplo dos pais, três dos cinco filhos do casal Ogliari seguiram na docência. Um deles, Cláudio Luís Nascimento Ogliari, caminhou pelas pegadas da mãe no estudo e ensino das artes. Regina frequentou a faculdade de artes grávida dele, e aos quatro anos Cláudio a acompanhava no ofício. Aos sete, iniciava o estudo do piano. “Fui me envolvendo na música e no desenho, hoje sou professor e trabalho com Educação Patrimonial”, relata.

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