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Região Metropolitana de Curitiba
Fazenda Rio Grande teve um crescimento populacional de 82,3% em 12 anos.| Foto: Divulgação/Prefeitura de Fazenda Rio Grande

A alta no preço dos imóveis e o encarecimento do custo de vida nos grandes centros provocou uma espécie de "êxodo" dos moradores das capitais rumo às regiões metropolitanas, que possuem valores mais acessíveis no mercado imobiliário, proximidade das cidades referências e ainda os atrativos da tranquilidade e da qualidade de vida. Esse fenômeno é observado há mais de 10 anos na Região Metropolitana de Curitiba e foi confirmado no último Censo 2022, que mostrou a mesma tendência entre os moradores de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul.

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Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com população de 1,7 milhões de habitantes, a capital paranaense cresceu somente 1,2% no comparativo entre os últimos censos no intervalo de 12 anos. Já a Região Metropolitana de Curitiba registrou um aumento populacional de 10,4%, passando de 3,2 milhões de habitantes para 3,5 milhões, no mesmo período.

De acordo com dados compilados pela Brain Inteligência Estratégica, o município de Fazenda Rio Grande foi um dos mais procurados para compra de casas. A região teve um crescimento populacional de 82,3% em 12 anos. Em 2019, foram 675 casas vendidas. Em 2020, 913 e, em 2021, chegou a 1.141. Campo Largo é outra cidade que tem alta na procura por imóveis. Nos últimos anos, houve uma busca maior por imóveis verticais, ou seja, apartamentos. Em 2020, foram comprados 656. Em 2021, 672 e, em 2022, 1.135.

São José dos Pinhais é outro município próximo da capital paranaense que a demanda por imóveis é percebida nos últimos seis anos, acompanhando o crescimento populacional. Em 12 anos, a cidade cresceu 24,6%, segundo o IBGE. Já o setor de imóveis, registrou mais de 9.600 apartamentos e 1.531 casas compradas entre 2017 e 2022.

O diretor geral da JBA Imóveis, Ilso Gonçalves, afirma que o caminho natural do consumo foi a procura por imóveis nas regiões metropolitanas, pois o custo de vida nas capitais aumentou nos últimos anos. “Curitiba ficou cara porque os terrenos estão caros. Se a pessoa tiver um terreno e quiser ter um prédio, precisa comprar um percentual da prefeitura e um percentual do mercado imobiliário”, diz. Com isso, construir uma moradia na capital tem um preço mais elevado. Há menos terrenos em Curitiba, o que faz aumentar o valor, pois há uma menor oferta, o que valoriza as áreas disponíveis.

“O caminho natural é ir para regiões metropolitanas por ter um preço menor e um terreno maior. A procura em Fazenda Rio Grande é mais por casa. Em São José dos Pinhais, como permite mais prédios, a procura por edifícios é maior e também está começando um movimento de condomínios (horizontais), em que a pessoa compra um terreno para fazer uma casa”, explica Gonçalves.

Segundo o diretor geral da JBA Imóveis, a procura pela região metropolitana é alta por conta dos preços também. “Apartamento novo em Curitiba é difícil achar por R$ 200 mil. Então, o morador vai para a região metropolitana que acaba sendo uma opção com mais espaço e melhor preço”.

O home office, modelo de trabalho vindo pela pandemia, e o deslocamento de empresas e indústrias para as regiões metropolitanas fizeram com que a decisão de sair da capital se tornasse ainda mais viável.  

Região Metropolitana de Porto Alegre também tem maior procura 

De acordo com dados do Censo 2022, Porto Alegre teve uma queda na população em comparação com o Censo 2010. Atualmente, a capital gaúcha tem 1.332.570 habitantes. Mas, em 2010, havia 1.409.351, o que representa uma queda de 5,9%.  

Dados compilados pela Brain Inteligência Estratégica mostram que a procura por casas já é maior nas regiões metropolitanas do que na capital gaúcha. Em Porto Alegre, a baixa na compra de casas começou em 2020. Em 2019, foram 1.525 casas compradas. Em 2020, 674 e, em 2021, 782. Mas no ano passado, a compra foi de 222 casas.

Já nas cidades vizinhas, a procura só aumentou nos últimos anos. Em Canoas, Região Metropolitana de Porto Alegre, a compra por imóveis horizontais foi de 155 em 2020. Em 2022, chegou a 269. Em Cachoeirinha, 963 casas foram vendidas somente em 2020 e, ano passado, o número chegou a 753. Em Novo Hamburgo, o crescimento foi perceptível ao longo dos últimos três anos. Em 2020, 99 casas vendidas. Em 2021, 127 e, em 2022, 295.

Para o estatístico da Brain Inteligência Estratégica, Marcelo Gonçalves, essa tendência já é observada há alguns anos. “Porto Alegre é uma cidade com muita escassez [de imóveis]. As cidades da região metropolitana receberam os mais diversos segmentos, inclusive o alto padrão.  Buscaram maior qualidade de vida, além de localização favorecer os moradores, pois a região tem acesso à praia”, comenta.

“Mas a cidade de Porto Alegre, em 12 anos, teve uma redação de 5,9%, o que é ruim para o mercado imobiliário que depende do crescimento populacional”, acrescentou Gonçalves.

Qualidade de vida: pandemia impulsionou busca por imóveis maiores  

Um quarto somente para escritório, uma sacada no apartamento ou um quintal. Esses foram alguns desejos de consumidores que buscaram uma melhor qualidade de vida durante a pandemia da Covid-19. Com as restrições impostas pela doença, como o lockdown, as pessoas sentiram a necessidade de um espaço maior. Esse movimento gerou uma tendência que foi percebida pelo setor imobiliário.

"A pandemia trouxe a necessidade de um espaço maior. ‘Eu preciso de um jardim, um quintal, uma sacada’. Essa noção de espaço, a pandemia reforçou muito”, afirma Ilso Gonçalves, diretor geral da JBA Imóveis.

O estatístico da Brain Inteligência Estratégica, Marcelo Gonçalves, confirma que a pandemia fez com que as pessoas buscassem uma melhor qualidade de vida. “As pessoas buscam essa qualidade de vida e mudou até o perfil dos imóveis. [Buscam] imóveis mais inteligentes, inovadores, sempre pensando na qualidade de vida”, destaca.

Imóveis na Região Metropolitana podem valorizar nos próximos anos  

Embora a capital sempre terá um valor maior agregado, o diretor geral da JBA Imóveis, Ilso Gonçalves, acredita que a tendência é que os imóveis da região metropolitana valorizem com o tempo.

“A capital vai ficando cara, mas a capital sempre vai ter valor agregado. Mas a região metropolitana pode valorizar e a mão de obra aumentar também”. Para o diretor geral da JBA Imóveis, no próximo Censo pode ser que haja um aumento populacional ainda maior fora de Curitiba.

“A região metropolitana cresceu mais que Curitiba. No próximo Censo poderemos ver que região metropolitana terá mais pessoas do que Curitiba. A capital vai ficando cara”, segundo Ilso Gonçalves.

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